Capítulo 8

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Skyler

Enquanto vejo Kalel comer feito um porco, fico refletindo sobre tudo o que ouvi dele; minha tia está grávida, e ela ajudou os alfas naquela loucura. Uma coisa que sempre aprendi com a minha família é que não devemos fazer nada sem um bom motivo, ela não colocaria a vida do seu filho em risco se não confiasse nos sulistas. Ele também disse que sonhava comigo. Fiquei surpresa, eu sempre pensei que fosse o Liam, mas vejo que estava errada. Querendo ou não isso me dá uma pontada de alívio. Não sabia que poderíamos sonhar com nossos companheiros, na verdade, não sei quase nada sobre essa ligação que nós lobos podemos ter em nossa vida. Sinto medo do que pode acontecer daqui pra frente, é tanta coisa em jogo agora...

— Já estou satisfeito. — Kalel diz encostando-se na árvore com os olhos fechados, satisfeito pela refeição.

— Ótimo, você consegue se ergue agora? — ele tenta se levantar escorando na árvore até consegui ficar em pé com as penas firmas.

— Esse pó desorientador deveria se chamar pó paralisante do inferno. Eu nem sinto minhas pernas perfeitamente, está tudo dormente — resmunga.

— Ele é chamado assim porque deixa os animais sem um ponto de orientação o que os deixam confusos demais para perceber um perigo. Eles praticamente não sabem que caíram em uma armadilha. Já para nós, a toxina tem diversos efeitos, alguns sentem coceiras insuportáveis outros morrem intoxicados, e tem você. — digo o fazendo engolir em seco. — Você tem sorte. — dou de ombro.

— Ah, você pode ter certeza que minha sorte foi ter lhe encontrado. — ele dá um sorrisinho sacana e tenta dá um passo, mas os seus pés vacilam e quando ele ia cair, sem pensar muito, corro e o agarro em um braço firme, na mesma hora, sou banhada pelo seu cheiro de terra molhada, pinheiro ao alvorecer e uma pitada de algo especial que não consigo identificar, mas sei que é só dele e isso que me deixa tonta por um momento. Kalel abraça o meu corpo e põe a cabeça em meu pescoço, respirando fundo o meu cheiro.

— O... o que você está fazendo? — falo um pouco desorientada. Me sinto traída pelo meu corpo.

Droga!

— Eu não estou fazendo nada que você também não queira fazer. — sussurrou, roçando os lábios pela minha pele. Um arrepio percorrer meu corpo e Kalel ri satisfeito com o efeito que tem sobre mim.

Desgraçado!

— Eu só não te largo aqui no chão para ser o almoço de algum cervo porque preciso de você para encontrar minha amiga. Agora mantenha essa cabeça longe de mim — rosno o afastando. Consigo mantê-lo a uma distância segura para voltar ao meu controle.

— Eu não consigo andar. Vou precisar de uma ajudinha.

— Quando chegarmos até o rio você vai ter que manter uma distância de um metro de mim, no mínimo. — ele franze o cenho, indignado.

— Isso é um absurdo! — protesta.

— Esses são os termos. Não há negociação. — pego a minha mochila no chão ponho em um ombro e o braço de Kalel no outro. Empurro com um pouco de força que o necessário, mas isso não parece o incomodá-lo, pelo contrário, ele parece se divertir em me irritar. Caminhamos por alguns minutos a mais que o normal devido ao andar de tartaruga do Kalel, mas logo o alívio me toma quando vejo a correnteza. Eu estava sobre tortura, tendo que estar tão perto do seu cheiro e ele não facilitava, me provocava cheirando o meu pescoço falando palavras sussurradas em meu ouvido, promessas de algo mais. Eu estava soando frio, confusa com esse sentimento estranho que sinto por ele e só faz poucas horas que nos conhecemos. Preciso afastá-lo, tomar o meu controle ou vou enlouquecer.

Alfas em GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora