Capítulo 88

154 22 3
                                    

Megan

— Hum... acredito que essa é difícil. — dedilho os livros antigos da estante até parar em um tão velho que a capa provavelmente foi decomposta há muito tempo. — Qual é o autor do décimo livro da estante número seis? — eu o desafio mordendo os meus lábios para evitar sorrir de excitação. Mark estava nos fundos de costas para mim. Há alguns dias que nos encontramos na biblioteca subterrânea desde o dia em que o vi ferido por aqueles idiotas do colégio. Conhecer Mark Mills era como abrir um baú e descobrir joias raras tão valiosas que seu valor se tornava inumerável a cada dia. Ele era tão inteligente que eu me via nadando com cada palavra que saia dos seus lábios, o seu conhecimento sobre o mundo, as artes que amava e não menos importante, a sua capacidade de decorar tudo o quiser-se até o nome de todos os livros da biblioteca. Às vezes o tédio de está sozinho aqui, obrigava-o a aproveitar seu tempo com coisas mais úteis do que está a frente de um balcão guiando alunos perdidos ou cadastrando-os no sistema de fidelidade.

— Esse é um grimório, um dos mais antigos que já encontramos. Há hipótese que ele foi escrito pelos Mangos, os primeiros bruxos da história. Bem, durante a caça às bruxas muitos desses manuscritos foram destruídos e esse foi um dos poucos que caíram em nossas mãos. — ele diz com confiança. Olho para o livro velho franzindo o cenho.

— Você já leu essa coisa? — pergunto. Imediatamente Mark gira sobre os calcanhares com um olhar descrente, o que eu achava fofo e talvez a ideia de provocá-lo nunca pareça mal.

— Isso não é uma coisa, é um grimório com feitiços — ele se aproxima deixando o seu cheiro preencher o nosso espaço. — Tem pessoas que matariam por essa cópia. — os seus dedos pairam sobre a lombada descamada. — O meu pai a comprou em uma loja de antiguidades na Europa há muito tempo, o preço foi muito abaixo do seu real valor, mas o humano não entendia o que estava escrito. De qualquer forma ele vendeu como se fosse um livro de receitas antigas, mas o meu pai sabia o que era e o trouxe com ele, mas não no intuito de usá-los e sim de evitar que caísse nas mãos de pessoas erradas. A biblioteca foi o único local seguro que ele encontrou para escondê-lo. Nenhum adolescente se interessaria por um livro tão velho e relativamente ele acertou. — dá de ombros. — Foram raras as aparições de alguém minimamente interessado em algum livro aqui em baixo. — ele me olha com um sorriso tímido — eu amo esse sorriso. — ele diz:

— Em relação a ter lido o diário dos bruxos, a resposta é sim, mas nunca ousei lê-la em voz alta, não seria muito inteligente fazer tal coisa aqui, uma palavra errada e eu poderia pôr fogo na biblioteca inteira ou virar um sapo.

— Você conseguiria virar um sapo? — pergunto surpresa. Ele rir.

— Não exatamente, eu ainda não consigo compreender tudo o que está escrito, além de algumas palavras soltas... — ele coça a nuca. — ... Mas sei que ervas e especiarias são seus ingredientes principais, o que não me diz muito do que ele guarda e meu pai não viveu muito para me explicar de qualquer maneira. — seus olhos se entristecem e automaticamente pega suas mãos frias nas minhas.

Senhor Mills poderia não ter sido o pai biológico do meu companheiro, mas o criou como se fosse um, mesmo enfrentando muitos preconceitos ele conseguiu educar uma criança sulista com amor. Mills era um lobo ancião da alcateia do norte, mas decidiu se mudar para Golden Wood onde ficou por anos até que Mark estivesse crescido o suficiente para encarar o julgamento dos nortenhos. Após a morte do seu pai, o meu companheiro foi convidado pelo senhor Castor — o responsável pela biblioteca — a trabalhar em seu lugar, era uma boa distração para superar a sua recém-perda. Foi um ato adorável do velho bibliotecário.

— Bem, então não seria uma boa ideia mexer no que está... — olho para o grimório — ... quieto. — volto a fitar os seus olhos negros.

Alfas em GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora