I.M.P.U.L.S.O.S.

Capítulo Quarenta: Ação e Reação.

Guilherme Brandão...

Termino de falar com a Marina e estou sentindo a sua falta, muito mais do que imaginei que sentiria. Por mais que não confuda mais o nome da Lilian com o dela, não consigo parar de pensar em minha Devassinha e de como tudo parece certo, é assustador como alguém se encaixa perfeitamente com você a ponto de fazer tudo fazer sentido. É impressionante como passei a valorizar dormir juntos, amanhecer ao seu lado e vê-la sorrir preguiçosamente. Como me sinto a vontade ao seu lado e é inevitável não sorrir ao pensar que abominava todo esse comportamento. Pra mim uma transa já era o suficiente. Sem complicação alguma. Mas não troco a porra da vida de casal por nenhum dia de solteiro.

Depois de mais uma reunião que pareceria não terminar nunca, recebo várias ligações do Bryan. Ele não costuma ser tão insistente. E dramático como foi. O seu pedido para encontrar em sua casa, com certeza foi algo estranho. E eu soube assim que o vi que tinha algo o incomodando.

Meia hora depois de sua falta de atenção, tiro as luvas e o encaro, esperando que me diga claramente o que raios estou fazendo aqui. Nitidamente ele não queria treinar, seu boxe estava péssimo e ele costuma ser um pouco melhor. O que prova que há algo remoendo em sua cabeça. Agora o que porra seria e por que ele tinha insistido tanto em minha presença me faz questionar em que merda meus amigos costumam se meter. E com o Bryan, não seria a primeira vez.

Respiro fundo enquanto encaro o Bryan. Eu não podia ter ouvido certo? Poderia? Com toda a confusão que eu ainda tenho que arrumar, tem mais essa. Não eu não posso imaginar que um ser humano seja inconsequentemente burro para procurar confusão com o Henrique e o pior não era apenas isso, é saber que era um dos nossos. Fecho os olhos e levo a mão na testa. Abro os olhos e  sento-me no banco vendo quando o Winter caçula vem em minha direção. Não era mais um dia de treino, por isso a incrível insistência de ter que ser hoje.

- Mas que porra o Talles tem na cabeça? – Pergunto alterando o tom de voz. Eu deveria saber que a confusão não era pequena, eu devia ter notado como o Talles andava diferente, mais ansioso e sem tempo. Ele estava planejando o sequestro da namorada do Henrique e melhor amiga da minha mulher. E com certeza ele sabia dos riscos que corria ao tomar uma atitude impensada. Não, pensada, ele calculou tudo, pensou em cada passo que daria e que não seria descoberto, o que acho uma grande tolice. Uma verdadeira burrice na verdade. E pra melhorar a situação eu havia concordado com o Bryan em deixar que fizesse o tratamento sem precisar de internação. Ele já havia sofrido o suficiente, mas pelo visto, nos enganamos.

- Queria descobrir, eu estava o acompanhando. Ele estava fazendo o tratamento. Mas não adiantou. Essa obsessão pela Milena é doentia. Eu deveria ter evitado quando pude! – Exclama. O encaro percebendo como está frustrado consigo mesmo. Ninguém tinha como descobrir o que ele faria. Parecia que tinha melhorado, que as consultas estavam funcionando.

- E o Henrique o que ele descobriu? Não venha me dizer que ele está de braços cruzados. Sabemos que ele vai atrás do Talles. – Comento. Isso já é certo. O Henrique não deixaria barato. E digo por mim eu também não deixaria. E acredito que toda ação consiste em uma reação igual, imediata. E não tinha muito o que fazer em uma situação como essa. Não dá para se comportar de uma maneira diferente.

- Ele contratou uma equipe de elite e pediu a minha ajuda, mas não quer que ninguém saiba. – Responde. Eu não agiria diferente. Mas eu sei que se o Bryan está contando é por que sabe que vou querer participar da festa. Não que eu sinta falta de ação, já obtive a minha cota. Mas são dois amigos em situações opostas. Chegar ao ponto que o Talles chegou é o mesmo que cavar a porra de uma sepultura.

- E você me chamou aqui por que quer que eu me intrometia onde não fui chamado. – Menciono. A verdade é que o Bryan queria apoio em algo só não sei exatamente em quê. Tudo indica que se realmente a equipe que o Henrique contratou seja boa e acredito que seja, não vai demorar para obter a localização de onde o Talles esta e para agir vai ser ainda mais rápido. Eu também não iria querer deixar a minha mulher na mão de um psicopata. Por que o que ele planejou e o que fez foi de um verdadeiro doente mental, na verdade de um ser asqueroso egoísta.