Cinqüenta e Oito: Algemas.

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Guilherme Brandão...

Passado.

Essa palavra poderia não ter nenhum significado para maioria das pessoas, o passado é algo que passou e não tem como mudar, só se lida com o que vem pela frente, o que importa é o presente, o que importa é o agora, o passado simplesmente fica onde está, mas ainda assim ele não impede de te assombrar. Nunca pensei no meu passado, eu nunca parei para analisá-lo, definitivamente não tinha importância, e eu havia feito como as demais pessoas, eu o aceitava fui moldado nele. E mesmo sabendo que não era nenhum santo, muito longe de ser um, percebo como existem varias formas do que você fez se voltar pra você.

Eu não sonhava com os homens que haviam passado em minha vida, quem eu precisei matar para defender o homem que hoje sei que é meu pai. Não sentia remorso algum por que tanto eles como eu sabíamos que quando se entra na guerra é para entregar tudo, seja bom, ou seja ruim e na maior parte do tempo para sair morto. Sinceramente isso não tinha relevância em minha vida. Apagar imbecis era tão simples como respirar, mas cada escolha que se faz te deixa uma marca.

Quando fui pego e torturado. Ali eu conheci o inferno, naquele momento descobri que não sairia dali vivo, eu não tinha medo de morrer, mas não era novidade que alguém envolvido da forma que eu era, não temeria a morte. Eu cheguei a ansiar. Fui acorrentado, sofrendo absolutas torturas. Choques, surras, não eram nada sobre passar dias e dias sem saber o que era água, a comida não me fazia tanta falta, dia após dia sofrendo algo novo. E sem poder fazer nada por estar preso por benditas correntes. Esaa porra tinha me marcado. Quando fui resgatado achei que tinha saído ileso, mesmo desnutrido e sofri o pior dos abusos eu achei que nada daquilo me marcaria.

Mas a porra do maldito som de uma corrente, me remete ao pior momento da minha vida. É como se eu pudesse estar vulnerável novamente, como se tudo pudesse voltar acontecer e não pudesse sequer me defender. Não tremo com algemas, a questão não era essa, a questão que ser preso, me deixa vulnerável, me assombra de maneiras que não existe uma explicação racional, o medo não há uma explicação racional, ele é o que ele é. Suportei durante anos esse medo dentro de mim e eu sabia que teria que enfrentá-lo. Só que não nessa situação, não com a Marina.

Respiro fundo.

Não tinha a porra do problema com o bondage, desde que eu tivesse domínio, desde que o dominador fosse eu, estar no lado oposto é bastante desafiador. Eu precisava me permitir, mesmo sabendo que que o que me ocorreu no passado estar longe de acontecer agora com a minha Devassinha. Só por ela sou capaz de lutar contra esse medo esmagador. Que me fez ter um grande receio de experimentar o outro lado de uma experiência sexual. Mesmo me sentindo um perito no assunto, mas tinha dito sim e se for para ver a Marina feliz eu estou disposto a tentar, tanto por ela , tanto por mim.

Ergo o olhar notando quando a Marina sai conversando com as suas amigas. Não tinha mais volta. Eu preciso me libertar da armadilha que minha mente havia plantado em mim. Tudo que eu tenho que me lembrar é que a Devassinha jamais faria nada para me ferir ou machucar, é a mulher da minha vida, a mulher com quem vou casar em breve, é a minha mulher. Ela caminha decidida depois de se despedir, destravo as portas do carro, ela abre e se senta.

Assim que ela se senta me inclino em sua direção, preciso muito do seu toque, preciso tanto dela...ela responde a altura devorando os meus lábios da mesma maneira que faço com ela. Me afasto, ligando o carro nossa noite seria longa. E espero não estragar tudo por causa de um medo idiota.

– Vamos para qual hotel? – Indaga. Ela parece bastante animada, então decido esquecer momentaneamente que serei eu, que serei o submisso. Como se não já fizesse esse papel desde o momento onde ela praticamente me levou para o banheiro e me dominou por completo. Por enquanto sem grandes surpresas.

I.M.P.U.L.S.O.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora