I.M.P.U.L.S.O.S.

Capítulo Vinte e Um: Extremidades.

Guilherme Brandão

Simplesmente não tinha conseguido engolir a porra dessa ligação, com ela marcando compromisso com o mesmo imbecil que estava com ela no restaurante e eu vi como ele a olhava, como ele a queria. Não estou dizendo que pode acontecer alguma coisa, confio na Marina, mas não me agrada em nada saber que ela estará com ele. Posso estar sendo exagerado? Sim, mas não vejo dessa maneira. Por mim ela não iria à esquina, mas eu não podia fazer nada, eu não sou o seu dono, e não tenho o direito de poibí-la em nada, somos livres para fazermos o que quisermos e eu sei, mas chegar ao ponto de fingir que isso me agrada, eu não tenho essa capacidade. E essa porra está consumindo a minha tranqüilidade. 

- Vai continuar com essa cara? Por conta de um jantar. Guilherme pelo amor de Deus ele é apenas um amigo. E mesmo que você fique um gostoso assim está me deixando tensa, então pare já! – Diz pela décima vez desde que entramos no carro. Eu não queria saber se ele era amigo, primo o diabo a quatro. Importo-me com ela. E não consigo fingir quando algo me desagrada a minha expressão muda, ainda mais a envolvendo. Sinto-me sempre no limite. É oito ou oitenta. E queria ser mais tranqüilo, eu até era com a Amanda uma situação dessas não me incomodaria, mas com a Marina enlouqueço e não é por falta de confiança. É só por que é ela. E não sei explicar, mesmo se tentasse.

- Ok. – Digo. E acho que é minha vigésima resposta monossilábica. E confesso que prefiro não começar a imaginar a minha Marina linda, saindo com um moleque que a queria. Sei distinguir um olhar de cobiça masculino a milhas de distância, me formei com os melhores na área, e por mais que ela não estivesse interessada. Ele estava e isso bastava para me enlouquecer o dia inteiro. Juro que estou tentando o máximo soar controlado, que estou me esforçando para tentar entender, mas está difícil.

- Se você me responder assim dessa maneira, sem querer conversar eu juro que desço do seu carro agora mesmo e peço um Uber. – Ameaça. Era só o que me faltava. Sério mesmo que ela está me achando errado? Quero saber quem em sã consciência conseguiria ficar tranqüilo e soltar fogos de artifício em uma situação como essa. Ela fala de mim, mas também está tão emburrada o quanto. Não tinha culpa de estar incomodado com uma situação como essa. E a porra que ela iria sair daqui de dentro, eu a deixaria na porta da sua casa com a certeza que chegou bem, ela havia passado a noite comigo e está em minha responsabilidade e eu não a deixaria no meio da estrada só por que estou tendo uma postura até razoável digamos assim. Sobre o seu compromisso. 

- Eu queria ver se fosse o oposto. Se fosse eu saindo com uma amiga, que tem um interesse claramente em mim. Se você estaria tranquila, feliz e sorridente. Não precisa responder eu sei a resposta. – Rosno as palavras. Meu tom sai um pouco mais alterado do que eu de fato queria que saísse, mas realmente parece que estou sendo testado. Tenho a impressão que a Marina havia sido feita somente para me enlouquecer e me fazer passar por mais limites do que planejei. Como se qualquer coisa que a envolvesse fosse motivo o suficiente para me enlouquecer de vez. 

- Com certeza a minha reação seria muito melhor do que a sua. Parece que não confia em mim, parece que tudo que você me disse ontem não passou de palavras, por que na hora de colocar na prática não o faz. – Rebate. Seu tom se altera um pouco. E juro que estou prestes a meter os pés pelas mãos. Engulo em seco, como se ela não conseguisse enxergar que não tem nada haver com desconfiança. 

- Não tem nada haver com confiança Marina. Não sabe o quanto confio em você, mas me incomoda sim saber que você vai estar com alguém que te quer. E sim eu estou morrendo de ciúmes, nunca senti isso na vida e estou passando por essa sensação agonizante. E o pior de tudo é que não o culpo, não existe alguém que te conheça que não te queira. E você sabe que ele te quer. – Respondo. E é a verdade. Simplesmente não sei explicar o que está acontecendo comigo, não consigo entender por que essa ideia me martiriza tanto, mas se eu pudesse agiria como um primitivo e a prenderia evitando que desse um passo para longe de mim, e sei que isso não é normal, saudável. Eu sei disso, mas é quase impossível tentar ser um pouco mais racional e colocar tudo em uma linha linear nesse momento.