Quarenta e Um: Aberturas.

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Marina Oliveira...

- Está tudo bem? – Pergunta a Cecília me olhando. Tecnicamente está tudo bem, mas não consigo parar de tentar tirar conclusões do que eu tinha visto, e sendo honesta eu não tinha visto nada demais. Eu apenas vi o Guilherme conversando com a Michele e ela indo atrás dele em seguida. Mesmo os três minutos que ela demorou para voltar me faz remoer por dentro. E o pior é que eles já se conheciam antes. Eu sei que não aconteceu nada, mas e se agora o Guilherme quiser que aconteça? Eu sei que estou enlouquecendo. Eu conheço o Guilherme o suficiente para saber que ele não agiria dessa maneira, mas quando o ciúme entra por um lado a nacionalidade sai pelo outro e eu realmente não deveria estar tentando juntar peças de um quebra cabeça que não tenho todas as peças. Exceto que eu queira enlouquecer ainda mais.

- Está, só que acabei de ver a Michele conversando com o Guilherme e em outro momento ela acabou mencionando que conheceu um homem maravilhoso, que tinha mexido com ela, mas ele tinha namorada e estava bem assim. Isso a deixou ainda mais encantada e eu disse que ele poderia ser o homem certo na hora errada. E quando ela contou que esse homem se chamava Guilherme não assimilei que poderia ocorrer que fosse o meu. – Conto tudo de uma única vez, e agora não consigo tirar os olhos da mesa onde a Michele estar e mesmo sem querer, começo analisá-la, ela é bonita, muito bonita, é uma modelo de sucesso promissor, tem um corpo que a maioria dos homens acham incríveis. E é normal sentir a insegurança que estou sentindo agora.

- Deixa ver se eu entendi. O Guilherme deu um fora na Michele e ainda assim ela insiste em ficar com ele, mesmo sabendo que ele tem uma namorada. Ok, ela não sabe que é você, mas insistir em ficar com um homem comprometido que não quer nada com ela por que tem alguém, e ainda assim ela insistir é uma baita falta de respeito. Ela já tentou se colocar no lugar dela? Ou melhor no seu lugar? – Pergunta. Respiro fundo sentindo uma bile em minha garganta. Eu não queria e não poderia estar me sentindo da maneira que estou. Jurei a mim mesma que nunca duvidaria da minha capacidade de mulher, da minha auto- suficiência, mas ainda assim esse sentimento horroroso havia me invadido. E eu estava começando a me comparar com a Michele. Isso é ridículo, eu sei. Mas não consigo evitar.

- Marina. – Chama a Cecília. Sim eu tinha escutado que ela havia dito sobre ser uma sacanagem querer um homem que pertence a outra e não tem a menor pretensão de mudar isso, mas quantas vezes alguém já conseguiu algo por insistência? Encaro a Cecília que está me olhando como se tivesse ganhado um olho a mais no rosto.

- Você não acha que o Guilherme pode ter dado alguma abertura acha? – Indaga. Eu deveria responder que não. Quando foi que ele me deu motivo para desconfiar dele? Nunca havia me dado, mas depois de tanta experiência ruim a gente acaba se perdendo um pouco. Eu havia me encontrado, mas a forma que eu amo o Guilherme é assustador. E é impossível não sentir esse medo louco, irracional que talvez, ele pudesse sim estar repensando o que houve com ela. E como não iria. A Michele é o sonho de alguns homens, convenhamos da maioria. E sim estou pirando aqui sentada, enquanto minha cabeça tenta me levar a loucura.

- Não, eu não acho. Mas isso não me impede de estar morrendo de ciúmes. Olha para a Michele ela é linda. Por que o Guilherme ficaria comigo se poderia ter ela? – Questiono. Na verdade penso alto, e me arrependo com o olhar de choque que recebo. A Cecília me encara de uma maneira dramática e sinto que a qualquer momento vai começar a atacar as coisas em mim. Ou vai vim me bater até que eu volte a ser eu. A Marina confiante de sempre.

- Desde quando você anda se comparando com qualquer outra mulher. A Michele é bonita sim, mas você também é. Linda. E desculpe perguntar, mas o Guilherme alguma vez te fez se sentir assim? Insuficiente? – Pergunta. Balanço a cabeça freneticamente que não. Em nenhum momento o Guilherme nunca havia me colocado nesse posto. Eu tinha me colocado nesse pódio sozinha.

I.M.P.U.L.S.O.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora