Capítulo Vinte e Sete: Sem Pretensões.

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Marina Oliveira...

Se tinha um lugar que eu detestava ir, é a velórios!

- Obrigada por me pegar, estou sem carro. – Digo para o meu pai, que estava a minha espera quando soube que o pai do Calebe havia falecido, não consigo imaginar como ele esteja nessa situação. A dor de perder alguém nunca passa, nos acostumamos com a falta que ela nos causa, mas nunca é esquecida. Principalmente quando sabemos que é o ciclo da vida, mas que nunca estamos prontos para perder quem se ama. É a pior certeza que se existe.

- O Cosme avisou que te trouxe. E aproveitando essa oportunidade acho que deveríamos conversar. – Menciona. Com tantas pautas que poderia ser essa conversa apenas uma me vem a cabeça. Com certeza é sobre o tempo que estou passando fora de casa, com saídas não tão misteriosas assim, já não é nenhum segredo que estou namorando, mesmo que o Guilherme ainda não tenha ido se apresentar formalmente, e não por que ele não quer, mas por que estou esperando o momento ideal.

- Claro, nossas vidas corridas e horários que não batem. – Brinco. Conseguindo arrancar um sorriso seu. Sinto que ele está relaxado, mas que não queria estar falando sobre o que quer que fosse, por mais suave que sua expressão esteja, seus músculos estão completamente tensos, o jeito que segura o volante do carro deixa bem claro isso.

- Gostaria de conhecer o Guilherme  Brandão. – Pede. Eu não deveria estar surpresa por minha mãe ter revelado isso, ambos se preocupam comigo e querem ter a certeza que estou fazendo o que é certo, que escolhi bem e que não estou deixando-me levar pela impulsividade, mesmo sendo levada por ela, sei que o Guilherme jamais me machucaria, sua índole e seu caráter não permitiriam.

- E vai, ele também quer conhecer muito vocês.  – Comento. Ele gargalha alto dessa vez se divertindo muito mais do que esperava. Eu o conheço para saber que tudo que estiver disponível ele vai descobrir sobre o meu novo namorado e tenho certeza que muita coisa o deixará um tanto curioso. Se não já fez sua pesquisa.

- Soube que ele é muito mais velho. Não que isso me surpreenda. Mas como está com esse relacionamento Marina? – Indaga sinto a sua preocupação em cada palavra que profere. Eu poderia passar a noite inteira falando de como me sinto e tudo que o Guilherme me faz sentir, mas a verdade é que tem coisas que o meu pai não precisa ouvir e muito menos imaginar.

- Eu estou feliz. O Guilherme me ver como eu sou e não tenta mudar nada. Me aceita como sou, me respeita e nunca imaginei que pudesse estar envolvida como estou. Se existe mesmo alguém que é feito para nós, a nossa metade, tenho certeza que o Guilherme é a minha. – Afirmo sentindo-me nostálgica só de pensar.  Sei que estou revelando muito mais do que gostaria, mas não consigo me controlar, não mais. 

Ele analisa a minha resposta e muda de assunto, acho que já ouviu mais do que gostaria, acabo sorrindo e permito-me relaxar enquanto eu ainda posso, mas não demora que o meu pai estacione . Respiro fundo preparando-me mentalmente para o que irei encontrar. 

Desde que o meu avó materno faleceu esse clima denso me incomoda demais. Engulo em seco enquanto entro abraçada com o meu pai, minha mãe não conseguia suportar, e eu a entendia. Também não queria estar em um. Mas eu tinha que vim o Calebe sempre esteve do meu lado, sempre foi um ótimo amigo e eu não poderia simplesmente me esquecer disso. Cumprimentamos a Leonor, que está abraçada com a sua filha a Michele éramos muito próximas, a abraço quando pergunto pelo Calebe que não estou vendo. Ela me avisa que está no quarto, o segundo a esquerda.

Sigo para as escadas, não imaginei que a próxima vez que encontraria o Calebe seria nessa situação, que seria assim. Empurro a porta quando vejo o Calebe sentado na cama, as janelas fechadas o ambiente escuro, meu coração se aperta, não sei o que dizer em uma hora como essa. Sentia que nenhuma palavra dita, poderia confortá-lo. Principalmente com uma perca como essa, não sei o que faria se perdesse meu pai ou minha mãe. E não tinha nada que fosse capaz de me fazer sentir melhor. Fecho a porta atrás de mim e sigo em sua direção.

I.M.P.U.L.S.O.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora