I.M.P.U.L.S.O.S.

Capítulo Cinquenta e Dois: Aposta.

Marina Oliveira...

Ainda não acredito no que eu tinha visto. As imagens, a conversa que ouvi, tudo isso não saía da minha cabeça. Como eu fui manipulada a tal ponto para ver exatamente o que aquela vadia queria que eu visse. E acreditasse, não estou me culpando por ter agido da maneira que eu acreditei ser certa, mas é de como existem pessoas sem caráter algum. De como se submetem em escolhas estúpidas. Não sou do tipo que deseja mal alguém, mas acredito que cada um colhe o que planta, e ela recebeu o que mereceu, não vou ser hipócrita ao ponto de mudar a minha opinião em relação a ela por que morreu, até por que a morte não torna ninguém santo, principalmente quando ela tinha tudo para ter uma vida diferente. Me julgam como quiser, mas não consigo pensar de outra maneira.

Respiro fundo tentando não enlouquecer e ser a namorada chata, eu já tinha mandado a mensagem e feito umas três ligações, eu sei que estamos bem, muito bem. Mas ainda assim pelo horário achei que seria mais fácil falar com ele, conseguir ao menos ter uma conversa antes que acabe dormindo e eu realmente achei que dormiria fácil pelo cansaço do dia, mas a verdade que depois do que eu vi meu sono simplesmente foi embora. Foram cenas terríveis de ver e o som do tiro ainda consegue ser de longe o pior.

Meu celular acende e vejo que é chegada de mensagem, do Guilherme, deslizo a tela vendo o conteúdo da mensagem perguntando se ainda estou acordada eu não havia reparado que já era razoavelmente tarde, para alguém com a minha rotina já deveria estar dormindo e aproveitando as horas de sono que se tornariam raras, mas mesmo se tentasse não conseguiria relaxar o que precisava para ter uma noite de sono tranquila, não enquanto não falasse com ele. Ao invés de responder logo novamente e logo ele atende.

- Acabei de ler a sua mensagem. E não tem motivos para se desculpar. Não existe razão aparente para isso. Mas a parte do eu te amo pode se repetir sempre! - Exclama. Pode parecer estranho, mas só de ouvir a voz do Guilherme sinto uma certa paz, uma tranquilidade. Eu sei que ele está certo, não agi de maneira errada, mas a questão em si não era essa.

- Sim eu tenho. Mesmo não agindo errado eu fui cruel com você e eu quase te perdi. Não estou me referindo ao término, mas você quase morreu. Não gosto nem de pensar nisso, mas eu teria vindo reconhecer o meu erro tarde demais e...

- E mais nada. Isso tudo é passado já passou. Não vale a pena lembrar. Então como foi seu dia? Se divertiu na praia? - Indaga. Eu tinha que fazer isso esquecer, mas ainda estava tudo gravado em minha mente, seria um pouco difícil, mas eu com certeza o faria, não quero perder tempo, mais do que já perdi falando a respeito do passado. Estamos bem, nos resolvemos o que vale é o daqui pra frente somente.

- Só chega de sustos ok! Sem nenhuma gracinha mais. Estou falando sério. Tenho muitos planos para nós dois, chega de pessoas loucas em sua vida. - Digo, escuto o som da sua risada e mordo o lábio inferior. Deito melhor na cama pegando o fone e conectando ao celular para ficar mais a vontade.

- Combinado. Agora me responde. Podemos ter uma conversa normal? - Pede. Imagino que enquanto o meu dia foi maravilhoso o dele deve ter terminado agora. O Guilherme está trabalhando duro para poder resolver o problema da Importadora. Confesso que eu achei que seria mais fácil, só que levando em conta a sua rotina deve estar sendo mais complicado do que imaginei.

- Podemos. O dia foi ótimo, tivemos uma despedida das férias, amanhã volto as aulas como já sabe e pretendo me manter trabalhando. E o seu dia como foi? - Pergunto. Nossas conversas diárias, as mensagens trocadas tudo me fazia me sentir mais conectada com ele. Mesmo com a imensa distância eu sinto que nada pode nos separar. Estamos mais forte que nunca e o engraçado é que nunca senti essa tranquilidade ao lado de alguém. Sentir que mesmo sem o contato físico, sem o ver diariamente e nada mudar é uma experiência nova e agradável. Por mais que eu o queira por perto, que estou morrendo de saudades não está sendo o bicho de sete cabeças que imaginei que seria.