PRIMEIRA CARTA
Você veio fácil demais. Algo que aprendi na vida é: quando uma coisa vem fácil, vai fácil. Você me pegou desprevenido, me fez só seu, não se importando se éramos amigos de infância ou não. Pegou tudo de mim, mas não me deu nada. Deveria saber que você era um garoto problema desde o primeiro beijo. Dei tudo que tinha e você jogou no lixo! Pedi que me desse todo seu amor, e você não me deu nada.
Me sinto tão estúpido, porque eu pegaria uma granada por você, mataria por você, roubaria e me suicidaria por você... e você não faria o mesmo. Soube que era loucura na primeira vez que transamos. Você parecia um doente, confesso que senti medo dos seus toques brutos. Eles doíam em minha pele. Me apavorei ao ver que você era sadomasoquista, me fazendo questionar se eu aguentaria aquela dor. Meu desespero aumentou quando vi os chicotes e as algemas. Por um momento, apenas por um momento, cheguei a pensar que morreria ali, naquele quarto escuro e abafado que você tanto adorava.
Pensei que morreria sob a mira de seu olhar obscuro. Não sabia o que era mais torturante: as chicotadas que mutilavam a pele em minhas costas ou seu sorriso macabro. Convivemos por anos, me achei idiota por demorar tanto para perceber quem você realmente era: não prestava! Era a pior influência que alguém poderia ter. Haver brigas no bairro não era novidade, todos sabiam que você estava metido no meio de todas, os vizinhos nem ligavam mais para a polícia, não queriam que os agentes da lei perdessem tempo com você, e eles estavam certos. Não há polícia que faça seu gênio ruim mudar.
Apesar de prós e contras, continuei ao seu lado. Não podia abandonar meu pior amigo, você nunca me abandonou, por que eu faria isso, então? Motivos eu tinha de sobra, mas quis permanecer ali. Com você! Talvez essa tenha sido a pior decisão da minha vida. Pensava em como seria sua morte, cheguei ao ponto de desejá-la todo dia, queria que aquela gangue viesse atrás de você e acabasse com sua vida. Isso tudo para aprender que nunca deveria ter se metido com drogas. Você ferrou sua vida Zayn Malik, e junto ferrou a minha.
Você é um homem louco, homem ruim! É isso que você é! Fazia questão de beijar aquelas vadias na minha frente, você virava o rosto e sorria na minha cara, apertava o corpo delas com possessividade e marcava seus pescoços com chupões vermelhos. Fazia a mesma coisa comigo quando estávamos a sós, naquele cubículo apertado que você chama de casa.
Foi vendo o brilho em seus olhos e o sorriso em seus lábios que saquei o óbvio. Não era um sadomasoquista comum, não sentia prazer apenas espancando meu corpo na hora do sexo, sentia mais prazer quando machucava meus sentimentos. Eu estava entrando em um estado deplorável, Zayn. Não vê o que estava fazendo comigo? Eu não podia com seu jogo, não sou e nunca serei forte o suficiente, o pior de tudo é que você não me deixava ir. Bom, e eu não conseguia te deixar.
Isso é uma droga! Queria te odiar vinte e quatro horas por dia, mas a real história é que eu corria vinte horas atrás de você, enquanto nas outras quatro estávamos ocupados transando. Não conversávamos mais, não ríamos, não éramos mais amigos. Foi de uma hora para a outra que eu, Harry Styles, seu melhor amigo, virei apenas mais um cara no qual você usava.
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DEZ CONTOS
FanfictionPequena grande coleção de histórias estranhamente fascinantes. • ʙᴏᴏᴋsᴍᴜᴛ ᴢᴀʀʀʏ