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24 DE NOVEMBRO DE 2004
Harry corria pelo parque com um avião de papel entre os dedos, enquanto imitava o som da aeronave com os lábios, mergulhando na fantasia do momento. O vento brincava com seus cabelos e o sol do outono pintava nuances douradas em sua pele.
— Não vá muito longe, Cupcake! — Anne gritou, sua voz carregada de preocupação, ecoando pelo parque.
Ele acenou brevemente com a cabeça, absorvendo a voz materna, antes de mergulhar novamente na brincadeira. Os pés descalços corriam pela grama, enquanto seus olhos brilhavam com a alegria infantil.
Mas o acaso interveio e, sem aviso, seu corpo colidiu com outro, lançando-o ao chão. O impacto deixou-o tonto por um momento, enquanto sentia a dor latejante em sua cabeça e os cotovelos arderem.
Ao erguer o olhar, encontrou outro menino caído, gemendo de dor. A culpa o inundou imediatamente, misturada com preocupação genuína.
— Desculpe! Eu não vi você. — Harry soltou as palavras acompanhadas por lágrimas nos olhos. — Machuquei você sem querer.
O menino, de apenas oito anos, observou-o com nervosismo, antes de sucumbir às lágrimas. Não era a dor física que o atormentava, mas sim o pesar de colocar alguém em tal situação.
— Harry!
Anne chegou correndo, preocupada com o filho e com o garoto desconhecido. Depois de garantir que os ferimentos eram superficiais, ela ajudou o outro menino a se levantar.
— Como se chama, querido? — Anne limpou a sujeira da roupa do menino com carinho.
— Zayn.
A voz do menino era doce, mas carregada de um peso que Harry não entendia.
— Onde estão seus pais? Eles estão aqui no parque? — Anne perguntou, abaixando-se para ficar na altura de Zayn.
— Não. Eles estão em casa.
Anne ofereceu-se para levá-lo até lá, preocupada com o joelho machucado. Enquanto caminhavam, Zayn indicou o caminho.
— Está tudo bem, Harry? Está doendo? — Anne perguntou quando percebeu a angústia do filho.
— Estou bem, mamãe.
A vergonha e a culpa pesavam nos ombros de Harry, enquanto caminhavam em direção à casa de Zayn. A mãe do menino correu para encontrá-los, preocupada com o estado do filho.
— O que aconteceu?
— Foi um acidente. Meu filho não viu Zayn e acabou esbarrando nele no parque. — Anne explicou, sincera.
Os olhos de Harry se encheram de lágrimas novamente, incapaz de suportar o peso da culpa.
— Eu não queria... Eu não fiz de propósito. — Harry murmurou, olhando para o chão.
