Night Of The Hunter

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ᴄᴏɴᴛᴏ ᴅᴇ ʜᴀʟʟᴏᴡᴇᴇɴ

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ᴄᴏɴᴛᴏ ᴅᴇ ʜᴀʟʟᴏᴡᴇᴇɴ

Eu estava no topo, observando como um predador que se esconde na escuridão. Ninguém me veria, exceto aqueles que tinham o desejo mórbido de me encontrar, aqueles que já estavam corrompidos por dentro. Hoje seria o dia em que levaria mais um filho do homem, destruindo seu coração e sua alma. Apenas uma entidade como eu pode transformar a noite em um verdadeiro banquete para os caçadores das sombras. Minhas presas eram as criaturas ridículas que perambulavam pelas ruas, vestidas em fantasias grotescas, acreditando que estavam seguras. Procuravam apenas por doces e chocolates, mas mal sabiam que o verdadeiro horror estava mais perto do que poderiam imaginar. Eles desperdiçavam sua miserável existência celebrando datas vazias, eventos tolos que não passavam de pretextos para jogar dinheiro fora. Não faziam ideia de que estavam prestes a encontrar o destino mais aterrorizante de todos.

Agarrei com força o galho da árvore, sentindo a textura fria e úmida da madeira. A umidade não era da chuva, mas de algo mais sinistro, algo que espreitava a partir do solo corrompido abaixo de mim. Meu dever era claro: subir dos abismos do inferno a cada ano, trazendo comigo o terror puro e fazendo com que as pessoas sentissem medo do escuro novamente. A noite estava impregnada de uma sensação antiga, algo familiar, e isso me deixava mais confiante. Sabia que minha missão seria cumprida, que hoje alguém começaria a entender o verdadeiro significado do medo. Um vento gélido cortou o ar, carregando consigo o cheiro de podridão e carne em decomposição, forçando meus olhos a se voltarem para a saída da velha igreja. Reconheci imediatamente aquele lugar. Há trezentos anos, eu era um frequentador assíduo daquela igreja, até ser expulso, condenado a vagar entre os vivos e os mortos. Era irônico, mas ao mesmo tempo apropriado, que hoje eu estivesse de volta, sedento por vingança.

Meus olhos seguiram um garoto que sorria enquanto caminhava pelas ruas, despreocupado, inocente. Ele era um cristão, ou pelo menos fingia ser, mas eu via claramente a escuridão ao seu redor. Uma aura negra pairava sobre sua cabeça, e os espíritos que o cercavam eram a prova de sua condenação. Criaturas deformadas, macabras, o acompanhavam, invisíveis aos olhos humanos, mas para mim, elas gritavam a verdade: ele era o escolhido. Saltei do topo da árvore, caindo silenciosamente, meus pés tocando o chão como se eu fosse uma sombra viva. Não perdi tempo em me aproximar, sentindo o cheiro de medo crescente que emanava de sua carne. Agarrei o braço do pecador com força, sentindo seus ossos se comprimirem sob meus dedos, enquanto ele arregalava os olhos, incapaz de compreender o horror que estava prestes a viver. Hoje, ele aprenderia a temer não apenas o escuro, mas o que habita nele.

— Olá, Harry — minha voz era baixa, mas carregada com uma autoridade que fez o ar ao nosso redor ficar mais pesado.

Ele me encarou com olhos confusos, suas sobrancelhas franzidas, tentando decifrar o que estava acontecendo, mas já era tarde demais para entender.

— Desculpe, mas nos conhecemos? — sua voz tremeu levemente, um sinal inicial de insegurança, que ele tentou esconder.

Eu dei um passo à frente, estreitando o olhar em sua direção, deixando o silêncio pairar entre nós por um instante. O cheiro do medo começava a surgir.

DEZ CONTOSOnde histórias criam vida. Descubra agora