Estou morta de cansada e ainda faço o favor de trabalhar no dia que não é meu turno, meu pai deveria me amar mais e se orgulhar na filha que tem. Mas ainda bem que falta pouco tempo para a loja fechar e eu poder ir para casa e estudar para minhas avaliações de amanhã.
Só de pensar em ir pro colégio aquele lugar onde só tem gente querendo se achar por cima dos outros pensando que estão arrasando, me dá nojo e vontade de terminar tudo mais rápido, ainda bem que estou no último ano, amém.
— Prontinho! — digo a Eric, um menino que estuda comigo que está comprando barras de chocolate e refrigerantes.
— Obrigado... — O rapaz dos cabelos curtos me olha enquanto entrego suas coisas e seu troco.
— Até amanhã, Eric! — sorri de lado e ele por um momento abriu a boca, mas meneou com a cabeça e foi embora.
Ele é legal e o amigo dele também, Dylan, eles são bons colegas, mas são muito excluídos e sofrem bullying, pelo menos tento ser legal e gentil com eles quando ninguém é.
Uns minutos se passam, resolvo pegar meu caderno e terminar minha atividade no balcão mesmo, já que está uma paz muito grande aqui.
Quando estou na metade uma sombra de uma silhueta aparece por cima do meu caderno.
— Sophie Hills, fazendo atividade escolar durante o expediente? — ouço a voz rouca e redireciono meu olhar para o homem que é meu professor de teatro.
Ele é o meu professor favorito, e bendita hora que escolhi fazer teatro com o homem que já conhecia por conta de ser amigo do meu pai, eles se conhecem mesmo antes d'eu ter nascido.
— Sr. Downey! — sorri de leve e olho para as coisas que ele segura — Comprando bebidas alcoólicas? Que barbaridade! — e vejo o homem sorrir sem jeito.
Cabelos curtos e escuros com olhos castanhos bonitos, fiquei surpresa em saber que ele é divorciado há quase dez anos. Ele é o adulto mais divertido, atraente e sem parafusos que já vi. O mesmo usa uma blusa e casaco preto com calça jeans, ele sempre usa roupas escuras assim.
— Vida adulta frustrada... Tomará que nunca chegue a entender! — Ele fala com pesar.
O mesmo coloca as coisas no balcão e enquanto faço meu trabalho de passar as coisas, percebo que ele está me olhando.
— Então, parece que o senhor terá uma ressaca das grandes, já posso dizer que não irei vê-lo amanhã no colégio? — pergunto arqueando uma sobrancelha.
— Provavelmente não, alguém tem que pôr em prática seus talentos! — Sr. Downey sorriu para mim e acabo sorrindo levemente acanhada.
— O senhor quer que eu vire atriz de cinema para depois poder dizer que foi meu professor... — digo em tom de desaprovação, vendo o mesmo curva seus lábios de leve e desvia o olhar brevemente, mas voltando a me olhar nos olhos.
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