_𝐚𝐫𝐫𝐞𝐩𝐞𝐧𝐝𝐢𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨 - 𝐑𝐃𝐉

63 5 0
                                    

|Realidade Alternativa|
S/n: Seu Nome
S/s: Seu Sobrenome

Chego em casa vendo que a mesma está silenciosa, o máximo de som vem da sala, caminho normalmente encontrando Heather.

— Oi, querido! — A loira sorriu levemente sem mostrar os dentes de forma carinhosa.

— Oi... — digo tentando sorrir, mas sentindo meu rosto cansado.

Caminho até a prateleira onde guardo minhas garrafas de uísque, pego um copo para me servir já sabendo que Heather não vai me acompanhar por não gostar.

S/n, com certeza, me acompanharia como se estivesse em uma competição apenas para depois dizer coisas românticas e colocar a culpa na bebida.

— Como foi seu dia, querida? — pergunto ainda mesmo tendo casado com Heather há mais de um ano, ainda não me sinto confortável em chamá-la assim.

De costas para ela, que provavelmente está sentada no sofá calmamente e assistindo à novela das seis. A mesma responde que foi bom, suspiro, me virando com um copo dela metade, pronto para ir para meu escritório.

— Fica mais um pouco, Robert! — Heather me chama me fazendo fechar os olhos e respirar fundo para finalmente meus pés conseguirem sair do lugar em direção a ela.

Meu plano era ficar em meu escritório vendo pela quinquagésima nona vez o retrato da mulher que permanece nos meus pensamentos mesmo depois de dois anos.

Mesmo se casando com Heather, mudando para outra cidade, trocando de número, tendo um novo ciclo de amizade, não consigo esquecer ela.

Começando com o vazio no fundo do meu peito que parece levar minha alma, se alastrando para minhas lembranças, olhares, sorrisos, carinho... Ah, e os beijos, tudo era perfeito com ela.

Às vezes, tenho pensamentos negativos sobre mim quando volto a mesma tecla aonde volto ao passado onde escolhi deixar S/n após uma discussão que hoje percebo que foi por coisa boba.

Se eu não tivesse saído daquela casa, se tivesse atendido o telefonema dela, ou tivesse largado meu orgulho e tivesse aceitado nossas diferenças, não tenho dúvidas que o acidente não tinha acontecido.

Como eu imaginaria que ela iria chorar e dirigir no meio de uma chuva forte?
Como saberia que ela estava sem cinto de segurança enquanto me ligava?
Como vou saber que nosso bebê estava para nascer?
Como vou conseguir viver com isso?

Sabendo que a culpa de perder a mulher que eu amava e o nosso bebê morreram por minha causa...

— Heather, acabei de lembrar que tenho que resolver uns assuntos... Qualquer coisa, estou no escritório! — me levanto, sentindo-me mal.

Em passos largos, entro no meu escritório, uma sala só minha, a tranco e fecho meus olhos com o aperto no peito ficando mais forte, parecendo querer sair de mim, com minha respiração desregulando.

— S/n... — chamo seu nome quando sinto lágrimas descer.

Não me dei conta de que já estava no chão, com as costas na porta enquanto a amargura me domina.

Nesses momentos onde desejo a morte mais do que tudo, que ela me leve, não importa como seja, rápido, lento, com dor ou não, quero simplesmente sumir, não sinto vontade de viver, não há razão para se estar no mundo.

Heather entenderá, viverá bem com a pensão, sem falar que a mesma é herdeira de uma grande família muito rica.
Ela não sentirá minha falta, sempre fomos bastante distantes, não temos nada em comum, há meses não passamos algum tempo junto.
Logo, logo, ela conseguirá um novo substituto para ser seu marido.

Gostaria de voltar no tempo, para há exatos dezoito anos, quando S/n e eu éramos jovens que tinham uma amizade que ninguém conseguia nos separar.
Éramos ingênuos, bobos, dois tímidos apaixonados que tinham medo do próprio sentimento.

Até hoje, um dos meus dias favoritos foi quando descobrimos que sentíamos era recíproco, lembro do beijo que dei nela, no meio daquela noite, do sentimento de adrenalina, a felicidade, a realização.

Seu pai nem sonhava que sua única filha era namorada do filho do homem no qual ele mais odiava na cidade.
Nossos pais sempre se odiaram, e quase se mataram quando descobriram que estávamos juntos.
Mas foi libertador sair daquela cidade pequena e ir para a cidade grande.

Ela e eu, praticamente duas crianças do interior em uma capital, passamos por situações ruins, mas tínhamos um ao outro e nosso amor, a fase de adaptação foi moleza.
O complicado era se estabilizar, foram tantos bicos, tantos trabalhos, ríamos no fim do dia contando sobre a experiência nos trabalhos diferentes.

Velhos tempos, éramos felizes e nem sabíamos, mas posso dizer que aproveitamos aqueles anos ao máximo.

Mas os últimos quatro anos...
Foram de complicações, todo relacionamento tem seus altos e baixos, mas para funcionar precisa que os dois tenham paciência e compreensão.
Duas coisas que faltava muito em mim.

De qualquer jeito, o que aconteceu já está feito.

Apenas só quero vê-la novamente, mesmo que eu precise morrer para conseguir encontrá-la de novo, isso já seria a primeira vez em que sentiria a felicidade após dois anos puros de amargura.

Sinto saudade profunda e dolorosa, S/n, o amor da minha vida.

𝐋𝐒𝐃 𝐰𝐢𝐭𝐡 𝐑𝐃𝐉Onde histórias criam vida. Descubra agora