Camila Hayes
— Eu estou grávida.
Eu não conseguia decifrar o sentimento que se passava pelos rostos dos nossos pais. Minha mãe ficou petrificada, como se esperasse um sinal indicado que tudo não passasse de uma brincadeira, e meu pai ficou entre a risada e a confusão. Eles estavam chateados? Estavam tristes? Estavam com medo? Eu não conseguia entender. Talvez o meu nervosismo fosse tanto que não permitia ver a real situação.
O clima havia ficado deliberadamente tenso, como se uma tempestade pairasse sobre as nossas cabeças. Alice apertava minha mão como se dependesse disso para viver, eu me mantinha – aparentemente – cética e calma, e ao fundo Emily regurgitava.
De repente, como alguém que assistia o mais engraçado stand-up de todos, nosso pai começou a rir. Ou melhor, ele gargalhou.
— Ah, meu Deus. — Ele tossiu, ainda rindo. — Essa foi... Essa foi ótima.
Até minha mãe, que costumava acreditar em nós, riu com ele também.
Seria mais difícil do que eu imaginava.
— Alice, vamos lá, querida. — Papai falou. — O que quer que queira nos falar, pode ficar tranquila que não iremos te julgar. Fico feliz que tenha quebrado um pouco o clima, mas não precisa disso.
— Isso. — Nossa mãe completou. — Até porque é impossível essa brincadeira ser verdadeira, não é?
Alice me olhou, com os olhos marejados e prestes a explodir em um choro de desespero.
— Não é? — Ela gritou novamente, tão assustada quanto nós. Eu sabia que minha mãe desejava que fosse apenas uma brincadeira.
— Não, mãe. Não é uma brincadeira. Eu realmente estou grávida. — Alice repetiu, tremendo.
O humor que havia no rosto de meu pai havia evaporado como água. Minha mãe deixou um soluço escapar, logo colocando a mão sobre a boca, como se tentasse não chorar. Emily saiu da sala, correndo, provavelmente indo até o banheiro. Eu, que tentava me manter forte por Alice, não me contive e deixei que algumas lágrimas teimosas escapassem.
Sempre imaginei que bebês fossem presentes na vida de muitas famílias, e de fato são. Acredito nos sorrisos animados e o brilho nos olhos daqueles que recebem a notícia de que terão um novo parente, de que terão um bebê gordinho, fofo e risonho que trará luz para novos dias. Mas também acredito que essas situações acontecem no chamado tempo certo. Nossa família havia sido surpreendida pelas adversidades do destino com a notícia de que os Hayes, muito em breve, não seriam mais quatro, porém cinco.
A notícia que, na teoria, deveria ser boa, explodiu feito uma bomba de caos entre nós.
— O que... — Minha mãe ia começar a falar, claramente chateada, quando foi interrompida por nosso pai, segurando sua mão com força.
Nossos olhares se voltaram para o homem que agora estava vermelho como uma pimenta. Ele puxava o ar como se, de repente, o mundo inteiro carecesse de oxigênio, transpirava descontroladamente e, por fim, colocou a mão sobre o peito, sem conseguir falar.
— Ele está infartando! — Alice gritou e aquilo pareceu ativar algo dentro de mim.
— Meu Deus! Robert! — Minha mãe exclamou, sacudindo meu pai.
— Não faça isso, mãe.
— Saiam da frente. — Emily disse, retornando para a sala, e passando por entre as duas para olhar meu pai.
Ele continuava sem ar, desesperado. Emily segurou o rosto dele com as duas mãos, fazendo-o encará-la.
— Tio Robert, preciso que fique calmo, ok? Ficar nervoso nessas horas não vai te ajudar. Posso contar com você? — Ele assentiu. — Ótimo. Camila, ligue para o 911.
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Lições de Uma Boa Garota | Livro 3 - Trilogia "Garotas Más"
Teen FictionCamila e Alex era o casal mais improvável de acontecer. O amor que nasceu de uma mentira e tornou-se algo puro e intenso, marcou profundamente a vida de ambos. Com o término do ensino médio e as oportunidades dando vista, os dois são forçados a se s...