Lições de Uma Boa Garota | Livro 3 - Trilogia "Garotas Más"

Capítulo 6 - Uma nova vida

"O nosso universo foi vestido de luz
Puxando as costuras
Nosso mundo, um dia estéril, agora transborda vida
Com o qual podemos nos apaixonar
Toda vez que abrimos nossos olhos
Eu acho que o espaço, e o tempo
Pega as coisas violentas, coisas ruins
E as torna boas (...)"

Sun – Sleeping At Last

Camila Hayes

4 de janeiro, Jacksonville, Flórida

Ano novo deveria significar renovação. Trezentos e sessenta e cinco dias para novas oportunidades, novas escolhas e uma nova vida. Pelo menos, eu pensava que fosse assim. O meu ano novo havia sido tão difícil quanto o Natal. Nós quatro mais os meus avós paternos resolvemos passar a virada de ano em uma casa de praia em Jacksonville. Foi gostoso, divertido, mas uma parte de mim ainda não estava cem por cento.

Decidi que o novo ano seria diferente. Eu iria aproveitar as minhas oportunidades, iria ser feliz e ainda iria para a cidade dos meus sonhos.

Emily e Alice foram essenciais nos últimos dias para que eu enxergasse a vida com outros olhos. Minha amiga insistia em dizer que eu não podia parar os meus sonhos por conta de Alex e que ele, aparentemente, já havia feito sua escolha em relação a mim. Era duro de aceitar, mas Emily tinha razão. Já minha irmã, com toda essa história de gravidez, tomou a mim como sua conselheira oficial, mesmo eu não sabendo nada sobre maternidade. Talvez tenha sido a forma como Alice encontrou de me distrair, e estava dando muito certo. Dias atrás, antes do ano novo, Alice foi a obstetra para saber sobre seu bebê. Ela realmente estava de três meses – e meio – e agora tomava vitaminas especiais para grávidas. Nossa família já estava aceitando a ideia de um novo membro e o cuidado dos meus pais para com ela era redobrado. O fato era que todos estávamos ansiosos para ver o pequeno bebê na primeira ultrassonografia que aconteceria hoje.

Além disso, minha vida estava uma loucura. Eu consegui ocupar minha mente com todos os preparativos para minha ida para Nova York – que era mais certa do que nunca. Na outra semana eu iria para a cidade que nunca dorme fazer a minha matrícula na NYU e procurar um hall perfeito para eu morar nesses quatro anos. Eu até gostaria de ter um apartamento só para mim, mas seria impossível custear tudo sozinha, especialmente não conhecendo ninguém que morasse na cidade ou que fosse estudar pelos arredores. O jeito seria ir para um dormitório da própria universidade e torcer para que minha colega de quarto fosse ótima. Por sorte, Emily seria a minha acompanhante na viagem e com ela não havia erros.

Naquela manhã fria de janeiro, a fatídica manhã que Alice iria fazer sua primeira ultrassom, minha mãe insistiu em me marcar uma consulta com a ginecologista que atendia na mesma clínica.

— Pra quê isso? — Perguntei, enquanto vestia meu casaco, prestes a sair de casa.

Do lado de fora, dentro do carro, Alice e meu pai esperavam por nós.

— Eu prometi que te levaria para a ginecologista, não foi? Então é isso que estou fazendo. — Ela respondeu, colocando o cachecol ao redor do pescoço.

Papai começou a buzinar, impaciente. Era fato que ele era o mais ansioso para ver o bebê, mas nunca admitiria isso.

— Eu sei, mas achei que Alice seria o foco hoje, não eu. Além do mais, não será mais necessário eu tomar o medicamento que você imagina — Minha mãe franziu a testa. — Alex e eu terminamos, esqueceu?

— Camila, filha, ir para a ginecologista é de extrema importância, você tendo relações sexuais ou não. Agora, acontece que depois da primeira vez, a partir dos vinte e cinco anos, toda mulher precisa ir ao ginecologista para fazer um exame preventivo para garantir que você não tem nenhuma doença. Mas, como você ainda não tem idade suficiente, acho que seria interessante que você conversasse com a doutora sobre sexo e os riscos que pode ter. — Ela forçou um sorriso. — Um anticoncepcional não vai te matar e ainda vai te fazer parar de menstruar e te prevenir de gravidez, o que acha?