Alice Hayes
Uma listra indica negativo.
Duas listras indicam positivo.
Caso a segunda listra seja fraca, é provável que a gravidez exista, mas ainda esteja no começo.
Eu lia e relia a bula de instruções na caixa pela quarta vez consecutiva. As três primeiras haviam confirmado a minha gravidez e ainda diziam que eu estava no terceiro mês. Não acreditei em nenhuma delas, mesmo tendo colocado na cabeça que iria no melhor de três. Era impossível ser real até porque eu não me sentia grávida. Grávidas sentem enjoos, dores nos seios, cansaço, mal-estar, e eu não sentia nada disso a não ser a febre das semanas passadas e uma dor de cabeça infernal.
Quando o primeiro teste deu positivo eu quis arrumar minhas coisas e fugir para o lugar mais distante que podia, mas logo lembrei, segundo o que algumas amigas da universidade me contavam, que testes de gravidez costumavam falhar e eram raras as vezes que havia acertado com elas. Por isso comprei o melhor – gastando metade das minhas economias – e me arrependi amargamente ao ver o nome grávida e os dois traços.
Na quarta vez me conformei. Eu realmente estava esperando um bebê.
Desconfiei depois da formatura de Camila quando, pela primeira vez, descobri que minha menstruação – que nunca atrasava – havia atrasado mais de uma semana. Nervosa, aproveitei a manhã de domingo em que ela não estaria em casa, pois estava com Alex na casa de praia de sua família, e que meus pais dormiam até um pouco mais tarde, para ir até a farmácia mais próxima. Comprei dois testes e assim fiz. Dois positivos, duas facadas no coração. Ainda retornei para a mesma farmácia e comprei mais dois, e quando eles também deram positivos, resolvi me conformar.
A pior sensação que senti foi de ter praticamente engolido a informação comigo. Tinha medo, cada vez que alguém me olhava tinha a impressão de que já sabiam e desejei mais do que nunca que tudo não passasse de um engano. Doeu ter que me afastar de Jordan, me afastar de Camila e ficar calada por dias. Tive que contar a minha irmã no mesmo dia em que ela descobriu que foi aprovada – e que terminou com o namorado, mas eu não sabia disso no momento –, porque já estava desgastada, sufocada, e sentia que se não contasse a alguém eu morreria de ansiedade.
Mas mesmo com suas dores Camila me ajudou, me acalmou, me acolheu e me manteve forte para enfrentar tudo o que estava por vir. Eu sempre soube que minha irmã era minha melhor amiga, mas quando minha gravidez veio à tona e ela ficou do meu lado, eu soube que ela era, na verdade, a minha alma gêmea.
Tomei coragem para contar a Jordan por causa de Camila. Seu apoio foi essencial e suas palavras me fizeram entender que eu não poderia me esconder para sempre, que o meu bebê precisava de mim.
Meu bebê. Era até estranho de imaginar.
Ainda me lembro bem da reação de Jordan quando ouviu da minha boca que eu estava grávida, que ele seria pai. Sua preocupação por não ter notícias minhas foi tomado por um susto repentino que foi fazendo ele empalidecer aos poucos. Era uma mistura de medo, surpresa e – pouquíssima – alegria. Mas por sorte ele também me acolheu, prometeu jamais me abandonar e disse que faríamos dar certo.
Quando ele me beijou e disse, tão confiante, suas palavras, eu acreditei pela primeira vez que tudo ficaria bem no meio de todo aquele caos.
...
Quando meu pai foi parar no hospital depois de ter ouvido a notícia, me senti extremamente culpada. Eu sabia que seria um grande choque para ele, mas nunca pensei que fosse sofrer um infarto. O olhar de decepção de minha mãe foi o bônus para que eu sentisse mais culpa ainda. Eu havia errado, havia sido irresponsável, mas todos sabíamos que não tinha mais volta.
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Lições de Uma Boa Garota | Livro 3 - Trilogia "Garotas Más"
Teen FictionCamila e Alex era o casal mais improvável de acontecer. O amor que nasceu de uma mentira e tornou-se algo puro e intenso, marcou profundamente a vida de ambos. Com o término do ensino médio e as oportunidades dando vista, os dois são forçados a se s...