Lições de Uma Boa Garota | Livro 3 - Trilogia "Garotas Más"

Capítulo 8 - New York, New York

"Comece a espalhar a notícia
Estou partindo hoje
Eu quero ser parte dela
Nova York, Nova York
Eu quero acordar naquela cidade
Que nunca dorme
E descobrir que sou a rainha do pedaço
O topo desse amontoado (...)"

New York, New York — Frank Sinatra

Camila Hayes

O grande dia havia chegado. Em algumas horas eu estaria em solo nova-iorquino, livre, dona de mim e independente. Sei que seriam por apenas alguns dias, mas eu já conseguiria sentir o gostinho de viver pelo resto da minha vida na cidade dos meus sonhos.

No aeroporto, a saudade já começava a amargar minha garganta. Olhando para meus pais, Alice e meu sobrinho que apesar de ser apenas do tamanho de um tomate – quase um abacate –, eu sentia meu coração inteiro se quebrar em mais pedaços. Doía como o inferno saber que em breve eu não os veria diariamente, que não poderia acompanhar a gravidez da minha irmã como eu realmente queria e que as minhas visitas seriam apenas aos fins de semana.

Quando minha mãe me abraçou com força, com olhos marejados, eu senti que choraria também.

— Prometa que vai ligar assim que pousarem lá. — Ela disse, me apertando contra si.

— Eu prometo.

Ela se afastou, tocando meu rosto e beijando minha testa.

— Volte logo porque faremos uma despedida de respeito. — Eu ri.

— Voltarei mais rápido do que você imagina.

Meu pai veio até mim, me abraçou e disse a mim diversas palavras apenas com o olhar. Automaticamente eu me lembrei da conversa que tivemos em meu quarto, no dia da minha formatura. Suas palavras de inspiração, coragem e amor, me faziam ter forças e esperança de que tudo iria dar certo.

— Eu te amo, minha filha. — Ele disse, beijando minha bochecha.

— Eu te amo mais, pai.

Quando ele se afastou e eu me virei para Alice, reparei que minha irmã já chorava sem pudor nenhum. Engoli em seco, tentando não chorar também.

— Ah, parem de olhar para mim. São apenas hormônios de gravidez. — Alice falou, enxugando o rosto.

— Venha aqui — Eu abri os braços e ela correu até mim, me apertando com força. — Eu nunca vou abandonar vocês. Sabe disso, não é?

— Sei. Eu só me sinto triste por saber que logo logo eu não vou te ver todos os dias.

Afaguei seu cabelo. Ela continuava a chorar em meu peito.

— Mas eu sempre estarei por perto, Ali. Olhe, mesmo que eu esteja morando em outra cidade, vou estar mais presente do que você imagina. Meu sobrinho ou sobrinha vai enjoar de tanto me ver.

Ela riu e se afastou para me olhar.

— Obrigada por tudo o que fez por nós, Mila. Você merece tudo de bom que está acontecendo na sua vida e quando meu bebê tiver idade o suficiente para compreender as coisas, tenho certeza que terá muito orgulho da tia que tem.

Eu sorri leve, sentindo meus olhos arderem.

— Eu te amo. — Sussurrei.

— Eu te amo mais.

Ficamos quase um minuto abraçadas, chorosas, mas com a sensação de que coisas melhores estavam por vir. Eu tinha a certeza que Alice seria uma mãe incrível, assim como ela tinha certeza de que um futuro brilhante me aguardava em Nova York – e eu rezava para que tudo isso se realizasse.