Camila Hayes
É tudo minha culpa, minha mente gritava em meio ao silêncio ensurdecedor que eu e Viktor tomávamos café da manhã.
Faziam exatos dois dias desde a nossa briga mais pesada e nosso contato havia sido quase nulo desde então. Eu queria falar com ele, pedir desculpas por tê-lo deixado desconfortável, por tê-lo feito sentir inseguro. Se eu soubesse que a conversa com Alex na festa de Jake quase me faria perdeu meu relacionamento, jamais teria falado com ele.
E aqui estava eu, olhando para Viktor, pensando em alguma forma de reverter essa situação e implorando mentalmente para que ele me olhasse, que dissesse que queria melhorar as coisas entre nós, porque eu sabia que poderiam. Sempre passávamos por isso, era somente mais uma briga.
Quando abri a boca para falar algo, ele terminou de tomar o café, vestiu o terno que estava apoiado no banco da ilha em que estava sentado e saiu.
Nem uma palavra, nem um bom dia, nada. Fechei os olhos com força, sentindo-os arderem.
Depois de comer e limpar tudo, me preparei para ir trabalhar. Essa era a parte boa de tudo. Eu poderia descontar toda minha tristeza e frustração no trabalho, depois rezar para que tudo desse certo na minha vida pessoal.
Fiz meu trajeto inteiro de táxi até o NYT e quando cheguei no meu andar, fui recebida por Stella.
― Bom dia, Camila ― Ela disse, andando ao meu lado, abrindo o seu iPad. ― Você tem alguns compromissos importantes hoje.
― Me atualize, por favor.
Parando em minha mesa, coloquei as coisas sobre ela, tirei meu sobretudo preto e apoiei na cadeira, sentando-me em seguida.
― Você tem reunião com alguns redatores do setor cultural, precisa confirmar presença em alguns eventos e Vicenzo ligou pedindo para que você retornasse para que repassasse alguns detalhes dos orçamentos para ele ― Ela disse. Eu enterrei os dedos nos cabelos, sentindo minha cabeça latejar como se estivesse de ressaca.
― Ok, entendi.
Ela bloqueou o iPad e me olhou fixamente, me analisando, preocupada.
― Desculpa a intromissão, mas você se sente bem, Camila? Se quiser, posso desmarcar os seus compromissos.
― Não, não precisa, Stella. Obrigada pela preocupação. Só estou... passando por alguns problemas em casa.
― Ah, sinto muito por isso. ― Sorri leve. ― Quer conversar? Podemos ir para a lanchonete e tomarmos um café, não tem ninguém por essa hora porque as pessoas costumam comer em casa.
Apertei os lábios, pensando em dizer não, que deveria estar trabalhando, mas eu realmente precisava de alguém que pudesse me ouvir agora.
― Seria ótimo.
Descemos juntas até a lanchonete e pegamos a mesa mais separada, onde pudéssemos ter privacidade. Por sorte os meus compromissos eram adiáveis, assim eu teria tempo para conversar sem pressão. O que eu mais precisava hoje era dar uma desacelerada e ser ouvida.
― Então, quer me contar o que houve? Ultimamente a senhora tem estado bem dispersa.
Suspirei, dando um gole no cappuccino.
― Problemas em casa. Desde que minha carga horária de trabalho aumentou, as coisas não vêm sendo boas entre Viktor e eu. Ele quer atenção e eu não posso dar.
― Mas você não o explicou?
― Um milhão de vezes. Falei que essa oportunidade é única pra mim, que amo cada parte do meu trabalho, e que isso é uma consequência. Ele também trabalha muito, então não é como se somente eu fosse a culpada.
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Lições de Uma Boa Garota | Livro 3 - Trilogia "Garotas Más"
Teen FictionCamila e Alex era o casal mais improvável de acontecer. O amor que nasceu de uma mentira e tornou-se algo puro e intenso, marcou profundamente a vida de ambos. Com o término do ensino médio e as oportunidades dando vista, os dois são forçados a se s...