Capítulo 3

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Passei o restante das aulas em total silêncio, no fim o horário do intervalo chegou e quando me assustei Miguel estava parado na porta da sala a minha espera com o seu sorriso enorme, escuto Simone bufar ao passar por mim. Finjo que não escuto e caminho até o rapaz.
— Gostou do seu primeiro dia de aula?
— Foi até bom, mas me atrasei para a segunda aula.
— É assim mesmo, até se adaptar irá perder muitas aulas.
— Ah não acredito nisso, não é possível que vou pagar esse mico todos os dias.
— Calma, vai dar certo, você nunca estudou?
— Em uma escola não, sempre estudei em casa, meu pai sempre foi muito protetor.
— Estudava em casa?
— Sim, em casa, eu tinha uma professora gentil que ia me dar aulas, aprendi muito com ela.

Nos empolgamos tanto na conversa que mal percebemos o caminho até a cantina, porém não pude evitar o incômodo de estar rodeada de pessoas, eu não pensei dizer isso, mas os humanos incomodam bastante, na cantina vimos uma mesa vazia, mas não durou muito até a Emanuelle se sentar nela e acenar para nós, seu sorriso dengoso me faz querer apertar ela, mas seu olhar me deixa intrigada, não consigo descreve-lo, muito menos decifra-lo, tem algo errado com essa garota, nos aproximamos dela, que nos oferece sua mesa para lancharmos.
— Posso sentar com vocês?  — Simone se aproxima de nós, o seu pedido faz com que Emanuelle faça uma careta engraçada.
— A Emanuelle sentou primeiro, porém não creio que ela irá lhe negar assento.
— Eu jamais, a cantina não é minha.
— Sempre delicada né donzela? — O comentário de Simone faz Emanuelle revirar os olhos, e Miguel dar um sorriso digno de Oscar.

As horas se passam rápido, nos intretemos tanto que mal percebemos que o sino voltou a tocar, e que o intervalo havia acabado, fazendo os outros reclamarem.
— Vou te acompanhar, nossa próxima aula sera a mesma, vem deixa esses dois aí. — Diz Emanuelle.
— Ei espera aí eu também quero ir. — Diz Miguel já de pé ao nosso lado, Simone faz um gesto demonstratando não gostar da situação e nos segue.
— A Simone e o Miguel já tiveram um rolo. — Emanuelle sussurra ao meu ouvido, me beliscando na cintura. — Ele só comeu, mas não gostou muito. — Continua sussurrando. — Agora ele ta caidinho por você, te conheceu hoje e já quer comer também, só que ele não é desses que come e joga fora.
— Se decide, ou ele é galinha ou não é.
— Ele só dispensou a Simone porque ela queria mandar nele, sendo que não tinham nada um com o outro.
— O que estão falando meninas?
— Aí Miguel coisa de mulher. — Emanuelle fala e revira os olhos.
— Então porque não compartilham comigo?
— Porque você está aí atrás Simone, ai menina vamos pra aula e para de abuso. — Emanuelle apressa os passos, a percebo bufar de raiva, o que me deixa intrigada, a Simone não me parece tão ruim.

O primeiro dia de aula foi uma correria só, mas foi como eu imaginei, um dia mais que perfeito, tudo na Universidade me encantou, desde as gramas na entrada aos alunos que esbarraram em mim sem parar, mas o melhor foi ter conhecido a Emanuelle, a Simone e o Miguel, me senti acolhida por eles.

Ao final da aula tenho que voltar pra casa, Romuel como um bom pai me espera na saída, me assunto ao vet Dandara dentro do carro, ela sorrir e acena pra mim, me despeço dos meus colegas e me aproximo deles com uma cara de que não entendi nada,
— Tá o que você veio fazer aqui?
— Conhecer a nova escola da minha filhota, posso?
— Ok... O que você tá querendo? Já vou avisando que não vou sequestrar ninguém.
— Credo, só vim te buscar. Poxa, sou sua mãe menina tenha respeito.
Reviro os olhos, entro no carro enquanto Dandara pergunta como foi meu dia, a matraca não se cala um segundo se quer, conto tudo no caminho, sobre a escola, os alunos, o professor gato, a Emanuelle, o gatinho do Miguel, falo até sobre a Simone, como as aulas são intediantes, e como fui bem recebida na Universidade, ela ouve tudo atenciosamente, depois demonstra a sua empolgação com a situação, principalmente em relação ao professor de matemática financeira, o que faz Romuel pisar no acelerador e querer ultrapassar o sinal.
— Romueelll; estás ficando louco, eu sou mulher, tenho o direito de achar quem eu quiser bonito.
— Você é minha mulher.
— Sou sua não, tá louco? Eu sou minha, a buceta é minha, se eu quiser sentar eu sento, e se eu quiser fazer só um boquete eu faço que a boca também é minha.
— Estás louca de falar assim comigo?
— Louco é você querendo matar o povo.

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