Capítulo 19

26 4 9
                                    

— Vejo que está bem acomodada!!! — Me assusto com sua voz melancólica, me levanto rapidamente da cama, a qual estava deitada de forma dramática.

Parado no encosto da porta, se encontra aquele que se entitula como mestre, tento não revirar meus olhos. Me sento de maneira correta, arrumando minha postura.
— O que você quer? — Pergunto e ele sorri, mostrando suas presas, ele se afasta da porta, fechando-a logo depois e começa a andar pelo cômodo, seus passos são tão leves que mal consigo escuta-los, suas roupas negras fazem com que ele quase desapareça nos cantos escuros do quarto, suas mãos atrás das costas o deixa misterioso, ele em nenhum momento ousou virar de costas para mim.
— Pequena criança, não lembra do seu último desejo? — Respiro fundo antes de responde-lo, o que o deixa intrigado.
— Até agora meu último desejo é estar com gente viva, gente morta fede muito. — Falo gesticulando que sinto cheiro ruim, o fazendo mudar a cor de seus olhos, agora totalmente negros, sinto que se esforça para controlar seus instintos.
— Oh criança, tão feia e tão mal educada, percebo que seu olfato é fraco, não sente seu próprio fedor, uma pena, se sentisse o próprio fedor não sairia de casa. — Franzo o cenho.
— Oh sinto muito, eu teria ficado em casa se o senhor não tivesse me sequestrado. — Falo pondo a mão na testa dramaticamente.
— Vejo que além de tudo age como uma idiota dos contos de fadas.
— Idiota é você.
— Já chega, não vou tolerar que me ofenda dentro de minha própria casa, és apenas uma humana inútil. — O encaro sem um pingo de medo, pois o ódio estava me consumindo, antes que eu abrisse a boca, ele à toca com seu dedo imundo. — Não ouse falar mais nada pobre criança. — Fala baixando seu corpo a minha altura, já que permaneço sentada.

Me calo contra vontade, mas estratégicamente preciso saber o que se passa na sua cabeça maluca, o que ele está planejando fazer conta mim, o observo em silêncio, seus olhos rápidos percorrem cada canto do meu ser, senti um calafrio na alma, uma de suas mãos permanecem em suas costas, seus olhos param fixos nos meus, sua boa se abre levemente, me monstrando um monte de dentes saindo de suas gengivas, e tudo o que eu havia feito até agora para controlar meus batimentos cardíacos foi por água abaixo e um desespero toma conta de mim.
— Olha o que temos aqui, uma ratinha assustada... eu poderia dançar ao som de seu coração desesperado, mas prefiro me deleitar com o seu doce sabor. — Fala antes de cravar seus dentes em meu pescoço, um grito estridente saí de meus lábios, uma dor aguda toma conta de meu pescoço, o aperto com as mãos, sinto uma força enorme vim de dentro de mim, o empurro contra a parede, que cai no chão me encarando, sangue desce pelo meu pescoço sujando minhas roupas, coloco a mão em cima no intuito de estancar o sangue.

♧♧♧

Ando de um lado para o outro do quarto escuro, a ansiedade e a vontade de estar com aquele maldito tenta me controlar, bato em minha testa, por mais que eu queira estar com ele outra vez me controlo, me recordo do modo que ele me tratou logo depois de ter estado comigo. Também tenho que pensar na Elle, não quero arrumar mais um motivo para minha única amiga me odiar.
— Pensa no Miguel, Hadassa... Você tem o Miguel e ele não merece isso. — Falo passando a mão em meu rosto. Penso em ligar para meu namorado, mas sou interrompida pelos passos de alguém se aproximando.
— Hadassa, Romuel está te chamando, vamos jogar? Melhor que ficarmos preocupados com o futuro, no momento é claro.
— Dandara sabes que eu odeio os jogos do Romuel, eu e você sempre perdemos.
— É só fazermos diferente dessa vez, eu fico com Domenico e você com ele.
— Continuo odiando. — Falo e me jogo na cama.
— O que se passa? — Pergunta alisando meu cabelo.
— Eu não sei o que fazer, o Miguel sumiu, e eu não tiro o Joseph da cabeça.
— Minha querida, você e esse Miguel estão namorando?
— Sim!!!
— Então para de ser criança e vai atrás dele, não quero que em momento algum você se envolva novamente com o pai da nossa Elle.
— Eu vou!!! — Me levanto da cama, pego minha bolsa e desço as escadas correndo, a Dandara me acompanha gargalhando.
— Então vamos jogar? — Diz Romuel ao nos ver.

Afterlife Onde histórias criam vida. Descubra agora