Brașov, Transilvânia, Romênia.
December 31, 2021"Estou estirada no chão gélido, a única coisa que vejo é aquele corpo quase sem vida, todo ensangüentado, há um belo homem ajoelhado ao lado de meu corpo, o qual não consigo ver o rosto, apenas seus olhos negros que consomem minha alma, o vestido que era perfeito encontra-se rasgado e sujo, no entanto sou mordida várias vezes, sinto sangue descendo pela minha garganta, começo a sufocar, e então meu corpo começa a queimar, é como se eu estivesse ingerido veneno, começo a me debater, meu coração que estava parando, volta a bater cada segundo mais rápido, o sangue que corre em minhas veias muda sua temperatura, o que antes era quente, deu lugar à um sangue gelado que toma conta de cada centímetro do meu corpo, meus olhos se abrem rapidamente e uma sede descomunal toma conta de mim."
Acordo desesperada, mais um ano se passa e eu continuo tendo pesadelos da pior noite de minha vida, 4 séculos se passaram e eu jamais esquecerei o rosto daquele que me transformou no monstro que sou hoje, aquele foi o outono mais duradouro dos Estados Unidos, lembro do desespero de minha mãe quando soube que eu havia desaparecido, eles me procuraram durante meses, até que meu velho pai não aguentou e veio a falecer, a jovem mulher que ficou viúva se entregou a depressão e alguns meses depois da morte de meu pai veio a suicidar-se, e eu, um monstro sangüinário, acabei desligando todas as minhas emoções, pois a dor de ver minha mãe se matando foi demais para mim.
Depois que desliguei as emoções vi o monstro que habita em mim, desde aquela maldita noite, destruir famílias inocentes, vi crianças morrerem gritando por seus pais, que também já estavam mortos, mas pude me vingar do maldito senhor William, o qual mantemos preso em uma masmorra durante todo esse tempo, ao seu lado uma plantação de verbena, este está definhando aos poucos, e toda noite eu me sento à frente de sua cela e o observo pedir por ajuda.
É o que me mantem no controle, o senhor William é a minha verbena, ele faz vir à tona todos os meus piores sentimentos, a dor, o ódio, a mágoa, o desespero de ter perdido meus pais, e o amor inocente que eu senti por ele um dia, todos esses sentimentos me faz um pouco humana.
Desde aquela noite vivo com a família Greco, eles me salvaram no dia de minha morte, e me ajudaram a me vingar do senhor William, hoje vivemos em Brașov, na região da Transilvânia, na Romênia.
Mas mesmo assim sinto falta de uma vida normal, e por viver sonhando com minha vida humana que minha família permitiu que eu frequentasse uma escola, finalmente esse ano que se iniciará à poucas horas me trará algo bom, talvez eu possa viver uma vida normal, ter amigos.
Perdida nos pensamentos me arrumo para tomar o último café da manhã do ano, mesmo com o paladar aguçado temos que fingir sermos normais, aliás estamos vivendo ao lado de humanos, nos mudamos para cá há uma semana, e os vizinhos insistem em nos visitar, por isso sempre temos que manter o controle, o que não é nada fácil.
A nossa família é pequena, há poucos membros, quando eles me salvaram já viviam os três, a Dandara é a matriarca da família, casada com o Romuel, ela é bem educada, se porta como uma rainha, seu olhar superior e seu jeito meigo lembra minha mãe, ela é a mais controlada de nós, anda sempre com seu cigarro nas mãos, e seu sorriso encantador nos lábios, seus olhos azuis deixam seu rosto ainda mais lindo, que é perfeito como de um anjo, seus cabelos ruivos e seus lábios carnudos a deixam ainda mais encantadora, seu corpo parece que foi desenhado por Leonardo da Vinci, de tão magnífico que é, suas curvas sempre destacadas por seu vestido curto e colado, o que deixa seu marido enciumado, Romuel é um homem calmo, porém fica louco quando alguém se aproxima de sua bela esposa, ele é o chefe da família Greco, consegue controlar a todos, afinal de contas ele foi designado pelo criador para cuidar da família, cada família tem um chefe, e o que um membro faz de errado ele que sofre as consequências, portanto ele está se arriscando para me ver feliz, seu olhar é marcante e desafiador, seu corpo escultural deixa qualquer mulher de pernas bambas, inclusive eu, mas o respeito como um pai, se não fosse por ele hoje eu não estaria viva.
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Afterlife
VampirosHá séculos a minha raça vaga em meio aos humanos, alimentando-se de seu sangue doce. Eu repudio essa sede de matança, sede que faz minha garganta doer, como o fogo do inferno. Inferno... É para lá que eu e meu povo iremos, graças ao nosso criador, a...