— Angèle de la Barth... — Fala ao adentrar o quarto, Amélia o encara confusa, faço um gesto para que saia já que estou pronta, após a porta se fechar volto meu olhar para o mestre que me encara de forma estranha.
— Quem? — Pergunto.
— Está linda querida. — Me elogia com o olhar de sempre, gesticulo agradecida e sorrio amarelo. — Eu estive pensando na Angèle. — Continua.
— Sinto-lhe desapontar, mas a Angèle morreu há anos.
— Isso eu sei, ela era tola em relação à humanos e suas paixões, mas o que quero dizer... O seu poder, deve ter algo ou alguém que contenha algum requisito de sua magia! — Diz de forma pensativa. — O foco seria encontrar isso, seria interessante ter isso em mãos, apesar de não ter tanta diferença para mim, mas seria divertido. — Diz com um largo sorriso. " Não seria de tanta diferença para ele? Aquela mulher era tão poderosa quanto ele, ou até mais..." Penso enquanto desvio meus olhos dele.
— Então, devo mudar meu foco dos Grecos? — Pergunto.
— Por hora sim, eles são apenas baratas no meu caminho, estão vivos por um mero capricho da minha parte.
— Barata serei eu nas mãos de Angèle, ou de seu portador. — Bufo chateada.
— Queimada...
— Eu serei queimada? - Pergunto dramática.
— Não seja tola Karmin, não temos mais tempo, nem idade para isso, sabes bem que um ser criado por mim não se queima no fogo, no mínimo irá deformar seu rosto lindo.
— E eu não devo me preocupar com isso? — Pergunto e seus olhos ficam negros.
— Minha paciência tem limite, não abuse Karmin! — Diz e meu corpo treme, poucas vezes ele me olha assim.
— Perdão mestre... — Peço e abaixo minha cabeça.
— Você pode ser uma dos primeiros, mas não abuse tanto, minha paciência estar curta ultimamente, e eu acho que seria um baita desperdício arrancar sua cabeça. — Diz quando seu rosto começa a se deformar. — Faça o que mando Karmin, e não me questione nunca mais, fui claro?
— Sim mestre.
— Eu gosto de você!!! — Fala com um sorriso esquizofrênico no rosto. — Mas tente continuar a fazer as coisas certas, assim todos ficam todos felizes, igual os contos de fadas que a humana gosta. — Seu sorriso muda, dando lugar à uma calmaria que não existe nele.
— Somos os vilões. — Falo o encarando.
— Mas na minha história venceremos, e nós seremos felizes para sempre, agora vamos, teremos um jantar.
— Soltou seu monstro esses dias?
— Ele precisava pegar um ar, não tenho o tempo todo menina, vamos, apressa-te. — Fala erguendo o braço para que eu o pegue, faço e saímos do quarto. — Vamos, sorria, sempre será a pessoa em que mais confio, e quero lhe pedir algo, algo que eu devia ter feito por você e não fiz. — Pela primeira vez o mestre desvia seu olhar do meu.
— Sim mestre?
— Cuide da pequena humana.
— Darei minha vida para que ela fique segura. — Respondo e ele aperta minha mão que está envolta de seu braço.♧♧♧
— Com licença senhora. — Uma moça entra no quarto, seus olhos são azuis e sua pele é branca tão linda e delicada como uma obra de porcelana, o chapéu antigo esconde um pouco de seu cabelo, castanho claro, nariz perfeito e uma boca delicada, seu olhar é penetrante e um pouco sombrio, porém marcante, fico pasma com sua beleza, parece ter saído de algum livro. — O lord Vlad pediu para que eu lhe ajudasse, vejo que já está quase pronta.
— Oh sim, desde muito cedo meu pai me ensinou a me arrumar sozinha, sempre dizia que o mundo não veria minhas qualidades, e que se eu estivesse bem vestida, os defeitos não fariam muita diferença.
— Inteligente da parte dele.
— E como se chama?
— Perdão senhora, sou Amélia, dama de companhia da senhora Karmin, mas o mestre está com ela no momento, e me mandou vir pra cá.
— E ainda existe isso?
— Sabes quem eles são?
— Vampiros antiquíssimos.
— Sim querida, tenha cuidado com eles, ambos não possuem sentimentos dentro de si.
— Não tenho medo deles. — Falo e dou de ombros.
— Não é para ter medo. — Fala me virando de frente para o espelho, a encaro, eu reflexo aparece no espelho, respiro aliviada por não ser mais uma vampira. — É para ter cautela, medo deve ter da senhora Zella, é uma esquizofrênica, fanática por poder, quer tomar o poder do marido e controlar suas criações. — A observo pentear meus cabelos, por um momento penso em dizer algo, mas prefiro apenas ouvi-la. - Devia saber que corre perigo aqui.
— Mas sou uma prisioneira.
— Faça algo para se livrar e fuja, antes que seja tarde, eu não quero que viva a vida toda como eu, sinto o seu...
— Aiii...
— Oh sinto muito. — A moça fica tão aflita que enrola o pente em meus cabelos.
— Não se preocupe, mas porque está a me falar tais coisas? — Me viro para ela, que me volta rapidamente para a frente do espelho e termina meu penteado.
— Venha, está linda. — Encaro minha imagem no espelho, meu penteado é simples, um coque alto, com algumas mechas caindo sobre meus olhos, levanto um pouco do vestido para que eu consiga sair da cadeira, o vestido não é nada simples, sua saia é longa e rodada, com alguns detalhes como ramos de folhas brilhantes, diria que são pedrinhas de diamantes; sua cor branca o torna delicado, o corpo em tule, tão transparente que mostra quase toda minha pela, algumas pequenas partes escondidas pelos detalhes das folhagens, seus botões atrás o fazem delicado, e uma cintura apertada com um fio de seda, me deixando elegante, sorrio enquanto rodo.
— Tão lindo e tão delicado. — Diz Amélia com um sorriso enorme nos lábios.
— És sofisticada, sempre foi dama de companhia da Karmin? — Pergunto curiosa.
— Sim. — Responde evitando me olhar nos olhos.
— Sabia que tinha alguém por trás dos trajes elegantes da vampira. — Falo entusiasmada, e ela sorrir.
— Já está pronta querida? — O Vlad adentra o quarto, Amélia se curva levemente para ele e Karmin se retirando em seguida.
— Estou pronta.
— Trajada de branco, parece que vai se casar! — Exclama Karmin sorridente, engulo seco, já que as minhas roupas estão sendo escolhidas pelo o próprio Vlad.
— Fique tranquila humana, não farei tal artimanha, não agora. — O vampiro fala com um sorriso travesso nos lábios. — Vamos, nossos convidados nos aguarda.
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Afterlife
VampireHá séculos a minha raça vaga em meio aos humanos, alimentando-se de seu sangue doce. Eu repudio essa sede de matança, sede que faz minha garganta doer, como o fogo do inferno. Inferno... É para lá que eu e meu povo iremos, graças ao nosso criador, a...