Capítulo 9

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  Mais uma semana se vai, e as coisas em minha vida acontecem repentinamente, o Domenico não direciona nem seu olhar à mim desde o episódio daquela noite.

Com o tempo meu medo por ele foi desaparecendo, minha vida está seguindo o rumo que eu tanto desejava. Tenho amigos e um namorado extremamente romântico, porém algo está acontecendo em casa, Romuel está muito quieto e até mesmo Dandara já notou, ele anda mais cauteloso que o normal.

   Termino de me arrumar para ir para a faculdade, as férias se aproximam, a angústia de ficar longe de meus amigos toma conta de mim, desço as escadas e me deparo com a Simone parada no meio da sala.
— O que você tá fazendo aqui?
— Amiga, não me sinto bem, resolvi te procurar.
— Simone doida, daqui até a cidade é no mínimo uns 2 quilômetros, e como tu achou a minha casa?
— Amiga, eu conheço muita gente. — A Simone é o tipo de patricinha da cidade, que conhece todo mundo, seus pai é o prefeito da cidade, sua mãe a primeira dama, ela a garota rica que manda e desmanda em todo mundo.
— Quem abriu a porta pra ti?
— Não posso vir na sua casa?
— Pode, mas quero saber quem te recebeu.
— A sua mãe.
— A que bom.
— Porque a preocupação?
— Nada... — Disfarço para que ela não perceba que temo pelo Domenico, ele pode tentar fazer alguma coisa contra ela, por ser humana e ele não gostar.
— Fiquei chateada, a Norton já veio aqui e você nem se quer me convidou, também sou sua amiga. — fala, estranho o fato dela chamar a Elle pelo sobrenome.
— Bem, é claro que é minha amiga, não precisa ter ciúmes da Elle! — Falo.
Agradeço mentalmente por Elle não ouvir isso, ela odeia Simone por algum motivo e ela deixa isso bem claro. Ambas não se dão bem, porém não tenho nada contra ela.
— Tem algo programado pra fazer? — Pergunto sorrindo.
— Na verdade não, por que não me mostra a casa? Parece bem antiga...
— Temos que ir pra faculdade. — Falo fazendo bico.
— Ainda temos tempo, a senhorita Norton dormiu aqui, e quanto a mim, você nem quer que eu veja a casa. — Fala fazendo carinha de choro.
— Vamos, quer conhecer o que primeiro?
— O andar de cima. — Fala olhando para a grande escadaria, logo agarra meu braço e praticamente me puxa para cima.
— Hadassa??? — Domenico nos encontra no fim da escadaria, depois de dias sem me dirigir a palavra, hoje me chama pelo nome, olho pra ele sem entender nada. — Mais uma amiguinha passeando em nossa casa, não se cansa de me tirar do sério?
— Sinto muito Domenico, ela veio de surpresa, eu não esperava, nem teve como avisar.
— Oh prazer, me chamo Simone Lords.
— Hadassa espero que um dia você entenda que nem tudo o como você quer, e que pare de agir como uma criança mimada. — Fala sem direcionar o olhar para a Simone, que fica parada com a mão estirada em direção à ele que sai sem toca-lá.
— Grosso ele né?
— Você nem imagina.
— Mas deve ser gostoso. — Ela dá um sorrisinho cínico, reviro os olhos, nunca parei para imaginar o Domenico como homem, pra mim ele sempre foi o monstro dentro do guarda-roupas que toda criança tem medo, olho de esguelha para Simone, ela parece radiante só por ter se apresentado ao Domenico, mesmo ele nem ter dado atenção a ela, não nego que ele seja bonito, porém é mortal, a coitada nunca teria uma chance.
— Precisamos sair um dia, você e eu, só nos duas. Seria legal se seu tio fosse...
— Ele não é meu tio, e lamento cortar sua alegria, mas ele não é de se envolver com alguém.
— Ele é gay? - Pergunta desanimada.
Dou de ombros tentando não rir, sei muito bem que ele está ouvindo tudo o que estamos falando.
— Você não queria conhecer a minha casa, então vamos.

    Mostro à ela todos os cômodos da casa, menos o andar de cima, há uma escada, que leva à uma espécie de sótão, lá tem uma sala e duas portas, uma delas é o quarto do Domenico a outra é a biblioteca dele, o andar é restrito, ninguém pode ultrapassar.
— E essa escadaria? — Pergunta curiosa.
— Não me pertence, vamos, estamos atrasadas para a primeira aula.
— Você se esqueceu quem sou eu?
— Na Universidade é apenas uma aluna; vamos. — A puxo indo em direção a garagem, antes de sairmos da casa vejo Domenico de costas conversando com Romuel, que me olha, fazendo com que Domenico vire um pouco o rosto, noto seu olho em mim, dou um leve sorriso para Romuel e saio.
— Hadassa ainda está aqui? — Encontro Dandara na garagem.
— Dandara sinto muito, a Simone me enrolou aqui.
— Ela me falou que veio apenas buscar você.
— Dandara depois a gente conversa, estou atrasada. — Simone já está com o carro ligado, abro a porta, mas antes de entrar Dandara se direciona à mim.
— Não nos decepcione querida, te amamos muito.

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