Capítulo 14

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Ele leva meu corpo pelo salão, encaro a Hadassa, que me olha de forma estranha, deixo que a música me leve, meu pai me deu educação, não posso largar o tal Lord e sair correndo, meus passos são precisos, acompanha os dele lentamente.
— O que aconteceu princesa, o gato comeu sua língua?
— Meu pai me ensinou a não responder os mais velhos. — Falo, lembrando-me de ter sido chamada de criança, por incrível que pareça ele não muda a sua expressão.

Continua a me levar para o meio do salão, com um aceno faz todos os outros voltarem a dançar, Romuel pega na mão de Hadassa e segue a dança, Domenico faz o mesmo com Dandara, porém não tiram os olhos de nós.
— Você não devia se misturar com os Grecos, eles mentem para você. — Reviro os olhos com o comentário.
— Eu nem sei quem você é Lord de araque, até ontem para mim você nem existia, e do nada me surge um lord, e ainda vem dizer que meus amigos mentem.
— Pobre criança, iludida com a bondade alheia, creio que tenha visto o quanto sou idolatrado pelos meus.
— Esse povo que está aqui parecem retardados.
— Olha... — Ele direciona seu olhar para uma moça, a mesma que se aproximou de nós na entrada, o seu olhar está fixo em nós, a sua frente está a tal Zella, esposa do lord, ela nos encara, sua expressão é de ódio.
— Estou vendo a sua esposa com muita raiva, porque não deu a sua mão para que outro dançasse com ela?
— Porque ela pertence à mim, e será só minha até seu último suspiro. — Tento não surtar, que porra de homem fala isso de uma mulher? Mantenho o máximo controle sobre mim, a minha reação normal seria surtar e lhe dá um bofete em seu rosto, porém lembro da reação dos loucos que estão no salão, posso ser linchada se isso vier a acontecer.
— Ela não é um objeto.
— Pra mim é, todos aqui me pertencem, inclusive você, eu fiz cada um deles ressurgirem das cinzas, menos aquela... — Seu olhar ligeiro percorre o salão até chegar em Hadassa, meu coração chega a parar, engulo seco, e mantenho o ar pressionado, para que ele não perceba o meu nervosismo.
— Você é louco? Quem fez todas as pessoas foi um Deus, ou evoluiram de alguma coisa, não sei, teorias descrevem a origem da humanidade dessas duas maneiras, e tenho certeza que estou dançando apenas com um velho sádico.
— Eu sou quase um Deus minha querida, olha ao seu redor, você é apenas um cordeiro em meio aos lobos. — Com um giro ele me leva às alturas, e mais uma vez a família Greco para de dançar e nos encara, duas voltas no salão é o bastante para irmos ao canto do salão, ele me gira novamente, e me joga em seus braços, encaro o madito espelho que há na parede, não vejo nada, apenas a mim mesma, olho rapidamente para os Greco's, Hadassa vira o rosto, Domenico me encara, seu olhar é de arrependimento, de dor, Dandara me parece apavorada, e Romuel por incrível que pareça demonstra calmaria.

Tenho que tomar uma decisão rápida, não posso sair correndo, eu seria morta no mesmo instante, eu pensei que esses monstros só existiam nos livros de minha mãe, ela me deixou um livro de história, e eu lia quando era mais nova, me fazia dormir, mas eu imaginava que eram apenas histórias, nada mais que isso.
— Bem que eu suspeitei que era um morto vivo, pela sua idade é de se imaginar. — Ele me encara, sei que esperava alguma reação de mim, um grito, lágrimas, medo, pavor, observo meus batimentos cardíacos, nos livros de minha mãe, sempre falam que ao lado de um vampiro temos que nos manter calmos, que os batimentos cardíacos tem que controlados, e que nós temos que usar o controle disso como nossos aliados.
— Devia correr agora.
— Devia calar a boca e terminar a dança. — O puxo pelo salão, sem tirar os meus olhos dos dele.

Ele leva a mão a minha cintura, me fazendo ficar completamente colada em seu corpo. Seus olhos ficam quase negros, enquanto eu tento manter meus batimentos em um ritmo calmo, se for para morrer, que seja com dignidade. Se ele acha que vou me tremer de pavor, está completamente enganado.
— Não teme a morte? — Pergunta aproximando sua baco em meu pescoço, ele o cheira e sinto sua língua em minha pele.
— Não, no fim todos morreremos de alguma forma. Do que adianta temer algo inevitável?
— É mesmo uma coisinha insignificante e mal educada, devia estar curvada aos meus pés implorando pela vida.
— Jamais me curvarei à alguém como você.
— Devia jovenzinha, você se meteu onde não devia, e vai acabar como todos os humanos em nossas mãos, mortinha.

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