Capítulo 52

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Confesso estar apreensiva para falar com meu pai, venho fugindo disso há dias, além de confronta-lo sobre a minha mãe, irei lhe informar que vou largar a faculdade, não seria agradável eu estar na sala de aula, e vários vampiros e lobos entrarem pela janela tentando me matar, logo todos vão saber sobre a criança e eu estarei na mira da Zella e dos anciãos, todos estariam em perigo.

   Domenico dirige em silêncio, muitas vezes me observa, ele me olha como se soubesse de todos os meus pecados, inclusive os piores deles, seu olhar chega a doer em minha mente.
— Oompa Loompa, porque não contou para a Hadassa sobre sua gravidez?
— Como sabe disso?
— Digamos que o Connor não sabe disfarçar seus sentimentos por você, e eu o ouvi falar com August.
— Agora está dando de ouvir por trás das portas?
— Digamos que eu estava na hora errada, no lugar errado, não foi proposital, eu juro.
— Ah Domenico pudera, você não tem mais idade para tal ação.
— Eu já disse que foi sem querer poxa.
— Sem querer...
— Acredita em mim poxa.
— Tá, mas não conta pra ninguém, essa criança tem um lado negro e talvez o Romuel não o aceite, nem a Dandara.
— Eles não tem nada a ver com a sua vida, você quem decide quem deve estar perto do seu filho ou não, e enquanto eu viver, eu prometo que ninguém faz mal, nem a você, e nem a esse bebê.
— E a Hadassa?
— A Hadassa vai amar essa criança da mesma forma que ama você, tenho certeza que ela fará de tudo para estar perto de vocês.
— Mas por enquanto guarda isso em segredo, agora eu preciso falar com meu pai, depois a gente decide quem vai saber sobre o meu filho. - Falo assim que o carro para de frente a minha casa.
— Ta bom, eu vou com você.
— Eu prefiro ir sozinha, os Oberon's estão na casa, Claud é extremamente irritante. — Domenico reluta, mas concorda logo em seguida, a minha conversa com meu pai será longe e esclarecedora. Desço do carro e sigo lentamente até a entrada, o silêncio atrás da porta surgere não haver ninguém, ou apenas meu pai, pego as chaves em minha bolsa, abrindo a porta em seguida, mesmo eu não me sentindo bem em adentrar a casa, faço sem relutar, preciso saber sobre a minha mãe, sobre o meu passado.
 
     Caminho a passos largos pela sala, indo até a cozinha, meu pai adora cozinhar, me admiro da cozinha esta tão suja, volto em direção a sala, rumo a biblioteca, o encontro em meio aos livros de minha mãe, me parecendo confuso.
— Minha querida, que bom vê-la, decidiu voltar para casa? — Fala sem direcionar o olhar a mim. — Os Greco's a trataram bem?
— Eles sempre me tratam bem papai, mas não vim pra ficar, só quero falar com você. — Minhas palavras o faz pousar seu livro sobre a mesa e me encarar.
— Quer falar sobre o que? Vai se casar com o tal Domenico? — Meu pai insiste em meu relacionamento com o Domenico, me fazendo sorrir.
— Papai, o Domenico namora a Hadassa, e não vim falar sobre isso.
— É sobre o que? — Fala tirando o óculos de leitura, juntando as mãos sobre o livro.
— Da minha mãe, descobri algo sobre ela, e já está na hora de jogar limpo comigo. — Me sento em sua frente.
— O que descobriu?
— Ela era uma bruxa. — Ele respira apático, era como se já estivesse esperando que eu já havia descoberto tal coisa.
— Sua mãe era uma mulher boa, ela estava sempre ajudando as pessoas, não tinha tempo ruim para ela, a felicidade era constante em sua vida, ela desconhecia o mal... — Penso em questiona-lo, falar sobre a verdadeira face de Angèle, sobre sua filha deixada a própria sorte no passado, porém não posso colocar a Dassa em perigo, se eu falar algo sobre ela, logo todos irão descobrir que ela é na verdade uma vampira. — Eu me apaixonei assim que a conheci, logo descobri que era bruxa, mas isso não mudou o que eu sentia, logo descobrimos que ela estava grávida....

   Fico em silêncio, observando meu pai falar sobre a minha mãe, o quanto ela era boa e como ele teve que largar a vida de caçador por causa dela, enquanto relembra seu passado, lágrimas percorriam sobre o seu rosto, até que então chega ao episódio de sua morte...
— Estávamos aqui na biblioteca, haviam caçadores por toda parte, eles queriam mata-la, pois havia surgido uma nova profecia no grimório antigo, grimório esse que antes fora da primeira bruxa existente no mundo, mas que naquele momento pertencia a Van Hellsing, ele o havia roubado, essa profecia constava o nascimento de uma criança que traria o Drácula de volta do submundo, ele devastaria a terra por essa criança, eles deduziram que seria você, filha de Angèle, com sangue de Van Hellsing, Angèle não viu outra alternativa se não matar todos eles, para salvar você, porém não esperávamos que um deles antes de morrer, a mataria.
— Porque não me contou a verdade? Sempre fomos honestos um com o outro, até ontem você era um mero diretor de Universidade, hoje é um caçador de bruxas, que largou a profissão por ironicamente ter se casado com uma bruxa, sua casa está repleta de caçadores e sua cozinha tá imunda, enquanto você fica enfiado nessa biblioteca lendo os livros de minha mãe, livros esses que eu não podia nem tocar.
— Eu não podia falar nada, você estaria correndo perigo.
— Perigo esse que seria inevitável, já que minha mãe me amaldiçoou com seus poderes.
— Não seja tola Emanuelle, sou seu pai e sei o que é melhor para você! - Diz como se tivesse o controle da minha vida.
— Será mesmo pai? Coloca nessa sua cabeça, que não sou um dos seus brinquedos para decidir o que quer da minha vida, aaaah... É mesmo, sua esposa já fez isso antes de você! — Falo quase gritando de ódio. — A minha vida, toda não passou de uma mentira e de manipulação, de pessoas que querem ser donas do mundo.
— Já chega, não quero discutir com você.
— Você sabia que eu era uma bruxa? Que eu herdei os poderes de minha mãe?
— Eu tentei evitar que você soubesse, mas aí você começou a sair com aquela sua amiguinha com cara de louca, depois começou a sumir, nem ela mesma sabia onde você estava, ela foi o elo pra você se afastar de mim.
— Está dizendo que a Hadassa...
— Não estou dizendo que a Hadassa é algo sobrenatural, só estou dizendo que ela afastou você de mim, eu perdi o controle.
— Ahhhh sou um ser sobrenatural para você papai?
— Não, Elle, me ouve.
— Você perdeu o controle sobre mim não é isso? Agora se não se importa o monstro fora de controle está indo embora.
— Elle não... — Me afasto antes que suas mãos me toquem, é completamente inacreditável que meu pai possa ter escondido algo assim de mim, é como se ele amasse apenas a Emanuelle humana, e a bruxa fosse suja, o pior é ele ter mantido essa mentira por tanto tempo, uma hora me conta uma coisa, outra hora me conta outra, eu sempre soube que minha mãe gostava de seres sobrenaturais e das histórias de Van Hellsing, mas eu pensava ter desaparecido no tempo, até conhecer a Hadassa e sua trupe, caindo nos braços do Drácula, é tudo tão confuso.

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