Bastou uma semana para que eu fosse esquecida, talvez não totalmente, mas sinto que todos estão vivendo suas vidas da melhor forma que conseguem, deixando minha pequena aventura esquecida no interior de seus corações obscuros, as vezes sinto que estar lutando contra minha mãe dentro do meu próprio corpo tenha me deixado um pouco mais surtada, tenho perdido os melhores momentos com minha sobrinha, Elle nem deixa meu corpo tocar em minha sobrinha, e eu a entendo, no seu lugar faria o mesmo, ninguém faz idéia do que Angèle poderia fazer com a pequena, Drácula tem se mostrado um pai bom, razoável, por ser um vampiro de mil anos e cheio de mortes em sua lista, até que tem se saído bem, Domenico tem lutado dia e noite para arrancar minha mãe de dentro de mim, mas até agora não teve sucesso, meu maior medo no momento é dele desistir de vez, e deixar ela tomar conta de meu corpo o resto da eternidade, talvez seria bom para ele, reatar o relacionamento com Briana, viver na alcatéia ao lado da Dandara, como eram antes, eles eram felizes, mal sabiam que um dia estaríamos nesse mesmo lugar, com mil pedaços nossos quebrados, vejo como todos estão despedaçados com tudo o que vivemos até então, perdemos pessoas que amamos por mero capricho, alguns de nós só queríamos ser amados, outros reconhecidos, e outros queriam poder, ser maior que os outros, e tudo isso nos trouxe ao mesmo lugar, juntos, daqui de dentro, posso ver a dor no olhar de cada um, se eu soubesse que meu sonho de estar em meio aos humanos fosse me trazer tanto sofrimento, eu jamais teria trazido minha família para cá. Mas o que mais me dói é poder saber todos os planos que a maldita Angèle fez para todos que estão ao seu redor, e não poder fazer nada para mudar isso. Ver meu marido sofrendo e não poder dizer a ele que eu vou vencer minha mãe e arrancar ela de dentro de mim, tem me dilacerado diariamente.
♧♧♧
— Hadassa se sente esquecida aqui dentro... — Ouço a risada estridente de minha mãe, enquanto Domenico aperta os punhos, luto incansavelmente para tirá-la do controle de meu corpo e dizer a ele que está tudo bem, e implorar para que ele não me esqueça, porém é em vão.
— Eu nunca a esquecerei Angèle.
— Huumm, acho que deveria esquece-la, é tão quente aqui dentro, devia sentir o cheiro de sua mulher, sinta seu doce perfume, o sabor de seus lábios, te garanto que irei lhe dar mais prazer que um dia ela já deu. — Fala tocando em seu ombro com a ponta dos dedos, Domenico a afasta. — Eu só estou tentando ajudar, você terá o corpo de sua mulher, comigo dentro, farei coisas que ela teria vergonha até de mencionar.
— Eu abomino você Angèle de la Barth.
— Ingrato, eu o criei, em algum momento de minha existência consegui ser boa, te fiz um homem.
— E apagou minha memória, que bela criação a sua não é mesmo?
— Se é pra culpar alguém, culpe sua irmã, ela que me pediu isso, por mim, você deveria saber quem era seu pai, o que você realmente era. — Angèle volta a toca-lo, o fazendo se esquivar. — Um dia irá ceder, tenho tempo o suficiente para esperar, até lá irei me divertir com outros homens, ver se esse corpo aguenta mesmo tudo o que tenho para ele.
— Não ouse sair daqui com o corpo de minha mulher, muito menos deitar-se com outros homens, eu a mato. — Domenico aperta meu braço, sinto seu toque, e por um momento pensei estar tomando conta de meu corpo novamente.
— Não tão fácil, solte-me, vejo que você é minha criptonita.
— O que? — Pergunta confuso.
— Minha verbena, acho que sabe o que a verbena faz com os vampiros não é mesmo?
— Os atrasa um pouco...
— Como a água benta faz com os demônios, sal com os fantasmas.
— Foda-se seus conhecimentos Angèle, quero minha mulher de volta... — Angèle puxa bruscamente o braço da mão de Domenico.
— Faça isso de novo e eu a mato, sua mulher está nas minhas mãos e eu farei o que quiser com ela, foi ela quem escolheu isso e ela quem vai sofrer as consequências dos atos de todos vocês, avise Emanuelle que não tente nada.
— Se você cruzar a saída da alcatéia, eu saberei, e eu a matarei com minhas mãos, mesmo que isso signifique matar a minha mulher.
— Dramático, só sairei com meus poderes. — Fala revirando meus olhos, se eu não estivesse vivendo isso diria que era loucura, vejo Domenico se afastar, enquanto minya mãe sorrir estridente, chamando a atenção de alguns lobos na alcatéia.
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Afterlife
VampireHá séculos a minha raça vaga em meio aos humanos, alimentando-se de seu sangue doce. Eu repudio essa sede de matança, sede que faz minha garganta doer, como o fogo do inferno. Inferno... É para lá que eu e meu povo iremos, graças ao nosso criador, a...