A noite de réveillon foi uma das piores que já tivemos, a Dandara não se animou pra nada, todo ano durante 4 séculos o Domenico passava conosco, mesmo ele não sendo simpático comigo, sempre foi apegado a irmã, e essa noite foi diferente, as senhoras da cidade nos convidaram para jantar e brindar a chegada do novo ano, Romuel praticamente nos obrigou a irmos, como sempre a doce e delicada Dandara me jogou na cara que estávamos indo por minha causa que insistia em ser humana novamente, alegou que não estamos mais no século XVII, que a vida de lá pra cá mudou e que eu nunca serei humana, não dei atenção, eu vou atrás do que eu quero, e o que mais quero agora é uma vida normal, ou algo que chegue perto disso.Desde aquele dia Domenico não frequenta mais a casa, nem dá notícias para a irmã, já tem uma semana desde a nossa briga, fico triste por Dandara, mas fico um pouco mais aliviada ao andar pela casa, agora posso expressar minha felicidade ao ir pela primeira vez em uma faculdade humana, durante todos esses anos estudei em casa, nunca fui em uma escola normal, quando vivia com meus pais eu era escondida do mundo, depois, mesmo não sendo mais humana, não precisando mais me esconder do mundo, fui obrigada a viver reclusa, pelo simples fato de não conseguir me controlar.
— Quando você começa a estudar?
— Essa semana, o Romuel está resolvendo as coisas.
— Sim, e a única coisa que eu queria era que o meu irmão voltasse para casa.
— Você acha que ele não vai voltar?
— Eu não sei, ele nunca se separou de mim, foi ele quem decidiu que íamos ser vampiros.
— Você nunca me contou como foi que se transformou.
— E nem vou, um dia saberá, vamos, precisamos fazer compras, você tem que estar maravilhosa na escola.Meus pensamentos sempre me levam para onde não quero ir, mas os afasto para o canto mais escuro da minha mente, vou viver esse momento, aproveitar que enfim posso dizer que tenho uma vida quase humana, vejo um sonho sendo realizado, finalmente terei contato com pessoas, como sempre sonhei desde o dia que me transformaram nisso que sou hoje.
As compras no shopping foram exageradas, Dandara sempre me levou uma vez ou outra para fazer compras, sempre acompanhando a moda, ela nunca vestiu algo que não era tendência na época, com o passar dos anos a fortuna da família Greco aumentou cada vez mais, nos tornando assim uma das famílias mais ricas entre os nossos.
Os dias se passam rápidos, mesmo com a ansiedade me tomando o ar, eu consigo me distrair com os afazeres do dia-a-dia, aderi à anos uma dieta rigorosa, me alimento apenas de animais, o que o meu lado humano prefire, mas o monstro dentro de mim só ingere devido ao fato de precisar se alimentar, nenhum de nós hoje em dia nos alimentamos de sangue humano, mas não sei se o Domenico cumpre com o combinado, por ainda estar longe de casa.
A noite chega rápido, com o raiar do dia virá uma nova vida, iniciarei um ano letivo presencial, as emoções se misturam dentro de mim, a alegria, o medo, a ânsia de estar entre humanos, e outros sentimentos que desconheço me impedem de pregar o olho, passo a noite em claro, reviro de um lado para o outro da cama, já de madrugada ouço um barulho do lado de fora da casa e um vulto passando do lado de minha janela, que deixei aberta pelo simples fato de amar ver a luz da Lua, e o vento frio soprar as cortinas, o frio na minha pele faz com que eu me sinta viva, quando se desliga as emoções nada disso importa mais.
Levanto da cama, e desço as escadas correndo, vestida apenas com uma camisola transparente e descalço, meu coração falta sair pela boca quando ele se aproxima por trás de mim, sua respiração no meu pescoço faz com que eu perca os sentidos, o medo toma conta de mim, e eu me amaldiçou por isso, aperto meus dedos, e fecho os olhos, na minha cabeça ele vai me matar ali mesmo, arrancar minha cabeça e espalhar meus pedaços por toda a sala.
— Você não cansa monstrinha?
— E-eu não sabia que e-era você. — Falo em um sussurro gaguejando.
— Voltei para casa, mas não se aproxime de mim, não serei tão bonzinho da próxima vez, caso ouça algum barulho em casa lhe aconselho que fique no seu quarto, cubra seu rosto com a coberta, ou finge de morta, é o que vai lhe acontecer se continuar no meu caminho.
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Afterlife
VampirosHá séculos a minha raça vaga em meio aos humanos, alimentando-se de seu sangue doce. Eu repudio essa sede de matança, sede que faz minha garganta doer, como o fogo do inferno. Inferno... É para lá que eu e meu povo iremos, graças ao nosso criador, a...