Domenico me abraça em meio a água do lago, os seus beijos acalmam minha alma turbulenta, porém, o plano que era passar o dia no lago, sem sermos perturbados, fora desfeito antes mesmo do meio dia, por um desespero que insiste em perturbar algo dentro de mim, como se algo estivesse a ponto de acontecer.
— Domenico, preciso saber como a Elle estar, sei que não estou agindo certo com ninguém ultimamente, ela é minha irmã, e tudo o que consigo é considerar como um ato de misericórdia o que Dandara fez com ela, se algo acontecer com minha irmã, por descaso meu, jamais irei me perdoar.
— Não fica assim, você tem uma história com a Dandara, é normal que não esteja a odiando.
— E você é seu irmão, mesmo assim está a odiando.
— É diferente, ela mentiu sobre toda a minha existência, e continua fazendo tudo errado, a verdade é que deviamos parar de nos preocupar com o que poderia ter acontecido, e cuidar para não cometermos os mesmos erros, és forte Hadassa, usa essa raiva reprimida dentro de você e ganhe o mundo, não se esconda por trás de uma máscara, é uma dhampir, você acordou meu lobo que estava adormecido por séculos, despertou um amor que eu jamais pensei sentir por alguém.
— Temo a vida dos que amo. — Desvio meu olhar do seu, que suspira apreensivo, já lhe dei tanto trabalho que não me admira estar preocupado com mais uma atitude inconsequente de minha parte.
— Também temo, mas tem coisas que não podemos controlar, vamos tomar uma atitude agora, ou a Dandara está do nosso lado ou está contra nós, e não se culpe se algo vir a acontecer, não se sinta egoísta por querer viver sua própria vida, tem todo o direito de escolher seu próprio caminho.
— Não vai conversar sobre seu pai com a Dandara? — Mudo o assunto, tentando dissipar a angústia de dentro de mim.
— O Drácula não é meu pai... Não tenho o que conversar... — Responde esbravecido.
— Deve considerar a idéia, pelo menos agora sabe a verdade sobre sua existência, o que é bom de certa forma.
— Hadassa, esquece esse assunto, vamos curtir nosso dia...
— Vamos voltar... — Domenico franzi o cenho, afinal ele não esperava minha reação. — Não é justo estarmos curtindo um dia romântico, enquanto a Elle está passando mal. — Continuo.
— Tem razão, quando ela melhorar irá nos dar uma bronca. — Sorrio com suas palavras, saindo da água, ansiosa para receber a bronca de minha irmã, melhor ela brigando, que definhando em cima de uma cama. Pego minhas roupas, as vestindo ainda molhada, Domenico faz o mesmo.Caminhamos tranqüilamente em meio as árvores, ouço em silêncio as histórias de Domenico de quando se lembra de sua existência, grande parte de sua infância fora apagada de sua mente, e sua adolescência, mas uma parte ele se lembra e parece nervoso ao contar, o dia em que encontrou o lorde Drácula pela primeira vez, o dia em que ele o transformou em vampiro.
— Não lembro muito daquele dia, mas lembro dos seus olhos e seus dentes cravando em meu pescoço, aquela pequena dor agúda, e o gosto do seu sangue descendo em minha garganta... O que me deixa confuso, é como ele me transformou, se eu já nasci vampiro?
— Isso terá que perguntar à Dandara, eu preferiria que fosse logo. — Pulo em suas costas, agarrando em seu pescoço, ele segura em minhas pernas correndo entre as árvores.
— Vocês dois não tem vergonha? — Elle pergunta assim que nos ver. — Eu passando mal, o sobrinho de vocês doido por sangue, e vocês dois namorando em um lago distante? Deviam se envergonhar, são cruéis, não possuem nada de bom dentro de vocês... — A bruxa para em meio a nós dois, pegando em nossas orelhas, nos forçando sentar em um tronco de árvore à sua frente.
— Elle... nós...
— Cale-se Domenico, sei que está com a testosterona a flor da pele, é um híbrido, os desejos se misturam, mas vocês ficaram um dia só longe um do outro, eu estou há semanas com essa barriga, essa criança está se alimentando de tudo o que há dentro de mim, custa estarem ao menos ao meu lado nesse momento, eu só tenho vocês dois, estou estressada, com calor, quero uma cama macia e um lorde... — Fala em meio as lágrimas, sinto culpa por tê-la abandonado novamente, Domenico se levanta abraçando a pequena que soluça em seus braços, faço o mesmo.
— Me soltem seus nojentos, estavam se agarrando agorinha e agora vem me abraçar? Pelo amor de Deus! —Fala tentando nos empurrar porém Domenico apenas beija sua testa a deixando ainda mais irritada.
— Elle você tem razão, peço desculpas! — Falo e minha irmã apenas faz uma grande careta.
— Você está bem? — Pergunta meu marido.
— Óbvio que não... estou com dor e o bebê não para de mexer, quero comer, mas nada fica no meu estômago... Vocês dois vinheram pra me ajudar ou pra ficar se comendo pelos matos?
— Olha a língua baixinha! — A repreendo, porém só piora seu estado, a fazendo soluçar. - Elle eu só tava brincando!
— São os hormônios! Que tal te levarmos para a cabana e você toma um belo banho quente, eu irei atrás da sua comida e a Dassa te ajuda em seu banho?
— É... U-uma... Ó- ótima.. ide-ia! — Diz em meio aos soluços.
Pego seu rosto entre minhas mãos e enxugo suas lágrimas.
— Vamos! — Seguimos para dentro da cabana, ajudo minha irmã tirar a roupa, me espantando com as marcas roxas existentes em seu corpo, as toco fazendo a mesma se esquivar.
— O bebê tem tentado me matar Dassa.
— Ele está fazendo isso? — Pergunto a ajudando caminhar até a banheira.
— Sim, o Connor me tocou uma vez só, e não deixou marcas. — Elle dá uma pequena risadinha.
— Então a senhorita transou com o alfa?
— Uma vez só, não chegou nem aos pés do maldito Drácula.
— Elle, o Drácula é maldito para muitos, mas não creio que ele seja maldito para você, você o ama.
— Ele tentou me matar.
— Sim, mas não mudou nada o seu amor por ele.
— Hadassa, me ajuda com o banho, preciso me alimentar, o Connor trouxe pouco sangue, e já sumiu, todos estão com medo do que o Drácula fará contra a alcatéia, mas enquanto eu estiver aqui sei que não fará nada, ele quer a mim Hadassa, não vocês. — Elle tenta mudar o assunto.
— Talvez uma das profecias se cumprem.
— Um de vocês dois irá morrer, só tenho que estar preparada para a perda.
— Elle... — A repreendo.
— É a realidade, eu não consigo mudar aquele coração de pedra, ele vai cumprir seu legado do mal, simples.
— Elle tudo pode acontecer.
— Sim, mas e o Domenico, não vai encarar a pirua da Dandara para saber sobre o pai? — Fala tentando me desviar do assunto.
— O Drácula não é meu pai Emanuelle... É bom que vista-se logo, estou entrando no quarto.
— Eu mato você antes que ultrapasse a porta.
— Trate de vestir-se logo. — Elle veste um vestido folgado, e uma calcinha.
— Entra... — Encaramos uma à outra assim que Domenico adentra o quarto com uma bolsa de sangue humano.
— Onde conseguiu esse sangue? — O encaro, franzindo o cenho.
— Tenho meus meios para isso monstrinha, agora a bruxa má do Oeste precisa tomar todo o sangue para ficar bem. — Elle faz gesto de vômito, sorrio, ao ver Domenico a forçando tomar todo o sangue, logo em seguida se sente sonolenta, adormecendo em meio aos lençóis de pêlo de urso.
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Afterlife
VampireHá séculos a minha raça vaga em meio aos humanos, alimentando-se de seu sangue doce. Eu repudio essa sede de matança, sede que faz minha garganta doer, como o fogo do inferno. Inferno... É para lá que eu e meu povo iremos, graças ao nosso criador, a...