A noite fria e escura trás consigo toda a dor que insisto em esconder, sentada na cama abraço minhas pernas tentando acalentar o frio que entra pela janela, o vento sopra as vastas cortinas, exalando o doce perfume das flores, enquanto o silêncio da noite toma conta dos meus aposentos.Puxo a coberta de pêlos de urso branco, cobrindo meu corpo, porém não consigo pegar no sono, vivo de um lado pro outro incansávelmente, enquanto os pensamentos perturbam minha mente, logo eu que sempre sonhara com um príncipe encantado me iludo por um ser horrendo sem um pingo de sentimento dentro de si.
A noite é longa e escura, mas o Sol resolve aparecer logo ao amanhecer, pulo da cama rapidamente, tomo um banho gelado e corro para o quarto da Hadassa, abro a porta no intuito de correr até a cama e acorda-la.
— Hadassa!. — Me espanto por não vê-la na cama, volto correndo pelo corredor e não percebo o homem vindo em minha direção, esbarro em cheio nele. — Eu... — Encaro seu peitoral vestido por uma camiseta social na cor branca, uma gravata em um tom azul fortemente escuro, com alguns detalhes chamativos e um suspensório indicando que ele é extremamente velho, ou extremamente rico e elegante, e quanto ao seu perfume exala confiança e maturidade, seu tamanho é desproporcional ao meu, por isso não consigo ver seu rosto, sinto sua respiração no topo de minha cabeça.
— A mocinha deveria olhar por onde anda.
— Eu sinto muito. — Falo e ele me empurra contra a parede do corredor, curvando-se um pouco para me olhar nos olhos, uma de suas mãos contra minha cintura, a outra na parede perto do meu rosto, sinto meu coração batendo descompassadamente, junto ao seu, o que me confirma que ele não é um vampiro.
— A mocinha deveria ser mais atenta, não acha? — Fala tocando em meus lábios com seu polegar, enquanto sua mão toca meu queixo, sinto minhas pernas estremecerem, procuro forças para me livrar de seu corpo, o que me parece impossível, fecho os olhos sentindo seu leve toque em meu corpo, que queima como se eu estivesse em meio as chamas. — E cuidado com as companhias.
— O que? — Abro meus olhos o encarando, enquanto seus olhos azuis se tornam negros como a noite, grito o empurrando com força, que se desequilibra batendo na parede atrás dele, corro desesperadamente para longe dele, olhando para trás, e não percebo a escada logo a minha frente, me desequilibro e caio, desço bolando pelos degraus, enquanto sinto uma de minhas costelas se partindo.
— Emanuelle... — Romuel se aproxima de mim, enquanto o homem desce calmamente a escada.
— Aiiii... — Grito enquanto Romuel tenta me levantar. — Acho que quebrei uma costela.
— Vocês humanos são tão frágeis.
— Connor você fez isso com a Emanuelle? — Romuel esbraveja nervoso, o homem me olha indiferente, mechendo a cabeça como se estivesse incomodado com algo.
— Romuel, eu não faria mal à uma mosca, imagine à um ser tão... peculiar... — "Peculiar?" Me pergunto franzindo o cenho para ele, enquanto Romuel me coloca sentada no sofá.
— O que aconteceu? — Talvez por causa do barulho acordamos o resto da casa, Domenico corre em minha direção juntamente com Hadassa, os encaro, estão com cara de quem aprontaram.
— Está tudo bem Domenico, só me descuidei e caí da escada. — Me ajeito no sofá, mas não consigo disfarçar a dor que sinto.
— Onde dói? — Domenico segura em meu rosto, como se eu fosse uma criança.
— Acho que quebrei uma ou duas costelas.
— Elle isso é grave, tem que ir no hospital. — Hadassa me trás um copo de água.
— Não Dassa, se eu for no hospital meu pai vai querer saber o que houve, e vai começar aquele inferno, não quero ir para lá.
— Elle, você tem que confiar em mim então, você não pode ficar com as costelas quebradas, sem um médico.
— Eu... — Domenico morde seu pulso o colocando em minha boca, o que não me dá tempo para contestar, tento tirar seu braço de minha boca, mas ele é mais forte que eu, engulo seu sangue com dificuldade, porém a dor que eu sentia foi amenizando a medida que o sangue entrou em meu organismo.
— Aaargh... — Assim que Domenico retira seu braço de minha boca faço ânsia de vômito, enquanto seu braço se regenera rapidamente.
— Mantenha-se viva bruxa... Pelo menos pelas 24 horas, até o sangue do hibrido sair de seu organismo. — Ele se retira da sala sem olhar para mim, mas mesmo assim sinto seus olhos queimarem minha pele.
— Híbrido? — Encaro Domenico.
— Elle, você precisa descansar, eu prometo que vou conversar com você sobre isso, mas agora não é o momento. — Hadassa me ajuda a subir até o quarto, me deitando na cama.
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Afterlife
VampireHá séculos a minha raça vaga em meio aos humanos, alimentando-se de seu sangue doce. Eu repudio essa sede de matança, sede que faz minha garganta doer, como o fogo do inferno. Inferno... É para lá que eu e meu povo iremos, graças ao nosso criador, a...