Capítulo 66

12 3 6
                                    

Confesso que para qualquer outra pessoa, o que acabara de passar por minha cabeça saria abominável, mas depois de tudo o que aquela maldita bruxa me fez e tem feito, tal coisa chega parecer brincadeira de criança, me livrarei da bruxa e terei meu reinado das trevas como sempre almejei. Continuo encarando o lorde com um sorriso diabólico nos lábios, enquanto o mesmo, me parece não conseguir imaginar tamanha abominação, era como se nem mesmo seu lado mais obscuro pudesse fazer algo dessa magnitude, o que prova minha teoria, em que finalmente o lorde Drácula descobriu o poder do mais puro e verdadeiro dos amores.
- Zella, você não ousaria tocar em Emanuelle. - Vlad me encara, tentando, tentando encontrar a mulher doce que um dia fui.
- Ela é a peça chave para meus filhos eclodirem.
- Eu a mato, antes que toque nela. -O lorde das trevas se aproxima friamente de mim.
- Não se a bruxa estiver morta, depois que a ver dar vida aos meus filhos, não terá motivos para me matar e sim me agradecer, tiro uma pedra de seu sapato e lhe darei milhares de filhos.
- Aqueles monstrengos malditos mal conseguem ficar vivos por míseros segundos.
- Mas com a morte da bruxa eles ficaram vivos por uma eternidade.
- Aquelas criaturas imundas não terão um lugar em nosso mundo.
- Me chamou aqui para maldizer nossos filhos?
- Não, a chamei para me certificar que manterá distância de Emanuelle.
- Como quiser, mas saiba que só sairei de meu trono morta. - Falo.
- Não se preocupe, pelo caminho que está seguindo não demorará muito para isso. - Estreito os olhos para meu marido, que toca em meus cabelos, tento um beijo, mas ele se afasta, o amaldiçoou mentalmente, saindo dos seus aposentos, ao fechar a porta ouço seu vôo pela janela, paro por um momento, mesmo depois de tudo o que aconteceu o maldito continua alimentando sentimentos pela bruxa.
Penso em segui-lo, caminho alguns passos em direção à uma janela próxima, mas sou interrompida por risadas.
Respiro fundo para manter o cheiro de Vlad e não perde-lo. Enquanto aprimoro minha audição para ouvir o que tanto faz Karmin sorrir.
- Devia tê-lo visto quando ele a viu com a barriga gigante! - A voz da vadia me faz caminhar calmamente até a porta e esperar que continue. - Ele quase matou todos os lobos quando viu o quão magra está a sua preciosidade, a barriga de Emanuelle está cada vez maior... O que acha que vai sair? Fico imaginando como vai ser a cria do nosso Lorde com a bruxa... - Arregalo meus olhos com o que ouço, minhas presas aumentam com o meu ódio.
- Acha que ele vai reagir bem quando o tão sonhando filho perfeito nascer? - Pergunta o lobo.
- Domenico é filho dele, mas ele não se importou muito pois é a cria de Emanuelle que importa, ele não quer mais poder meu caro lobinho, ele quer amor! Ele ama aquela bruxa e é por ela que ele está mudando cada vez mais... Ele a ama mais do que a si mesmo, e ele morreria pela coisa que ela carrega na barriga!
- É porque não viu o quão apaixonado ele era poe Befana... Creio que ainda não assimilou a idéia de Domenico ser seu filho, mas quando ele ingerir essa história, verá que seu primogênito será tão idolatrado quanto será o bebê de Emanuelle.
- Acha que ele amava Befana?
- Amava tanto que a manteve com ele.
- Então o grande lorde tem um coração, tanto que hoje está caindo de amores por uma Hellsing legítima!
- O seu amado lorde Drácula nunca ficará com sua bruxa. - Falo adentrando o quarto. - E quanto a você meu caro lobo, exijo que me fale onde está Befana?
- Morta... - Karmin se adianta.
- Eu não vi seu cadáver, muito menos seu túmulo.
- Mas morreu, não ouviu as histórias do lorde? E você nem era esposa do lorde Drácula naquela época, ela foi seu primeiro amor, talvez seu único amor. - Aperto a garganta de Karmin, enquanto o lobo segura em meu braço.
- Devia se preocupar com Emanuelle, não com Befana. - Yanko tenta tirar minha mão do pescoço da vampira a qualquer custo.
- Emanuelle terá o fim que merece, agora qual dos dois irá me dizer onde está Befana.
- Morta Zella! É tão tola que não consegue entender isso? - Diz a vadia.
Com ódio a jogo longe fazendo com que bata contra a parede do cômodo, o lobo logo se adianta ficando entre mim e a cadela do meu marido.
- Por que essa tamanha preocupação com essa bruxa morta há tanto tempo atrás? É Emanuelle quem está tomando o que restou do amor de seu marido, não uma morta! - Diz o lobo.
- Cala a maldita boca seu cachorro sarnento ou não tem amor a sua própria vida? - Falo encarando o mesmo que rosna para mim.
- Devia ficar calado Yanko, se essa vadia fizer qualquer coisa contra a bruxa, você será considerado seu cúmplice. - Diz se levantando, Karmin fuzila o lobo e depois me encara.
- Agora se preocupa com a bonequinha do Vlad, Karmin? - Pergunto rindo.
- Acontece que me preocupo menos com você, o que coloca a bruxa na minha lista de pessoas que talvez eu tolere, agora saia daqui, não preciso ficar sentindo o cheiro do seu fracasso como esposa. - Yanko segura a mão da vampira como se estivesse caindo de amores por ela, tão seca de sentimentos que chega a dar pena do lobo, mal sabe ele o quão obscura e maldita ela pode ser. Me retiro pela janela mais próxima, seguindo o doce perfume de meu marido, sei que ele me levará onde está a bruxa, e então terei minha doce vingança.

Afterlife Onde histórias criam vida. Descubra agora