As palavras de Romuel ecoam em minha mente, sinto toda a adrenalina em meu sangue, raiva, tristeza, mágoa, lembro de minha mãe, tão doce e tão delicada, mas afinal, percebo que estou agindo como ela, pobre de meu pai, que acreditava ser o único, porém ela flertava com todos os homens do vilarejo.
A melancolia de tais lembranças tomam conta de meu ser, e novamente percebo que estou seguindo um caminho ao qual ninguém se orgulharia, percebo que surtar não é a melhor forma de resolver tais problemas, e que sair por aí fazendo o que me der na cabeça não é solução para nada, e nem conseguirei chamar uma atenção de forma produtiva.
Caminho pelo corredor da mansão, sei que ao entrar no quarto encontro o meu namorado, e que o seu amor pode sim me tornar forte. Abro a porta e o vejo sentado na cama, apertando as mãos.
— Querida, como foi com seus pais?
— Eu não sei, meu pai me deu uma lição de moral. — Sento na cama de forma dramática. — A minha madrasta é fútil, palavras dele. —Continuo a falar sem deixar que Miguel abra a boca. — Eu percebi que estou parecendo uma criança mimada, sem controle e mal agradecida, e sem coração, apesar que. — Me calo antes de falar à ele que meu coração não bate mais.
— Querida, calma, se bem que seu coraçãozinho não bate acelerado igual o meu, sabes controlar seus sentimentos, nada demais, e outra a Elle sumiu, estamos preocupados, mas não quer dizer que devemos surtar, vamos ter calma e procurar os motivos dela ter fugido.
— Antes fosse isso.
— O que? Você sabe onde está a Elle?
— Não, mas não creio que é do feitio dela de fugir no meio da noite, ela ama o pai dela mais que tudo no mundo, jamais abandonaria ele.
— Você tem razão, mas a polícia já foi avisada, temos que esperar.
— Vamos encontrar ela. — Seus braços envolvem meu corpo, me fazendo sentir alívio por estar com ele, me sinto segura ao seu lado.Pensamentos vão de encontro a Elle, sinto tanto pela minha amiga e o pior é essa agonia de não saber onde ela está, sabemos que está com o mestre, mas não sabemos onde, nem como ela está, me sinto o pior ser do mundo por ter tido a maldita ideia de ter levado minha única amiga naquele baile. Agora por causa disso, tenho medo de nunca mais vê-la ou pior, que ela se torne algo como eu. Tento dissipar tais pensamentos da melhor forma possível, não quero que o Miguel perceba minha disinquietação, por mais que eu confie nele, e sinta que posso contar com ele para tudo, ainda me sinto amedrontada por sua reação ao saber o monstro que eu sou.
♧♧♧
O dia se torna mais lento que o normal, ando de um lado para outro do quarto a ponto de furar o chão, uma pequena metáfora que seria bem colocada por meu amado pai, a falta que ele me faz é tanta que chego a sufocar, ansiedade não descreve o sentimento ao qual estou sentindo aqui, trancada dia e noite nesse quarto, vejo a luz do Sol apenas pela vasta janela de meu novo quarto, porém as grades me impedem de pula-la e sumir desse lugar.
Desisto de andar de um lado para o outro e me deito no chão frio, olho para o teto e depois fecho meus olhos, respiro fundo tentando acalmar minha mente e fazer com que eu relaxe, nesse momento escuto um barulho próximo a porta, que logo é aberta, mas permaneço de olhos fechados e imóvel no chão.
— Ah, humanos, sempre tão dramáticos. — Ouço sua voz, porém me preocupo em controlar meus batimentos cardíacos e minha respiração. — Estás a dormir ratinha?
— Não tem como dormir com o senhor falando. — Respondo.
— Não me chame de senhor, já temos intimidade. — Fala abaixando-se ao meu lado, que em nenhum momento abro os olhos.
— Intimidade essa que o senhor forçou.
— Não forcei nada menina.
— Tocar na minha buceta sem que eu havia pedido é uma forma de forçar não acha? — Falo abrindo os olhos.
— Culpa da minha ansiedade, se eu tivesse esperado mais um pouquinho a senhorita havia pedido.
— Eu jamais pediria por algo assim, jamais entendeu? — Levanto de forma brusca, me sentando, nossos olhos se encontram, algo em seu olhar me atrai e me repulsa ao mesmo tempo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Afterlife
VampireHá séculos a minha raça vaga em meio aos humanos, alimentando-se de seu sangue doce. Eu repudio essa sede de matança, sede que faz minha garganta doer, como o fogo do inferno. Inferno... É para lá que eu e meu povo iremos, graças ao nosso criador, a...