Capítulo 30

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Uma mera distração é o suficiente para que eu me perca na leitura, ao observar alguns passaros voando sobre minha cabeça fecho o livro ao qual estava lendo, fico admirada com suas cores, eles parecem tentar falar comigo, ou algo do tipo, sorrio ao vê-los cada vez mais próximos de mim.
— Ei, vocês são lindos, mas me fizeram perder a leitura. — Um se aproxima de meu rosto, seu bico falta tocar a ponta de meu nariz, seu assobio estridente me faz fechar os olhos e ouvidos.
— Está enlouquecendo traste? — Ouço a voz de Zella atrás de mim.
— Os pássaros. — Falo assustada.
— Só tem você e seu maldito livro aqui.
— O que você quer? — Pergunto enfurecida.
— Só vim aconselhar você.
— Se eu precisasse de conselho eu pediria, mas não seria à você. — Me levanto, pegando meu livro e o lenço que estava no chão.
— Não venha dar uma de doida pro meu lado não criatura, eu arranco sua cabeça.
— Eu não tenho medo de você Zella, é só uma criatura mal amada que nunca saberá o significado de amor verdadeiro.
— Não venha com seus contos de fadas, aqui é vida real querida, o Vlad me ama.
— Não tenho nada a ver com isso, o casamento é de vocês, eu sou só a prisioneira aqui. — Falo em tom irônico.
— Está certa é a prisioneira.
— Tenha certeza que meu carcereiro está adorando tal missão. — Falo em um sussurro, a fazendo mostrar as presas, sorrio e me afasto, indo em direção a entrada da mansão, mas sou parada pela vampira que segura em meu braço, me fazendo virar bruscamente para a sua direção. Por mais que eu devesse sentir medo ou pavor, a única coisa que sinto é indiferença.
— Fique bem longe dele sua humana impertinente! — Diz mostrando suas presas. — Você é só um verme insignificante, humana nojenta, não passa de comida.
Algo em meu íntimo se irritou ao ponto de um sorriso presunçoso e zombeteiro tomar conta dos meus lábios, aproximo meu rosto do de Zella, não me importando com suas presas expostas.
— E ainda sim, você está aqui Zella... Se humilhando para um ser insignificante como eu! — Falo ainda sorrindo, o que a faz apertar meu braço, que começa a doer. Mas algo, obscuro me faz desejar que ela o quebre. Sorri ainda maldosa, como se não fosse eu em meu próprio corpo.
— Você não é nada, eu deveria matar você! — Diz e sinto quando o osso do meu pulso onde ela está segurando, trinca.
— Acha que eu temo a morte? Pois se engana Zella, se vai me matar... Acho melhor ser rápida! — Falo, mas a vampira para por um momento e olha para atrás de mim, então solta meu braço e some derrepente, me deixando para trás, sinto meu peito pesar e minha cabeça latejar de dor, só então saio do transe ou seja lá o que aconteceu comigo, e sinto a dor em meu braço e por fim o medo, mas que logo da lugar a raiva.
— Vadia desgraçada, ruiva vagabunda de quinta categoria, vagaranha dos infernos, tenho certeza que nem o diabo te quer vagabunda mal amada! — Xingo quando levo minha mão até a área onde ela apertou, a marca de seus dedos ficaram bem visíveis, em uma cor roxa escura.

♧♧♧

  Vago rapidamente pelos corredores, no intuito de que ninguém me veja, o lenço enrolado em meu braço esconde as marcas à qual a ruiva deixara em mim, entro rapidamente no quarto e fecho a porta atrás de mim.
— Cansou da leitura? — Grito ao vê-lo sentado em minha cama. — Não precisa se assustar, agindo assim chego a pensar que morreria se visse a face do demônio.
— Demônio.
— Demônio, Diabo, Sujo, são vários nomes dados ao Lucifer.
— Não quero saber dessas coisas. — Falo indo em direção ao lavabo.
— Está de mal humor.
— Com sua presença sempre. —Respondo friamente atrás da porta do lavabo, encarando meu reflexo no espelho, volto meus olhos para meu pulso.
— Está tudo bem ratinha? — Pergunta em tom de preocupação.
— Desde quando você se interessa? — Cubro o braço novamente e saio do banheiro.
— Ouça ratinha... — Fala segurando meu pescoço, um ódio cresce dentro de mim, não é possível que vou passar a vida sendo a ratinha indefesa. — Se tem alguém que pode machucar você aqui sou eu, exclusivamente eu, ninguém mais. — Mudo minha expressão assim que ele toca em meu pulso coberto o apertando. — Você vai me contar o que aconteceu, ou vai deixar que eu termine de quebrar seu pulso?
— Me solta, estou tão cansada disso tudo, eu só quero ir embora, deixar vocês nos livros, e fingir que sou uma pessoa normal.
— Depois disso aqui, você nunca mais será uma pessoa normal ratinha.
— Então me solta e saia. — Falo o fazendo sair do quarto.

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