Fecho meus olhos enquanto sinto alguns cortes em meu rosto, braços e nas minhas partes expostas, os cacos de vidros giram em torno de mim, enquanto alguns deles me atingem.
— Eu sou a culpada? Eu? Diga o que fiz? Vamos! — Falo com uma voz mais profunda, de algum modo, sinto que não sou eu no controle.
A imagem do meu amigo fica distorcida, e ele me encara incrédulo.
— Meu amigo, não... Meu irmão não me culparia, eu não sou culpada... Já você! — Me viro para encarar a rainha dos vampiros, que parece se divertir com o que ver.
— Olha só...
— O que você fez? — Pergunto, enquanto sinto meu corpo esquentar e as coisas vibrarem ao meus pés, uma risada estridente ecoa de seus lábios, enquanto Miguel me encara, indo rumo a escuridão. — Miguel, espera, eu vou vingar sua morte. — Falo o fazendo sorrir.
— Não quero que se torne um monstro como ela, não quero vingança, oh Elle, eu tinha tanto o que viver, a Dassa, tinhamos tantos planos.
— Amigo, só quero que esteja em paz.
— Ele não terá paz pequena monstrenga, não há nada pior que um espirito revoltado, e ele em nenhum momento quer ser salvo, olha em direção à ele. — Fala apontando para a escuridão em sua frente, ao seu lado uma luz brilha involuntariamente, enquanto a força dentro de mim luta para eclodir. —Ele tem dois caminhos, e veja, está optando pelo mais obscuro, todos optam, digamos que estou emocionada, é a primeira vez que vejo um dos meus brinquedinhos escolhendo um caminho para seguir, é a primeira vez que vejo um depois de morto, e o melhor, é você que está fazendo isso, você é a causadora do seu próprio sofrimento, e como eu suspeitei, é uma bruxa, tão poderosa quando a linhagem Wicca. — Zella tenta se aproximar de mim, mas meu corpo começa a queimar com mais ferocidade, uma luz roxa começa a eclodir de minhas mãos tomando todo o meu corpo, a luz é tão forte que chega a elevar meu corpo do chão, vejo o medo em seus olhos, Miguel, que ia em direção a escuridão volta para mim, grito de dor, já ele não esboça reação nenhuma, mas ao se aproximar de mim sorrir feliz.
— Você encontrou o que estava escondido dentro de você, acalme-se, tudo ficará bem. — Um feiche de luz saí de minhas mãos indo em direção à Zella que é arremessada para longe, batendo em um espelho grande, e mais estilhaços vem em minha direção, porém a luz ao meu redor não me permite ser atingida.
— Miguel eu não sei o que fazer.
— É você Elle, está dentro de você, você o controla.
— Eu não consigo.
— Consegue, veja, não está machucando os que ama. — Miguel aponta para a grande escadaria, Vlad e Karmin me encaram incrédulos, o poder dentro de mim brilha cada vez mais, Vlad sorrir estridente e segue para levantar Zella, enquanto Karmin se aproxima de mim.
— Karmin não, eu vou machucar você.
— Não vai não. — Amélia surge atrás de mim, uma luz branca e brilhante eclode de sua mão direita, tocando em minha testa, meu corpo desfalece, e tudo o que vejo é uma escuridão profunda.♧♧♧
Olho para Domenico que me encara de forma melancólica, sinto uma pontada dentro de mim, é como se previsse algo errado, ainda me sinto meio perdida.
Vestida com meu pijama aperto minhas mãos, meus cabelos despenteados, e olhar vago, sentada no banco em meio ao jardim da mansão Greco, me distraio com o canto dos pássaros, Dandara se aproxima logo atrás do Domenico, em seguida Romuel.
— Dassa!!! — Domenico se aproxima de mim, toca em meu queixo e deposita um beijo em minha testa, sinto a presença do filho da puta que ele acostumava ser, mas sinto o Domenico gentil tentar tomar conta, sinto como se ele travasse uma guerra dentro de si, e o mais forte vencerá.
— O que tá acontecendo comigo Domenico? — Pergunto já com lágrimas nos olhos.
— Desde a nossa viagem você está assim.
— E porque estou sentindo isso aqui dentro?
— Eu não sei, mas prometo que vou descobrir.
— Você leu o diário?
— Só lerei quando você melhorar.
— Fomos tão longe para tentar vencer o lord Vlad e agora estamos aqui, parados no tempo. — Aperto minhas mãos com mais força. - Não, quero saber o que há nesse diário. Não se preocupe, não é como se eu fosse me quebrar Domenico! — Falo e ele revira os olhos.
— Não vou insistir!
— Quero que tudo se resolva, quero tirar esse peso da culpa de minhas costas de uma vez por todas... E eu exijo que leia o maldito diário, temos que saber o motivo da concubina de meu pai saber quem é a maldita Angèle de la Barthe.
— Querida...
— Domenico chega, leia o diário.
— Não é isso, tenho que lhe falar algo mais importante e sério.
— Me fale de uma vez. — O encaro firme.
— O Miguel, aconteceu algo com ele.
— O que aconteceu com ele? — Me levanto no mesmo instante, ele segura em minhas mãos se levantando em seguida me olhando nos olhos.
— Querida, eu não sei fazer rodeios, muito menos ser gentil com minhas palavras, mas agora, nesse exato momento não sei o que falar, ou como falar.
— Deixa o Domenico filho da puta falar por você, sei que ele está aí dentro doido pra sair.
— Como?
— Simplesmente fala Domenico, eu sei que o Miguel não está mais conosco.
— Dassa eu... Sinto muito... Ele realmente não está mais conosco, ele morreu, os policiais e o Joseph falaram que um animal atacou ele, vindo pra cá, no trecho de chão, onde ele foi encontrado. — A humanidade existente dentro de mim começa a se desligar, a dor dentro de mim é tanta que mal consigo reagir. — Sei que não está bem, mas preciso que seja forte.
— Por quê, por que quanto mais eu tento ser normal eu não consigo? — Me pergunto deixando de ouvi -lo. — Tudo isso é minha culpa, culpa de continuar sendo uma tola, sonhar em ser humana... o que eu ganhei com isso? — Domenico me encara e abre a boca para responder, mas não deixo que fale. — Graças a essa tolice, Elle está nas mãos de um demônio e o Miguel... ele se foi!
— Não foi sua culpa!
— Sim, é minha culpa, agora leia o maldito diário, temos um enterro para ir, e já sabemos que não foi um animal que matou meu namorado.
— Só precisamos saber quem foi.
— E eu terei o prazer de mata-lo com minhas próprias mãos, vou arrancar seu coração. — Domenico tenta me tocar, mas o impeço, saindo da sala.
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Afterlife
VampireHá séculos a minha raça vaga em meio aos humanos, alimentando-se de seu sangue doce. Eu repudio essa sede de matança, sede que faz minha garganta doer, como o fogo do inferno. Inferno... É para lá que eu e meu povo iremos, graças ao nosso criador, a...