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Dandara

WhatsApp: Vida ❤️

[31/12 5:30 AM] Vida: Amor, vs e minha mãe são td pra mim amr! Desculpa se eu decepcionei vcs entrando nessa Pprt mesmo, eu amo vcs! ❤️
[31/12 5:31 AM] Vida: Nunca se esqueça qe você é a mulher que + amei e você sabe por que te provo isso todos os dias tlg?
[32/12 5:40 AM] Vida: Fui baleado cara... Vou morrer 😭😭😭

Como começou a minha história? Minha história começou hoje, foi a partir de hoje que eu comecei a trilhar histórias para a minha vida que eu jamais pensei em trilhar.

Pegar meu celular e ver essas mensagens acabaram comigo, eu tomei um choque, fiquei estática, tive reação nenhuma pra nada, sabe? Só senti aquela dor forte no peito, as pernas ficarem bambas e foi ali que meu mundo começou a desabar.

Na mesma hora comecei a ligar pro Jefferson pelo Wpp que nem doida mesmo, ligava e mandava mensagens... e surtei real com a demora dele me atender.

Tempo foi passando e nada de ninguém me atender, nada. Sabe o desespero? Foi daí que ele bateu junto com a angústia, dor no peito e aquela sensação ruim.

Era um misto de todos os piores sentimentos que se poderiam ter. Eu ja estava na merda, mas sabia que poderia piorar e sim, piorou...

Piorou quando meu celular começou a vibrar com mensagens que não eram dele, mas sim de terceiros avisando que ele tinha falecido.

Pprt...Nessa hora eu comecei a gritar, taquei o celular longe de nervoso pois eu não queria ler mais nada, não estava crendo que ele fez isso comigo, não queria crer que ele tinha me deixado.

Que dor, que dor... que dor! Dói no peito, doi a alma... a dor de perder um grande amor é indescritível, doloroso e dilacerador.

Na minha cabeça eu negava a todo o tempo, pra mim não era possível isso não, não queria acreditar que eu tinha perdido o grande amor da minha vida não.

Vânia: O que foi, garota? - chegou na sala com meus berros.

Dandara: O... - tentava dizer entre lágrimas. - Óô... o Jeferson. - só disse isso, mas ela já tinha entendido, não precisou eu nem falar mais nada.

Vânia: Ficar dessa forma não vai adiantar mais em nada, se acalme. Tá sem ar já garota, daqui a pouco dá um treco aí, respira, Dandara.

Pela reação eu não soube distinguir se ela já sabia, ou foi apenas desdém mesmo. Minha irmã e ele nunca se deram bem!

Mas de uma coisa é fato... eu realmente não tava respirando, chorava tanto que as vezes me faltava ar e eu buscava extremamente ofegante.

Vânia: É... é, ele deve estar em um lugar bom agora, ele era um bom rapaz e gostava de você. - disse seria enquanto me olhava e eu assenti chorando.

Tava sentada no chão chorando desolada, queria um conforto, um abraço, queria que alguém me dissesse que era mentira, que foi engano, mas o único conforto que tive foram essas palavras mesmo: Ele gostava de você.

Dia 15 de abril foi o dia que começamos a namorar, foram pouco mais de dois anos juntos, mas que pareciam ser muito mais! Comecei a namorar com o Jefferson quando ainda tinha dezesseis e ele vinte.

Éramos completamente imaturos, mas amadurecemos é muito juntos. Ele ainda vivia uma "vida normal" nessa época, tinha envolvimento com nada e só foi entrar nessa vida ano passado!

A situação na casa dele apertou e vendo também a minha situação aqui com meus familiares resolveu cair nessa doce ilusão. É... Ilusão mesmo, pois ele malmente ficou um ano nessa e já se foi...

Foi embora e me deixou, deixou mãe, irmãos, deixou toda uma vida, toda a nossa vida pela frente a troco de nada. Quis tanto me ajudar, ajudar a mãe, mas e agora???

Saí de casa quando os caras da boca bateram lá em me chamando e fui caminhando pelos becos da favela pra um dos piores momentos da minha vida.

Denise: Eu falei tanto com ele, Dara. - disse assim que me viu. - Falei tanto e ele não me ouviu! - disse chorando. - Perdi meu filho, perdi meu filho tão jovem pra essa vida infeliz, maldita. - falou enquanto era segurada por algumas pessoas.

Muita, muita, muita gente! Comunidade vai toda pra cima, povo parece um bando de abutres querendo ver corpo mesmo cenas como essas não sendo anormais.

Todo mundo aqui já tá acostumado... eu já estava acostumada a conviver com isso, a ver mãe, mulher, irmão e famílias chorando mas nunca imaginei que um dia seria eu nessa situação.

Mãe do Jeferson falando comigo e eu não conseguia nem falar nada, nem muito menos me mexer. Já tinha avistado o corpo dele estirado mais pra frente, mas cadê que eu conseguia andar pra ir até lá? Travei, do lugar eu não conseguia sair!

Demorei, mas consegui andar... E de verdade? Nunca senti algo assim, parecia que estavam tirando uma parte de mim a cada passo que eu dava, parecia que estavam apertando meu peito por cima da carne.

Surreal essa dor.. eu não desejo nem pro meu pior inimigo, ou pra ninguém. De verdade, só quem passa é quem sabe, só quem passa é quem sabe!

Dandara: Aí, meu Deus... Jefferson!!!!!! - gritei quando eu finalmente cheguei ao seu lado.

Não tive forças nem pra abaixar, perdi total os movimentos e fui com tudo pro chão. Cai na poça de sangue que estava ao seu lado, segurou em seu rosto e comecei a gritar.

Sua boca tava branca, palida, o rosto com resquícios de sangue e dois furos na barriga de bala. Ele tinha arranhões por todo corpo e seu braço jogado de forma qualquer.

Dandara: Volta pra mim, por favor! Não faz isso comigo não pretinho. - falei enquanto sacudia o corpo dele.

Pedi pra ele voltar, mas no fundo soube que ele não voltaria. Naquele momento eu soube, de verdade eu soube que tinha perdido o jogo e tive que ver o grande amor da minha vida partir...

DANDARA  👠 (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora