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Levantei em um pulo, até pensei que era sonho, porém qual ouvi a voz chamando vi que era real mesmo. Calcei a sandália e fui até a porta, olhei no olho mágico mas não dava pra ver nada pois tava tudo escuro.


Uendel: Sou eu po, Uendel! Abre aí...

Olhei no relógio já era meia noite e pouca, cara... esse foi o horário que esse filha da puta estava chegando em casa depois de um dia inteiro na rua fazendo não sei que caralho.

Abri a porta e ele entrou me encarando sem entender! Ele me encarava, começou a me fazer várias perguntas muito do receptivo pro horário e eu encarando ele por saber que estava na onda.

Rindo a beça, todo sorridente com as sandálias nas mãos e blusa no ombro mostrando o corpo magro, tava muito magro.

Eu ficava olhando ele com uma dor no coração, sabe? Eu sabia que não estava bem, que não estava em seu estado normal e que ele estava se afundando.

Uendel: Vai dormir aqui, Tia? E o amigo? - riu falando altíssimo.

Dandara: Fala baixo, tua mãe e irmã tão dormindo, garoto!

Uendel: Ela já chegou?

Dandara: Claro que sim né... São mais de meia noite, Uendel! Tá achando que é cedo é? Maior cara que tô aqui po, sai aí te procurando e não te achei. Tu tava aonde?

Uendel: Ah, tava na casa de um amigo aqui perto. - foi se sentar, mas eu mandei ele levantar.

Dandara: Vai sentar não! Vai tomar banho, vai. Tá todo sujo aí! - ele começou a se encarar.

Uendel: Tô mesmo? - assenti. - Porra, é mesmo! - se encarou. - Tô sujão mesmo...

Dandara: É, vai tomar um banho!

Ele foi e eu fui esquentar o café pra ele, preparar alguma coisa pra ele comer, quebrar essa onda. Eu fazendo as coisas e as lágrimas já descendo...

Tomar no cú! Papo reto, é duro viu? Tu olhar pra alguém e não reconhecer, ver que ela não estava bem, é muito ruim. Infância e adolescência sendo perdidas por causa de drogas!!!

Fiquei esperando ele voltar e dei as coisas pra ele comer, sentei com ele na mesa da cozinha e fiquei o olhando comer, encarando mesmo.

Me ofereceu, perguntou porquê eu estava chorando e o que tinha acontecido... Não consegui responder direito, só disse que era problema lá em casa mermo!

Uendel: É lá na sua casa ou é por mim? Se for por mim não fica assim não, eu tô bem. - falou serinho mega convicto.

Dandara: Não, não tá... - falei balançando a cabeça em negativa. - Tá magro... abatido! Cara, me contaram que viram você no baile outro dia chapadão po... Poxa, porque você faz isso comigo? Faz isso com a tua família? - comecei a falar várias paradas pra ele né...

Uendel: Tu fica boladona comigo né? Triste? - eu assenti. - Mas eu vou mudar po, vou parar, tu vai ver! Vou sair dessa vida. - disse sério.

Dandara: Eu queria muito acreditar em você, sabia? Mas você já me disse isso milhares de vezes e não mudou, nunca saiu.

Uendel terminou de comer, eu lavei os pratos e mandei ele ir dormir. Deitei pra dormir no sofá novamente e nem consegui mais...

Deu cinco e meia eu já estava sentada no sofá, acordei até antes de Vânia. Ela saiu levando Bia pra creche e eu fiquei um pouco mais por lá, porém sai logo em seguida.

Peguei um uber e no caminho de casa liguei o cel pra ver as mensagens, chagaram muitas. Tinha muitas ligações, chamadas de vídeo e tudo do bofe. Bofe de madrugada postando status no wpp "só estresse 🤬🤯",  tive até que rir com essa!

Cheguei lá na favela umas oito e pouca da manhã, fui direito pra casa. Assim que eu pisei lá, demorou nada o outro veio na minha cola.

Vim em um passo, ele em outro. Nego bate o fio legal,  me monitora mesmo na cara dura. Fico besta com isso, mas tem nada não... isso é aqui! Aqui ele sabe meus passos, mas fora não...

Saddam: Tava aonde, Dandara? - falou serinho.

Isso ele falou minutos depois de ficar me observando uma cara, eu andando de um lado pro outro e ele me encarando. Eu fingindo que ele nem tava ali né? Ignorei mesmo!

Fui tomar banho, voltei, troquei de roupa e ele me analisando. Tava querendo pescar alguma coisa, tava me fitando maneiro e eu de pirraça dava meio sorrisos sarcásticos pro nada porque sabia disso, queria intrigar mais.

Saddam: Vai me responder não? Tu dormiu onde, mano?

Rir mais uma vez antes de falar, mas aiai... vamos lá, né? Terminei de vestir a minha roupa, sentei na cama e olhei pra cara dele, sabe? Mesmo deboche que ele faz comigo, fiz com ele...

Dandara: Ontem você me deu satisfação de onde dormiu?

Saddam: Não... - eu cortei ele, deixei nem terminar.

Dandara: Então, pronto. Eu também não preciso te dar! - sorri falsamente pra ele que já se emputeceu.

Saddam: Vai ficar nessa, tú? - falou já puto e bolado. - Fala logo onde você estava, porra... qual é?

Dandara: Não mandou eu meter o pé? Falou tão convicto, mas agora tá querendo saber da minha vida por causa de que, lindo?

Ele ficou me encarando bolado, vi a hora dele avançar em meu pescoço e esganar. Mas o bofe é imprevisível, muda de uma hora pra outra do nada.

Mesmo tempo que tava bolado, já riu sarcástico também pra mim enquanto balançava a cabeça em negativa.

Saddam: Quer falar não, beleza. Já sei onde tu estava mesmo vacilona, eu só queria ouvir da tua boca! - falou sarcástico. - Eu sei o que tu quer fazer, mas vou entrar no teu jogo não, tu não vai entrar na minha mente!

Viado! Que raiva que dar porque ou ele realmente sabia, ou estava blefando. Não dava pra saber, afinal  esse filha da puta é bom nisso, né? Só que eu bem linda sustentei.

Se ele estiver blefando, quiser que eu me entregue ou faça algo ou fale pra ele pescar, não irei. Ele é ruim, mas quando eu quero sou pior!

Dandara: Então porquê tá me perguntando po? - rir. - Se já sabe tá tudo ok, bom que já aceitou.

Saddam: Já aceitei o que? Tô te entendendo não! - deu um tempo. - Olha, melhor tu parar com as tuas palhaçadas... - começou a falar várias paradas. - Já coloquei minhas coisas aí de volta.

Dandara: Você colocou, mas eu vou tirar de volta, já sabe... Pode pegar teus trapos e levar pra onde você estava, fica por lá mesmo a partir de agora!

Saddam: Cara, eu tava naquela minha casa da rua A po... tava lá, pra tu não tá aí pensando que eu tava em casa de ninguém... - começou a me explicar sem eu nem perguntar nada, explicou tudo cheio de informações.

Tu respondeu mais nada? Nem eu! Deixei ele falar sozinho, mas no puro ódio pra debater, perder a minha linha e surtar.

Mas vou surtar não, dar gostinho nenhum que me importo. Simplesmente respondi um tá pra ele falando em seguida que a vida dele não me importava!!!!

DANDARA  👠 (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora