22 | Três Mil Dólares.

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Luna.

Dia de visita para a minha irmã. Dessa vez eu não tive para onde correr, simplesmente me levantei e tomei a decisão de que eu precisava visitar a minha irmã. Meu padrasto não está em casa, essa sorte não me ocorre a bastante tempo! Mas hoje eu vim exatamente porque ele não estava aqui, minha irmã me informou por celular e, bem, claro que eu não deixaria a oportunidade ser em vão. Ariel está pulando na cama de um lado para o outro, demonstrando sua animação intensa de uma criança, enquanto eu estou jogada no tapete do quarto demonstrando toda a minha canseira de adolescente. Ariel já me contou sobre tudo o que vem acontecendo no colégio: um garotinho a beijou na bochecha e ela ficou sem graça, a professora brigou com ela por ter jogado um papel ao mesmo garotinho e, por fim, ganhou nota máxima na apresentação do teatro. Eu bem que queria ter as mesmas preocupações que ela, deve ser divertido ser criança e não entender nada do que acontece ao redor! Ele simplesmente não sabe que nosso padrasto é um lixo humano, tampouco que nossa mãe morreu por culpa dele. Ela não precisa saber! Ela não precisa saber que o mundo é uma porcaria e que as vezes eu me sujeito a dor só para ter a companhia dela. Fiz um caminho exaustivo hoje, levando em consideração que o ônibus não aparecia nunca e que todos os motoristas de aplicativo estavam cobrando trinta dólares pela viagem, usar as pernas foi a melhor solução. Eu queria muito poder levar minha irmã para um passeio, mas adivinhem? Ariel é a única garantia que meu padrasto tem de que eu não vou fazer mal a ele ou denunciá-lo para a polícia, então se eu tentasse levá-la para algum lugar que ele não estivesse, ele provavelmente arrancaria meu coração com as mãos e observaria a minha morte rápida.

— Você ainda está acordada? — a voz serena de Ariel me tira dos devaneios. Sorrio para ela e respiro fundo — o que foi? Você está chata hoje.

— Eu não estou chata, só estou cansada de ter andado por quase duas horas até chegar aqui enquanto a senhorita dormia!

— Eu estava cansada do treino de ontem, acredita que o professor de educação física nos fez correr duas vezes em volta da quadra por culpa do Tyler? Ele é um babaca! — Ariel grunhe ao mencionar o nome do tão falado Tyler.

Esse garoto deve ser uma pequena amostra do inferno, porque o tanto que minha irmã reclama dele daria para escrever um livro. De acordo com ela, este garoto já colocou terra na comida do refeitório, já plantou pequenas bombinhas no banheiro, causou com os professores durante um passeio escolar e agora causou na aula de educação física. Que tipo de educação essas crianças de hoje em dia recebem? Minha mãe era super boazinha, mas quando se tratava de educação, ela era rígida. Ela não me deixava fazer nada que fosse machucar ou atrapalhar outra pessoa, e ela estava completamente certa! Graças a Deus eu a tive presente na minha vida, caso contrário seria uma garota mesquinha qualquer.

— O que Tyler fez dessa vez?

— Ele empurrou o George e disse ao professor que não queria jogar vôlei! Aí o professor se irritou e nos fez correr duas voltas na quadra antes de começar a aula.

— Hum... ele é um babaca.

— Sim, ele é — Ariel bufa, o que me faz sorrir pela pequena demonstração de raiva. Acho bonitinho quando ela bufa, parece um bichinho do mato irritado — e você, por que está quieta? Você não me ligou ontem de madrugada, fiquei esperando até de manhã...

— Você não dormiu? — viro-me para ela, assustada com a informação. Eu não pensei que ela ficasse acordada todos os dias, pelo contrário! Pensava que ela dormia e sempre acordava incomodada com as minhas ligações, porque sempre que ela atendia o celular, a voz dela era de sono — por que você não dormiu?

Fallin' For YouOnde histórias criam vida. Descubra agora