40 | Contraditório.

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Luna.

A minha noite tinha tudo para ser incrível até a chegada de quem eu mais repúdio no universo, o cara que contribuiu com a morte lenta da minha mãe, o cara que fez minha mãe perder as forças até não aguentar mais e se entregar aos remédios venosos do hospital... sim, meu ex padrasto está bem na minha frente agora, e eu estou me controlando imensamente para não começar a gritar agora mesmo para que ele me deixe em paz e suma da minha vida de uma vez por todas, mesmo sabendo que isto causará nele ainda mais raiva. Permaneço em silêncio, escutando-o tossir como um porco. Como pode ser tão imundo? As vezes eu tento refletir sobre o passado deste homem, mas nem toda dor no mundo justificaria as ações dele, porque se fosse assim, eu agrediria e judiaria emocionalmente de todos a minha volta para tentar me sentir melhor também. Como ele pode ser tão chulo?

— O que você quer aqui, Alexander? — firmo a minha voz, olhando-o com raiva. Ele me jogou contra o carro e agora está com um sorrisinho imundo nos lábios. Além do mais, ele está fedendo a álcool, deve ter acabado com o estoque do bar onde ele costuma ir todos os dias da semana! — eu não tenho nada a falar com você, e você sabe que há seguranças por todas parte aqui, e câmeras também.

As câmeras de segurança são o que me deixam mais calma, porque neste exato momento estamos sendo mirados por cinco câmeras gigantescas presas na parede do estacionamento.

— Acha mesmo que eu quero falar com você, sua imunda? Eu só quero te pedir uma coisa.

— Me pedir uma coisa? — dou risada, uma risada tão alta que engasgo com a minha própria saliva — sério mesmo que depois de tudo o que você fez na minha vida, você acha mesmo que tem direito de me pedir alguma coisa? O seu único direito é sumir da minha vida e da vida da Ariel. Então se for este o seu pedido, sim, eu aceito de todo coração!

— Não, garotinha fútil. Eu quero te pedir dinheiro, estou devendo no bar e você sabe bem o que aconteceu da última vez que fiquei devendo para aqueles vermes — ele fixa os olhos nos meus e rosna ao encarar a câmera — eu prometo deixar você e sua fedelha em paz depois que você me ajudar com isto!

— E o que me garante que você vai nos deixar em paz?

— Você pode abrir um processo se eu voltar a atazanar sua vida, mas me dê a grana para o bar — ele encara o carro logo atrás de mim e abre um sorriso sugestivo — vejo que seu titio já te deu o mundo de mãos beijadas, não é? Eu imaginei que você se tornaria uma garotinha mimada quando ele conseguisse raptar vocês duas.

— Eu não sou uma garotinha mimada! Estou com o carro porque tive que vir para a faculdade e ele me permitiu vir dirigindo, tá legal? Mas também, quero mais é que você se ferre! Não tem absolutamente nada a ver com a minha vida a partir de hoje.

— Sim, eu sei, fedelha — ele revira os olhos, pega o celular todo quebrado do bolso e aponta para mim, mostrando a quantia alta em dinheiro que ele precisa para pagar o bar — é de mil e quatrocentos dólares que eu preciso, me pague agora.

— Como é que é?

— Sim, pague agora e eu vou embora, não foi este o combinado? — ele vem se aproximando cada vez mais, mas eu dou um jeito de desviar e mordo os lábios com força ao perceber que não terei outra escolha a não ser pagá-lo para de uma vez por todas ter a minha paz recuperada. Eu não vejo a hora de viver num mundo onde Alexander não exista e seja apenas mais um verme no mundo, bem longe de mim, bem longe de Ariel! Ariel merece a liberdade dela, e agora com Gabriel eu sei que ela vai ter isto, ela finalmente viverá uma boa infância, como todas as crianças no mundo merecem viver — anda logo, fedelha! Eu não tenho todo tempo do mundo, ok?

Fallin' For YouOnde histórias criam vida. Descubra agora