28 | Você Está Usando Calcinha?

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Alyssa.

Me sinto um pouco enjoada e minhas mãos estão trêmulas como duas varas verdes, como diria a minha mãe. Eu não sei quantos copos de bebida já virei, só sei que me lembro perfeitamente de ter dado um selinho em Jack como uma maneira de escapar do mundo, mas minha tática foi em vão e eu continuei sentindo a mesma dor, continuei afundando cada vez mais nas minhas próprias paranóias e continuo querendo cada vez mais me afogar em um lago com uma geladeira presa na cintura para nunca mais conseguir subir para a superfície. Acho que preciso de Aaron por perto, tenho vontade de chorar só de me lembrar do abraço dele nos meus momentos de aperto, mas agora nada é mais como antes. Minha garganta está seca e meu coração está acelerado, dói, tudo dói. Principalmente meu coração solitário que só consegue me lembrar a cada dois minutos a merda que eu fiz em beijar o Jack. Não foi bem um beijo, mas me dói ainda mais pensar que Aaron pode querer terminar comigo por causa disto. Eu não vou esconder dele o que fiz, mas tenho medo que ele me deixe por este motivo. Eu já procurei Aaron por todos os possíveis cantos da faculdade, mas até agora não o encontrei em nenhum deles. Jack também está me ajudando a procurá-lo, eu tive que insistir um pouco até ele perceber que meu estado de loucura havia passado junto com a preocupação que me atingiu em segundos. Jack também ficou sem graça, vi na cara dele que ele estava assustado com o que eu tinha feito, mas... ah, não tem mais! Eu agi por impulso e agora estou com medo do que pode acontecer por culpa da minha própria impulsividade. Quero muito poder dar um abraço forte no Aaron e fazer com que nossos problemas acabem, como sempre fizemos juntos. Mas dessa vez tudo parece tão mais complicado que eu tenho medo até de respirar errado perto dele e ser motivo para choro. Sei lá! Tudo estaria bem se causas naturais da vida não acontecessem e se meus pais não tivessem resolvido me ignorar por todo sempre. Ontem eu tentei ligar para eles o dia todo e em nenhuma vez eles me atenderam, nenhuma! O que está acontecendo, afinal de contas? Eles passaram a me odiar de uma semana para a outra e agora só preferem fingir que eu não existo? Cara, eu queria muito entender, mas não consigo.

Solto um suspiro abafado ao me deparar com Aaron e Luna abraçados na sala de química. Ah, graças a Deus ele está aqui. Minha preocupação não termina, porque assim que abro a porta para perguntar a eles se aconteceu alguma coisa, vejo algumas cadeiras quebradas e destroços espalhados pelo chão.

— Uma bomba explodiu aqui? — murmuro, tentando manter-me tranquila enquanto os vejo se afastar. Luna está calma, então não foi ela que causou isto aqui... e sim Aaron que está com o rosto todo molhado e as bochechas avermelhadas — aconteceu alguma coisa? Meu Deus...

Entro em choque quando o vejo machucado. Luna anda por cima da madeira quebrada e vem até eu, parando bem ao meu lado enquanto Aaron esfrega a mão atrás da cabeça e respira fundo.

— Eu vou deixá-los a sós! Aliás... você viu o Jack por ai? Eu estava atrás dele e acabei encontrando Aaron, então parei para ter uma conversa com ele e... enfim, agora ele está em boas mãos, tenho certeza! — Luna sorri. Sorrio de volta para ela e a abraço rapidamente.

— Sim... obrigada, Luna. E Jack está no salão principal, ele estava me ajudando a procurar o Aaron mas acabou ficando por lá para me avisar caso Aaron aparecesse por lá! Obrigada por ter feito companhia a ele, sério mesmo...

— Não tem problema. Eu estou saindo — ela se afasta e fecha a porta ao sair da sala, deixando-me sozinha com Aaron que até agora não abriu a boca nem mesmo para respirar. Franzo as sobrancelhas e respiro fundo. O que aconteceu aqui? Eu não sei se tenho coragem de perguntar o que estava passando pela cabeça dele quando ele fez isso, mas aposto que a dor que ele está sentindo é ainda pior que a minha, e todo esse tempo que eu passei longe dele, está caindo nas minhas costas neste exato segundo. Eu estou me sentindo mal por não ter ficado com ele... por que eu aceitei quando ele disse que queria ficar sozinho? Ninguém gosta de ficar sozinho quando está passando por problemas tão doloridos. Aaron só precisa de uma companhia para conforta-lo, ainda mais agora que perdeu dois parentes importantíssimos para ele, mas eu consigo imaginar a dor... Martina não era minha parente, mas eu a considerava minha irmã de sangue e me lembro perfeitamente bem dos meus momentos de tristeza quando descobri que nunca mais poderia receber um abraço apertado da minha melhor amiga ou ficar até tarde conversando sobre a vida com ela. Eu perdi tantos momentos com ela, uma vida inteira que foi jogada no lixo por minha culpa. Eu nunca vou parar de pensar que foi minha culpa, e eu sei que Aaron também está se sentindo assim, mas a minha obrigação como namorada e amiga dele é dizer que não, ele não teve nenhuma culpa de não ter ido até lá, até porque ele estava ocupado com a faculdade e tudo mais...

Fallin' For YouOnde histórias criam vida. Descubra agora