26 | Me Desculpa.

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Jack.

     Por que eu estou tão perdido? Até agora não me encontrei no festival. Luna está linda, mas acho que já mencionei isto uma vez. Ela não está de vestido, o que com toda certeza chamou toda a atenção quando chegamos no festival e tivemos que passar pelo portão principal. Ela está usando moletom vinho, uma jardineira preta brilhante e o Allstar da mesma coloração que o moletom. Eu a considero a garota mais linda do festival, e se pudesse eu com toda certeza ficaria por perto, mas estou seguindo minha ordem mental de manter uma distância segura dela para não acabar cometendo mais um erro grande. Zack ainda não apareceu, acho estranho que ele não esteja encostado no bar enchendo a cara, e é ainda mais estranho que todas as garotas mais bonitas da faculdade já estejam acompanhadas com seus digníssimos pares, então ele ainda não convidou ninguém... porque Zack costuma ser bastante exigente com as garotas em quem ele encosta a boca. Luna está distraída com o celular, desde que chegamos ela não saiu do celular e parece bem pouco interessada na minha presença. Qual é? Eu sou tão entediante assim? Ah.

Encosto-me na grande pilastra perto do palco central quando vejo Alyssa com um copo de bebida na mão. Ela está sozinha no meio da pista de dança, chacoalhando o quadril desajeitadamente e balançando os cabelos ondulados de um lado para o outro. Onde Aaron está? Eu não o vi com ela desde que chegamos aqui, e olha que já estamos aqui desde as seis da tarde, e agora já são nove e quinze da noite. Eu não confio na Alyssa quando ela bebe, sinto que ela vai acabar perdendo o controle e se tornará um grande vício na vida dela outra vez! Porque pelo que ela me contou hoje de manhã, a família dela continua no mesmo drama, mas dessa vez eles não estão nem se dando o trabalho de ligar para dar notícias de Max, eles simplesmente se esqueceram da existência dela e estão cuidando do filho mais novo. Max é um garoto incrível, sem sombra de dúvidas eu teria conversas incríveis com ele, mas tudo o que vem acontecendo está me deixando levemente irritado. Alyssa chorou a manhã inteira enquanto me contava sobre os ocorridos da família, e como ela é cem por cento casca grossa, ela não me deixava abraçá-la de jeito nenhum, ela ficava tentando manter distância para tentar provar a si mesma que consegue superar tudo sozinha! Mas não, ela definitivamente não consegue. Ninguém conseguiria superar o que ela vem passando, sozinho. Ela é uma garota de dezoito anos que acabou de embarcar em um mundo novo e que definitivamente precisa do apoio emocional dos pais para conseguir se manter forte no trajeto. Alyssa é... ah, eu queria muito encontrar uma forma de sugar os problemas dela por uma noite pra que ela se divertisse de verdade, mesmo sabendo que é impossível e que, sim, ela vai descontar tudo no álcool sem que eu possa fazer nada. Eu me sinto incapaz.

— Jack, eu vou ao banheiro — Luna murmura, olhando atentamente para a tela do celular com um sorrisinho nos lábios. Eu não digo nada, até porque nada no mundo mudaria a verdade de que Zack é bem mais interessante do que eu. E eu sei que ela está indo se encontrar com ele, não é atoa que ele não tenha aparecido por aqui ainda!

Continuo encostado na pilastra, assistindo os passos rápidos de Luna em direção aos corredores que as levam para os banheiros. Me parece que o plano de ficar debaixo das cobertas estava melhor! Viro-me e volto a olhar para Alyssa, analisando suas atitudes diante o copo imenso de bebida em sua mão direita. Ela está trêmula, noto — mesmo de longe — que a respiração dela está entrecortada, enquanto que o sangue com toda certeza flui um pouco mais rápido que o comum em suas veias. Ela está nervosa assim como eu, ela sabe que o que está fazendo não é certo com ela mesma, ela sabe que qualquer atitude errada que ela tomar agora, tudo pode mudar drasticamente na vida dela, ela sabe que tudo isto contribui para uma piora, mas nada disso, absolutamente nada de tudo o que acabei de citar parece fazer sentido agora que o que ela mais deseja no mundo é afogar de uma vez as dores que está sentindo. O sentimento de incapacidade, de solidão, apesar das companhias diárias. O sentimento de que mesmo se ela tentar, vai levar um gigantesco não na cara por não ser mais uma criança como o irmão dela. O sentimento de só precisar de um único abraço no mundo e perceber que ela não pode tê-lo. Quando me vê, Alyssa imediatamente relaxa os ombros e abaixa a cabeça, como se aos poucos a realidade fosse chegando até ela. Respiro fundo, coloco o copo vazio em cima da mesa por pura preguiça de ir até o outro lado da pista para jogá-lo no lixo e sigo rapidamente até ela. Alyssa odeia chorar na frente dos outros, e me deixa muito magoado quando vejo que ela explode, e quando explode, eu sei que está tão sufocada pelos sentimentos que precisa encontrar uma maneira imediata de se desfazer deles... ou de pelo menos tentar.

Fallin' For YouOnde histórias criam vida. Descubra agora