Especial: Zack.

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Hoje é o grande dia. Faltam apenas alguns minutos — ou segundos — para meus pais aparecerem no meu quarto e, sinceramente? Eu preferia que eles nunca tivessem vindo. Meu nervosismo está fora do normal, não tive vontade de colocar nada na boca hoje, nem água eu tomei, e olha que eu costumo beber uns quatro litros de água por dia para hidratar meu corpinho de quase dois metros de altura. Eu tenho um metro e noventa e seis, faltaram poucos centímetros para que eu me tornasse o cara mais alto da família, mas meu pai continuou com o título já que tem dois metros e um centímetro.

Eu estou andando para lá e para cá, acompanhado por Jack que não quis voltar para o dormitório da amiga dele. Ele disse a ela que ficaria melhor na cama dele e voltou para cá, mas isto não me deixa menos tenso, pelo contrário! Vê-lo todo machucado está me deixando ainda mais nervoso do que eu já estava. Saber que vou rever meu filho depois de tanto tempo é angustiante, ainda mais porque terei que tratá-lo e atura-lo me chamando de nano. Ele me chama assim desde que aprendeu a falar, foi como meus pais o ensinaram a agir... até porque a primeira palavra de August foi papai e não foi direcionada a mim, e sim ao meu pai, avô dele... eu sei que é o melhor para ele e que eu nunca conseguiria criá-lo com tanto carinho e atenção como meus pais conseguem já que estão aposentados, August diariamente tem atividades para fazer! Ele faz natação desde os três meses, prática karatê, passa com uma psicopedagoga todo mês, tem o tempinho dele da arte! Deus, ele é um menininho incrível, tenho certeza que vai crescer muito bem já que está rodeado de pessoas que o amam de paixão! Mas não nego que queria muito que ele me chamasse de papai um dia, mesmo sabendo que isto só vai acontecer nos meus sonhos, ou nem neles.

Quando a porta principal é aberta, meu coração vira uma pedra de gelo e eu entro em colapso quando vejo August adormecido nos braços do meu pai. Jack se levanta do sofá, cumprimenta os dois e vai rapidamente para o andar de cima para me dar privacidade com minha família. Mas eu não consigo me mexer, simplesmente toda a minha artimanha vai por água abaixo quando vejo aquele pequeno pinguinho de gente deitado sob o ombro do meu pai... ele é tão...

— Meu filho — minha mãe me agarra num abraço forte, enquanto que meu pai continua parado na porta com um grande sorrio em lábios — você está tão lindo, meu amor! Mas emagreceu bastante desde a última vez que nos vimos.

Talvez porque da última vez que nos vimos eu era um garoto feliz e ainda tinha Luna como amiga. Ela constantemente me lembrava que eu precisava comer e me cuidar para me tornar um bom jogador! Dizia que os treinos eram importantes, mas que minha saúde vinha acima de tudo... e ela sempre esteve certa.

Dois anos atrás

Luna está sentada no meu colo, observando com um certo pavor a população da festa onde viemos para nos distrairmos um pouco. Hoje ela recebeu folga dos babacas — vulgo amigos do padrasto dela — e conseguiu me acompanhar até a festa de hoje. Eu insisti muito para que ela viesse comigo para que eu pudesse distrair minha cabeça que só consegue pensar se meu pequeno Gus ficará bem com meus pais ou se eu tomei a pior decisão da minha vida inteira. Devo admitir que nunca vi Luna tão radiante, apesar de assustada, ela está com uma saia jeans escura, cropped preto e um casaquinho de couro por cima. Ela está linda de morrer, e fico orgulhoso de vê-la assim, justo ela que está sempre dizendo que precisa perder o tal "boca Virgem" urgentemente. Ela tem dezessete anos, e acho curioso que ela seja muito mais madura do que muitas pessoas que conheço, inclusive alguns professores babacas que fazem de tudo para destruir a sanidade alheia.

— Você está linda, amora! — beijo-a no comecinho do pescoço, entre a bochecha e a jugular. Ela abre um sorrisinho fraco e me encara com seus lindos olhos azuis. De longe ela é a menina mais bonita da faculdade inteira, ela é perfeita. Não nego que de vez em quando tenho pequenos ataques de ciúmes quando os caras chegam perto dela, mas nenhum nunca é bom o suficiente para encanta-lá e conseguir dela um beijo, por isso fico de longe observando e gargalhando da reação dos babacas que pensam que conseguem a conquistar com tão pouco esforço.

— Obrigada — murmura, observando atentamente o grupo de caras que estão brincando de verdade ou desafio. Aliás, nós também estamos, mas até agora não demos o azar de cair com a garrafa — por que não vamos para o meu dormitório? Eu gostaria de tomar um banho quente e ficar deitada vendo filme.

— Hum? Vamos ficar mais um pouco e daqui a pouco podemos ir, ok?

Por puro azar de lábia, a garrafa cai na nossa direção para aceitarmos o desafio. Luna deita a cabeça no meu ombro e dá risada ao se tirar da reta, sou eu que terei que cumprir o desafio, droga. Eu não estava animado com este jogo imbecil, sempre acaba em coisa errada. Eu já perdi a conta de quantas vezes levei um murro por beijar meninas comprometidas! Porque por aqui as pessoas levam bem a sério os desafios, e quando te desafiam a beijar uma vaso sanitário sujo, você tem que beijar se não quiser levar um tapa de cada uma das pessoas que estão participando do jogo.

— Zack, eu te desafio a beijar a Luna.

Luna enrijece no meu colo. Puta merda...

Dias atuais

— Nano — a voz de August é uma mistura meiga da minha voz com a de Candice, embora eu não queira me lembrar daquela garota imbecil, ele tem alguns traços que me lembram ela. Aposto que Luna morreria de amores em ver como August cresceu... volto para a realidade com ele puxando a baixinha da minha camisa. Meus pais estão me olhando de longe, ambos aflitos e, bem, eu sei exatamente o que estão pensando enquanto me olham.

— Ei — sussurro a August, abaixando-me na frente dele para abraçá-lo. Ele apoia os pés nos meus joelhos, agarra meu pescoço e me abraça com seus pequenos bracinhos. Procuro não aperta-ló muito enquanto me levanto — tudo bem?

— Sim!

Sorrio. Meu coração está quentinho, e aposto que meus pais estão quase chorando agora. Apesar de me oferecerem a ideia de ficar com o August, para eles também foi muito difícil fazer isto com o próprio filho! Eles sabem que August é neto deles, mas só estão fazendo isto para me ajudar. Engulo o choro entalado na garganta e afasto o cabelo do rosto de August quando ele se afasta para me olhar.

— Você gosta de sorvete, carinha?

— Sim, nano!

Nano... me lembro a primeira vez que ele me chamou assim, e foi tão bonitinho escuta-lo falando isto para mim via chamada de video. Acho que já me acostumei com a ideia, mesmo sabendo que nunca vou esquecer que ele é meu filho, tenho certeza que ele está melhor com meus pais do que comigo.

Somos interrompidos por alguém batendo na porta e, quando meu pai abre, todos nós nos deparamos com Luna... pisco algumas vezes até perceber que ela está realmente ali. Não é uma miragem. Meus pais sorriem para ela e, Luna mesmo muito assustada em vê-los depois de tanto tempo, apenas diz:

— Jack está aqui?

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Iihhhh....

Luna.
August.
Passado...
Hmm.

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