Ao futuro

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Foi o primeiro evento social que Harry e Severus iriam juntos, uma vez que para o público, Severus tornara Harry seu Herdeiro. O Velório seria as 17, mas somente por volta das 19 horas a pira seria acessa, por isso, quando faltavam pouco mais de meia hora, Harry desceu as escadas de terno e sentou no sofá do salão comunal da Grifinória esperando por Ron. 
- Por que está vestido de terno? - A voz de Gina o retirou de seus pensamentos. Harry olhou a menina que acabara de entrar. 
 - Velório de Lorde Nott.  
Gina franziu sua testa. - Por que vai no enterro desse comensal da morte? 
- Eu poderia lhe dar um monte de motivos. - Harry viu Ron descer a escada e se levantou. - Mas se você não sabe o mínimo de política do seu país, não vou ser eu a explicar. 
- Vamos. - Disse Ron para ele e ambos saíram da sala comunal em direção as masmorras, onde usariam a lareira de Severus. 
---oOo---- 
Manor Nott era sombria em todos os aspectos. As paredes eram escuras, os móveis e tapeçarias eram escuros, e a floresta ao redor da mansão junto com as gárgulas tornavam todo o ambiente uma espécie de mansão assombrada dos contos trouxas. 
O velório em si não foi cheio. Obviamente todos os lordes e ladys que apoiavam a facção escura estavam presentes e olhando tanto a Severus quando a ele e Ron com um tanto de irritação. Pra dizer a verdade, o ponto alto da noite foi Lorde Lestrange. 
O velho era altivo, bem diferente da figura apresentada a ele no início do ano, quando o mesmo discutia com Lady Longbottom. Ele se aproximou quando Harry, em uma atuação de herdeiro, foi buscar bebidas para seu marido. 
- Devo lhe agradecer, Lorde Potter. - A voz de Lestrange lhe deu um susto. 
- Me agradecer? 
- Digamos que dentro de 34 e 36 semanas, a família Lestrange contará com dois novos membros. 
Harry ergueu a sobrancelha. - Inseminação? 
- Sim, consegui quatro voluntárias. Duas para doarem e duas para carregarem. 
- Incrível. - Harry sorriu. - Feliz vida ao nascerem e que Hécate lhes de o dom da magia. - Disse usando o cumprimento ensinado por Narcisa. Radamanthus curvou levemente sua cabeça em aceitação e continuou parado próximo a Harry. - Deseja algo mais?  
- Soube que Agnes vai retirar filho e nora do hospital. 
- Eu realmente não acho... 
- A convença do contrário. - O cortou. 
Harry estreitou os olhos. - Por que eu faria algo assim? 
- Ela permitiu a continuação de estudos clínicos para a recuperação deles. Venho patrocinando muitos desses estudos e não posso fazer isso com eles em casa. 
- Entendo. - Disse calmamente. - Mas não o farei. Eles já estiveram em uma clínica durante muito tempo, não tiveram resultados. As vezes tudo o que precisam é algo familiar, e não vão ter isso em um quarto de hospital. 
O homem o olhou. - A convença dos estudos clínicos. Eles precisam continuar. 
- Isso eu posso fazer. - Dessa vez o Lestrange apenas assentiu e foi embora. 
- O que foi isso, companheiro? - Perguntou Ron se aproximando dele. 
- Lorde Lestrange veio me dar boas notícias. 
- Algo de bom vem de um Lestrange? 
- Aparentemente. 
A pira foi acessa pontualmente as sete. Harry esperou que houvesse algum discurso, o que pelos ensinamentos de Narcisa, deveria haver um, contudo, Theo apenas pegou sua varinha e incendiou o a madeira embaixo do corpo.  
Houveram murmúrios. Pessoas que comentaram o quão rude aquilo tinha sido, mas Theo os ignorou e continuou alimentando as chamas garantindo que o corpo fosse completamente incinerado. Então se voltou para as pessoas que continuavam falando.  
- Vocês querem um discurso? Pois bem, esse bastardo se foi tarde demais. Agora eu sou o novo Lorde Nott, e em breve a casa Nott apoiará novas políticas. Algo bem diferente do que esse cretino apoiava. - disse claramente transtornado.  
Theo desceu do elevado onde a pira estava e caminhou pela multidão, que se afastava conforme passava, e parou em frente a Harry. - Lorde Potter? Podemos conversar? - Os murmúrios ficaram mais alto. Harry apenas olhou para Severus que concordou. 
- Vou com você. - Disse Ron. 
Harry sacudiu a cabeça negando. - Preciso falar com ele sozinho. - Severus pois a mão em seu ombro. 
- Varinha em mãos. 
- Acha que ele vai me atacar? 
- Acho que ele não está bem o suficiente para manter para si mesmo. - Harry assentiu e caminhou atrás de Theo que estava parado próximo a escada.  
Eles não caminharam por muito tempo depois que subiram as escadas. Theo abriu a segunda porta a direita onde ao invés de um escritório, eles estavam em uma biblioteca relativamente pequena, o que provavelmente significava que era a biblioteca pública dos Nott. 
Theo e ele se sentaram em poltronas individuais que tinham próxima a uma janela no canto esquerdo da sala e ficaram em silêncio, até Nott falar. 
- Eu a quero. 
- Ela não é um objeto. 
- Nunca disse que era. - Theo se recostou na poltrona. - Hermione representa tudo o que a casa Nott precisa.  
- O que? Uma jogada de marketing? - Questionou com a expressão neutra. Theo esfregou o rosto, claramente frustrado. 
- Eu amo Hermione! 
- Vocês só se conheceram realmente no final do ano. Isso são o que? Um mês e meio? Não é o suficiente para você ama-la. - Disse calmamente. 
- Você não pode dizer que não é. - Theo estava claramente irritado. 
- Eu tenho um contrato afirmando que eu posso. - Discordou e Theo respirou fundo parecendo ainda mais frustrado. - Você claramente não está em condições de ter essa conversa. 
- Mas eu preciso! 
- Por que você precisa? 
- Hermione, ela... Eu quero voltar a vê-la. - Harry retirou os óculos e apertou a ponte do nariz antes de coloca-los novamente e olhar para Theo.  
- Sabe o que eu vejo, lorde Nott? Eu vejo um menino obcecado com uma menina. Uma criança que lhe foi negada o brinquedo. 
- Eu não... 
- Eu não terminei. - Harry disse seriamente. - Eu vejo uma criança perdida. Eu não vejo um homem que minha amiga precisa ao lado dela. Hermione é inteligente, segura de si e ambiciosa. Ela vai ter o ministério nas mãos e algum momento nos próximos dez anos. Tudo o que ela não precisa é uma pessoa pendurada nela a arrastando para baixo. 
- Eu sei disso. - Murmurou. 
- Então por que precisei coloca-la em contenda para que tivéssemos essa conversa? 
- Meu avô era totalmente contra Hermione. Ele jamais aceitaria. E antes que fale, ela também não é nenhum objeto de rebeldia. 
Harry ficou em silêncio. - O que você faria se seu avô não tivesse morrido? 
Theo ficou em silêncio por alguns segundos antes de responder. - Eu não sei. - Disse bem lentamente. 
- Nós dois sabemos que você sabe. - Theo o encarou passivamente. - Você matou seu avô. - Afirmou. 
- Não gosto do que está insinuando.  
- Não estou insinuando. Estou afirmando. Vi o anúncio do seu casamento. Seria hoje, não é mesmo? Você matou seu avô ao invés de assinar um contrato. - Theo continuou mudo. - Olha, não estou te julgando, nem vou usar isso contra qualquer posição que eu tome em relação a Hermione, mas gostaria de saber a história por de trás dessa atitude. 
Theo continuou impassível. Harry podia ver que ele queria admitir ao mesmo tempo sabia que admitir poderia colocá-lo em risco. Deu um suspiro antes de abrir lentamente a boca e falar. - Eu não sou como ele. Eu não sou uma pessoa ruim. 
- Não disse que era. - Theo mordeu o lábio antes de continuar. 
- Já ouviu falar da minha fama de anjo da morte? 
- Não. 
- Eu tive quatro noivas. Meus pais e avô assinaram contratos de casamento para mim, mas minhas noivas continuavam morrendo. A primeira foi Beatrice McNair. Ela morreu com nove meses, sem motivo aparente. A segunda foi Sabine Crowed. Morreu com 7 anos, dois meses depois do nosso contrato de casamento. Ela caiu na piscina de casa. A terceira foi há dois anos. Meredith Goyle, tinha 9 anos, morreu de Dragon Pox, foi a única da família que pegou. E por último Setembra Byron, 16 anos. Morreu em janeiro do ano passado, ataque cardíaco.  
- São muitas. 
- Sim. Nunca as conheci realmente fora o dia que os contratos foram assinados, mas todas morreram. Meu avô achou que se casássemos rápido sem realmente um noivado, não teríamos problemas. 
- Então você o matou. - Afirmou. 
- Sim. 
- Sabendo disso, por que eu deveria entregar a mão de Hermione para você? 
Theo pareceu considerar sua pergunta. - Eu acho que foram apenas coincidências infelizes. 
- Você diz amá-la, mas quer arriscar? 
- Eu sinto que cada vez que abro minha boca pioro a minha situação. - Sua frustração piorava. 
- Sim, você piora, mas não pelo que está me contando. Sim pela forma com que está agindo. Eu quero um plano concreto. Não vou deixar Hermione a sua mercê, com o risco de ter a reputação manchada porque você não sabe o que quer.  
- Eu a quero! - Quase gritou. 
- Ela não é a porra de um objeto! - Disse no mesmo tom e ficaram se encarando. Por fim, Harry se levantou. - Você precisa se recompor. Seu avô morreu e acabou de ser incinerado. Me chame quando tiver um plano concreto para seu futuro com Hermione. Até lá, eu não vou baixar a contenda. - Harry se levantou e deu as costas para Theo. 
- Espera! - Gritou e Harry parou olhando de volta para o menino. - Espera aqui. - Theo disparou para fora da biblioteca e voltou poucos minutos depois com uma pasta preta. - Aqui. - Entregou para Harry que abriu. 
- Um contrato de namoro? - Disse ao folhear. - Agora estamos indo há algum lugar. 
- Você disse que era pouco tempo. Esse contrato seis meses.  
- Vou mostrar para meu advogado e entro em contato até o final de semana. - Theo assentiu parecendo extremamente aliviado. - Não fique tão aliviado. Só vou assinar isso na presença do pai dela. - O garoto ficou pálido e Harry deu um sorriso vencedor. - Senhor Granger vai adorar conhecer o cara que quer namorar a filhinha dele. 
- Você é o chefe da família dela. 
- Posso ser, mas ele é o pai. Assim como os Gêmeos Weasley a consideram uma irmãzinha. - Harry gargalhou saindo da sala deixando um Theo extremamente pálido para trás. Os gêmeos irão se divertir. 
---oOo---- 
O resto da semana foi relativamente fácil. Harry não contou a Hermione do contrato, apenas o enviou para Narcisa e a pediu para redigir um com cláusulas de acordo com a casa Potter. Assim, quando sábado chegou, Hermione, Ron, Narcisa e Harry sentaram-se em uma mesa de um quarto alugado no três vassouras.  
- Veja isso. - Harry entregou uma pasta com o contrato de Namoro para Hermione que pegou e leu rapidamente. 
- Isso é um contrato de namoro? Isso é... 
- Perfeitamente aceitável para uma jovem senhorita que representa uma casa nobre. - Disse Narcisa. -  Pessoalmente acho que foi o primeiro ato realmente inteligente do jovem Nott. 
- Cissa você está parecendo esnobe. - Disse Harry. - Hermione, esse acordo é o normal entre pessoas de duas casas nobres. Meus avós fizeram um para meus pais, peguei o modelo deles. Esse contrato vai lhe proteger de qualquer escândalo. 
- Isso é tão arcaico. 
- Pense nisso apenas como uma proteção, não como uma obrigação. - Disse Ron. - Esse contrato vai te proteger, e caso vocês não queiram mais ficar juntos dentro desse tempo, poderá anulá-lo sem quais quer consequências para os dois. - Hermione leu novamente o contrato.  
- Aqui diz que Theo sofrerá consequências se me magoar, mas não explica quais. 
- Meus irmãos. - Disse Ron e Harry concordou. Os gêmeos seriam o pior tipo de castigo que alguém poderia querer. 
- Vocês são inacreditáveis. - Disse Narcisa e Hermione riu. 
- Onde eu assino? 
Todos olharam para ela como se tivesse feito uma pergunta idiota. - Eu vou assinar, e seu pai, depois Theo, você não assina. - Disse lentamente. 
- O contrato é meu interesse. 
- Já viu que precisaremos de mais aulas de cultura e etiqueta. - Disse Narcisa suspirando. - Vou enviar uma carta ao senhor Granger, solicitando um encontro para a próxima semana. 
- Tão longe? - Narcisa encarou Hermione severamente. - Semana que vêm é ótimo. - Disse rapidamente em um murmúrio. 
- Muito bem crianças, vou deixá-los a sós. - Narcisa se levantou e saiu da sala os deixando sozinhos. 
- Estou pensando em pedir a minha tia que escreva um contrato para Lilá e eu. - Disse Ron. 
- Noivado ou... 
- Namoro. Muito cedo para nos casarmos. 
- Também acho.  
- Se arrepende de ter casado? - Perguntou Hermione. 
- Não. Só que eu também não tive escolha. - Deu de ombros. - No final acabou sendo perfeito. Eu e Severus vamos tentar ter um bebê quando a escola acabar. - Hermione engasgou e Ron cuspiu sua bebida na mesa. 
- Já!? - Os dois gritaram ao mesmo tempo. 
- Meu contrato me obriga a ter pelo menos dois filhos. Três se considerar outro título que eu tenho. Sem falar a idade de Severus.  
- Ainda assim. - Disse Hermione. - Não me vejo tendo filhos antes dos 25. 
- 25? Eu não me vejo com filhos antes dos 30. 
- Eu entendo vocês, mas quero ter uma família grande logo.  
- Bem, então vamos brindar aos nossos futuros sobrinhos? - Disse Hermione colocando mais bebidas em seus copos. - Ao nosso futuro sem guerra. - Levantou seu copo. 
- Ao futuro. - Repetiram felizes. 
Notas finais são importantes; 

O contratoOnde histórias criam vida. Descubra agora