Epifânia

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A mansão Malfoy era tudo o que Harry imaginou. Grande, fria e refletia o status das pessoas que ali moravam. Ele se arrepiou com isso.
Quando ele surgiu no Hall de entrada Lucius o puxou para um quarto no segundo andar bem longe da escada.
O quarto era maior que o salão comunal da Grifinoria, o que ele achou tremendamente desnecessário. Havia também um banheiro e closet, que com toda a certa caberia a casa de seus tios.
- Escolhi esse quarto por que também há um escritório pra você usar. – Harry apenas moveu a cabeça em entendimento enquanto olhava o quarto que tinha as cores cinza, branco e azul, nada verde como dsperava.
- O que foi que disse? – Perguntou quando percebeu que Malfoy ainda falava.
- Amanhã vamos repassar suas contas. Por enquanto deixe seus pertences que os elfos vão organizar tudo. – Lucius o olhou de cima a baixo. – Creio eu que Narcisa vai se ocupar com você o resto do dia. Suas roupas são deploráveis. – Harry fez uma careta, mas deixou para lá, pois internamente concordava. – Vamos.
Eles desceram as escadas e Harry contou, esquerda, esquerda, direita, até chegarem a uma espécie de jardim privado ainda dentro da mansão, onde Narcisa Malfoy estava sentada em uma espreguiçadeira ao lado de Draco, e ambos comiam enquanto conversavam.
- Boa tarde. – Lucius disse enquanto apontava uma cadeira para Harry se sentar. O homem beijou a esposa e se sentou ao lado.
- O que ele está fazendo aqui? – Draco explodiu assim que pareceu conveniente e recebeu um olhar bem sério de seu pai que o fez baixar a cabeça.
- Narcisa, eu lhe apresento o novo Lorde Potter-Black.
- Potter-Black? – Perguntou Harry estranhando
- A única forma de ser o lorde Black e tendo o nome Black, por tanto Lorde Black. – Narcisa disse enquanto o olhava criticamente. – Ajeite sua postura. – Ela o observou mais tempo deixando Harry constrangido e depois chamou um elfo. – Mande chamar madame Aubry, diga que temos urgência.
- Não é melhor deixar para amanhã querida?
- Eu não servirei a um senhor que veste trapos.
- O que ele está fazendo aqui? – Severus disse entrando no jardim privado
- Eu estarei ajudando o senhor Potter a entrar em seus papéis de lorde e claro, ele também estará aqui para que vocês dois possam se entender de alguma forma.
- Entendimento? - Narcisa questionou aquela palavra.
- Eles vão se casar. - Draco engasgou com seu chá e Narcisa levantou sua sobrancelha perfeita em questionamento, enquanto isso Harry afundava ainda mais em seu assento.
- Explique-se.
- É um contrato antigo, entre as famílias Prince e Potter, ele é renovável é impossível de quebrar. – Harry gemeu na última parte.
- Muito bem, senhor Potter ficará comigo pelo resto do dia enquanto tento endireita-lo. – Olhou para Harry o fazendo se sentir ainda mais incomodado. – Você parece magro demais. – Harry deu de ombros e Narcisa jogou um feitiço sobre ele, que fazia sua bunda doer como se alguém o estivesse espancado. – Não de ombros, é muito mal educado. – Creio que o senhor Potter seja o portador. – Harry gemeu e novamente Narcisa o atingiu.
- Sim ele é, no entanto observações foram feitas para a saúde dele. – Lucius entregou um papel a Narcisa que leu rapidamente.
– Severus, vou precisar de algumas poções. – Olhou para o menino reprovadamente. – Qual foi a última vez que comeu?
- Hã... Ontem? – respondeu em formato de pergunta.
- Está me perguntando?
- Ontem senhora. – Narcisa então chamou um elfo e mandou que o mesmo servisse um almoço tardio é um pouco de cada prato. – Enquanto come, veremos sua etiqueta a mesa.
Harry assentiu e seguiu a mulher para dentro de casa, eles andaram por um longo tempo até entrarem em uma sala onde uma enorme mesa se encontrava já arrumada com os vários talheres.
- A primeira lição deve ser seu lugar a mesa. – Disse Narcisa o puxando para uma das pontas. – Quando se é o dono na casa, você deverá se sentar na cabeceira da mesa. Mandou que Harry se sentasse e permaneceu em pé atrás dele. Sua esposa, ou no caso, seu consorte, deve se sentar a sua direita. – Narcisa sentou-se a sua direita. – A sua esquerda deve sentar seu herdeiro. Ao lado do seu consorte, deve sentar seus outros filhos. – Entendeu até aqui.
- Sim senhora.
- Muito bem. Agora, levante-se. – Harry assim o fez. – Você é sua família são convidados para uma casa onde apenas sua família e a família anfitriã estão, onde deve se sentar.
- Na outra cabeceira? – Questionou e sentiu outro feitiço irritante de Narcisa o atingir.
- Nunca sente-se na cabeceira na casa dos outros. Você é o convidado, não seja rude. A mesma linha deve se seguida, você e seu herdeiro de um lado, sua esposa e outros filhos do outro lado. No entanto, para se manter a conversa, em jantares informais entre amigos, é normal que as crianças fiquem mais abaixo na mesa, você se senta no lugar do herdeiro e sua esposa ao seu lado. Entendeu. – Harry repetiu tudo monotonamente, demonstrando que havia aprendido. – Muito bem, agora os talheres. – Eles ficaram no que parecia horas falando sobre talheres que, só por terem tamanhos diferentes, tinham funções diferente.
Depois veio o pior, que foi a comida. Como a senhora Malfoy queria que Harry utilizasse todos os garfos, ele comeu um pouco de tudo, salada, peixe, carne, sopa, comida “normal”, sobremesa quente, fria, dura, líquida. Harry também precisou tomar chá, café, Wiskey e vinho. Ao final daquilo tudo, cheio até a alma de comida e com tanta informação em seu cérebro, Harry estava exausto, mas não poderia descansar.
Madame Aubrey era uma mulher com um forte sotaque irlandês, ruiva, magra e alta. A mulher parecia que tinha merda debaixo do nariz, depois de ver as roupas que Harry vestia.
- Por sorte sempre tenho roupas casuais prontas. – Disse assim que terminou de medi-lo. – Você está muito magro. – Observou.
- Ele estará em uma dieta rígida para engordar.
- Então roupas dois números maiores com feitiços de ajustes.
- Sim. – Para a consternação de Harry, Narcisa escolheu vinte pares de cuecas e meias, apenas duas calças e três blusas, dez conjuntos de pijamas de cores e tecidos variados. Segundo ela, ao contrário das meias e cuecas, todas as roupas seriam feitas sob medida. Harry também precisou escolher mais sapatos do que iria usar durante toda sua vida. Fora cinco pares de sapato para o dia a dia, cinco para ocasiões formais no ministério, outro cinco, para ocasiões formais fora do ministério, além de sapatos para andar em casa ou em Hogwarts quando estivesse em sua sala comunal.
- Devo mandar Lionel? – Questionou madame Aubrey antes de sair. Narcisa o olhou avaliando. – Eu adoraria minha querida. – A mulher se despediu e cerca de vinte minutos depois um homem, alto, de aproximadamente 60 anos, parecendo entediado entrou na sala.
O mesmo carregava uma maleta na mão de seu olhar logo bateu criticamente em Harry. – Creio que temos um longo trabalho com o senhor, Senhor Potter. – Sorriu maldosamente. – Meu sonho sempre foi por as mãos nos cabelos Potter.
- Como?
- Seu avô se recusava a deixar que eu colocasse a mão em seus cabelos, assim como seu pai. Irritante eu digo.
- Meus cabelos estão ótimos. O senhor conheceu meu avô?
- Tão bons quanto ninhos de pássaros - disse Narcisa ignorando a pergunta de Harry.
- Mas não adianta. Eu posso raspa-los e ainda sim vão crescer em algumas horas.
- Então por que não os deixa grande. – Respondeu o homem. – deixe com que fiquem retos, assim pode prende-los.
- Não sou uma menina. – Harry disse e Narcisa o atingiu novamente. – Isso é irritante! – Grinhuiu e outro feitiço o acertou.
- Comporte-se. – O homem, então mexeu várias e várias vezes em seu cabelo. Lançou feitiços para que o mesmo crescesse até quase sua cintura, para então cortar até o meio das costas.
- Eu não sou uma menina. – Repetiu Quando o homem se recusou a cortar mais.
- Cabelos longos não é sinal de homem ou mulher senhor Potter. – Disse Lucius entrando na sala junto com Draco. – É tradição que os chefes da casa usem cabelos longos até a cintura. Draco poderá deixar o cabelo crescer assim que eu passar manto para ele.
- Isso parece esquisito.
- É como as coisas são feitas. – Harry se olhou novamente. Era bom não ter o cabelo bagunçado, mas ainda era estranho.
- Você precisará de produtos. Muitos deles. – Leonel disse o interrompendo suas reflexões sobre seu cabelo. – Aqui está. As instruções estão em cada embalagem. – Harry olhou para a bolsa transparente que deveria ter uns dez frascos de tamanhos e cores diferentes.
- Para que isso tudo? – Lionel claramente segurou sua própria língua para não dizer nada desagradável.
- Tenho certeza que Lady Malfoy lhe dirá. Ou mesmo o herdeiro Malfoy, que utiliza os mesmos produtos.
- Ah, sim. Vou adorar explicar para Potter como se usa um shampoo. – Draco disse maldosamente e dessa vez, o feitiço irritante da senhora Malfoy, foi para o loiro.
- Obrigado Lionel, irei lhe acompanhar até a lareira. – Senhora Malfoy se foi e Lúcios se aproximou. – Já esta na hora do jantar.
Harry olhou através da janela pela primeira vez em horas e notou que já estava escuro. Como era verão, deveria ser por volta das nove da noite.
Eles foram até a sala de jantar e Harry sentou-se como o ensinado, ao lado de Draco. Ele pegou os talheres certos para comer e recebeu os olhares de aprovação da senhora Malfoy, no entanto, Malfoy resolveu que pisar em seu pé e chutar seus tornozelos eram muito engraçado.
- Senhora Malfoy?
- Sim.
- Qual é a regra sobre chutar convidados sobre a mesa? – Questionou calmamente e a varinha de Narcisa rapidamente se virou para o próprio filho. Harry deu um meio sorriso para Malfoy que o olhou irritado, mas se comportou.
- O que vou aprender amanhã?
- Amanhã iremos repassar as contas Potter. É a que está parada a mais tempo.
- Ironclaw disse que haviam alguns aluguéis que Dumbledore deixou de cobrar.
- Isso é importante. Você poderá cobrar todos os valores com juros.
- É se não tiverem dinheiro para pagar?
- Todos ficaram sem pagar aluguel por anos, se não pagarem, então deverão ser despejados.
- Isso parece cruel.
- Isso é o correto. – Disse Narcisa. – Mas lhe darei uma dica, antes de mandar as cartas solicitando o aluguel verifique quais são as famílias que estão hospedadas. Se estiver correta, todas são famílias que seguem Dumbledore.
- Não gosto disso. – Harry disse. – Por que me fazer perder dinheiro?
- Sua família na época a de seus avós eram a mais rica de toda a Europa. – Disse Draco. – Vai ver ele queria que você não tivesse muito poder caso descobrisse. Ou então, ele não queria que soubesse o tanto de coisas que tinha em seu nome, assim poderia sempre parecer dependente dele.
- Isso faz sentido. – Disse Harry. – será a primeira coisa amanhã.
- Isso poderá esperar. – Disse Narcisa. – Você ter a outra consulta médica e veremos seu óculos. – Ela olhou para os mesmos. – Onde os achou? No lixo?
Harry se encolheu. – Minha tia recebeu recado da minha escola quando eu era criança. Então ela apareceu com um óculos qualquer.
- Ela não te levou para fazer exames?
Harry negou. – Desperdício do precioso dinheiro deles. – Disse imitando a voz fina de sua tia.
Narcisa apertou os lábios em desaprovação. – Não gosto dessa mulher.
- Eu muito menos. – Harry disse. Eles acabaram de comer, e Narcisa mandou que Draco acompanhasse Harry até seu quarto. Eles foram em silêncio e quando chegou a porta do quarto, Harry parou.- O chapéu me queria na Sonserina. - Draco ergueu uma sobrancelha. – Sabe por que eu não fui? – O loiro negou e Harry fez seu melhor para imitar Draco de forma esnobe. – Eu deveria ir para a Sonserina. Toda a minha família é de lá. A melhor casa. Aqueles que não tem pais mágicos não deveriam entrar no nosso mundo. – Harry riu da cara de Draco. – Você foi um idiota, mas crescemos e espero que você tenha crescido em suas opiniões e eu que te pergunto, Draco Malfoy, você gostaria de ser meu amigo? – Harry estendeu a mão e logo a mesma foi apertada.
- Por que?
Harry deu de ombros. – Acho que tive uma epifania após a morte de Voldemort. Eu quero aprender tudo sobre o mundo mágico sem apenas a visão dos Weasley.
- É uma boa atitude. – Draco disse e se despediu.

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