Pais e Filhos

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Daniel e Jean Granger achavam o mundo bruxo incrível e hilário ao mesmo tempo. Quando, no meado do ano anterior, uma bruxa lhes visitou e explicou sobre as tutorias que sua filha estaria tendo para que a mesma fosse qualificada o suficiente na profissão em que escolheu, novamente essa descrição lhes veio à mente. 
Era hilário porque que Hermione estaria tendo aulas de boas maneiras. Segundo a bruxa, há uma grande variedade de regras e normas de comportamentos esperados para uma bruxa. E então era incrível a forma como ela definiu o que seria esperado. Embora machista, Jean teve algo a dizer sobre aquilo, ao mesmo tempo, as regras serviriam como um molde de comportamento de uma cultura totalmente estrangeira dentro do seu próprio país. Era hilário e incrível. 
Então, em um dia qualquer em fevereiro, a campainha tocou. Eles esperavam uma visita, pois a bruxa que outrora lhes visitou, enviara uma carta educadamente solicitando um encontro para uma conversa sobre o futuro de sua filha. 
- Senhora. - Daniel beijou levemente a mão oferecida. Ele e Jean leram os livros que Hermione estuda. 
- Senhor Granger. Obrigada por me receber em sua casa novamente. - Disse a mulher se curvando levemente. 
- Entre. - Daniel deu espaço para Narcisa entrar. - Espero que não se importe em conversamos na cozinha. Jean está cozinhando um bolo, e ela é um desastre na cozinha.  
- Eu ouvi isso! - Jean Granger gritou da cozinha da qual eles entraram logo em seguida. - E é muito verdade. Preciso vigiar ou vai queimar. - Ela sorriu. - Olá. Como vai? 
- Olá senhora Granger. Eu vou bem. Gostaria de conversar sobre Hermione. 
- Mas algum curso que ela precisa fazer? - Perguntou Daniel. 
- Na verdade. - Narcisa retirou uma pasta de sua bolsa e pôs em cima da mesa. - Eu gostaria de saber se sua filha escreveu para casa lhes informando que está namorando? 
- Eu não quero chegar as piores conclusões, mas por favor, me diz que ela não está gravida! - Jean disse rapidamente. 
- De forma alguma. - O suspiro de alívio dos pais foi evidente. - Hermione é uma menina inteligente de mais para isso. Contudo, como informei aos senhores no verão passado, existem diversas regras e protocolos no mundo bruxo.  
Sua filha iniciou um relacionamento com um jovem de uma casa antiga e nobre e por isso, queremos tomar certas providências para que esse namoro não a afete. 
- Que tipos de providências e de que forma isso poderia prejudica-la? - Questionou Jean. 
- Hermione me contou que os senhores se interessaram pelos seus livros de cultura bruxa. - Ambos confirmaram. - Como devem saber, quando um jovem de uma casa alta se relaciona com uma jovem sem casa, mesmo que sua filha seja uma protegida Potter, ainda assim pode haver alguns rumores indesejados. 
- Sem querer ofender, mas isso parece algo que minha avó diria. - Disse Daniel. - Então ela seria prejudicada se continuar a namorar esse garoto. 
- Não se certas questões forem atendidas. - Ela empurrou a pasta, que retirou de sua bolsa, para eles. - Esse é um contrato de namoro. Nesse contrato haverão clausulas que ambos devem cumprir por um período de tempo. Caso seus relacionamentos continuem de forma satisfatória, então mudaremos para um de noivado. 
- Contrato? - Ambos pareciam incrédulos. 
- Esse contrato não é atípico. Sei que parece bem diferente, mas não é.  
- E isso irá proteger a reputação de nossa filhinha? - Questionou Daniel. 
- Exatamente. 
- Precisamos assinar agora ou...? 
- De forma alguma. Trouxe o contrato para que leiam e verifiquem cada clausula. Depois de lerem, gostaríamos de marcar um dia para que os senhores tirassem suas dúvidas, conhecessem o jovem e só então assinar. 
Daniel estava foleando o contrato enquanto Narcisa falava. - Aqui diz que apenas eu, o amigo da minha filha e Lord Nott devem assinar.  
- Você assina como o pai, Theo Nott deverá assinar como o atual lorde Nott e Harry assinará porque Hermione é uma representante da casa Potter. 
- Ela não deveria assinar? - Questionou Jean. - Ela já é maior de idade até no nosso mundo. 
- Hermione leva o nome de seu pai, e representa a casa Potter, por tanto as pessoas que terão reputações arruinadas caso ela faça algo desonroso que terão que permiti-la. 
Jean mordeu o lábio em uma clara tentativa de não ofender a cultura bruxa, algo que Narcisa apreciou. - Quando devemos nos encontrar? 
- Lorde Potter sugeriu no próximo final de semana. Há um vilarejo próximo a escola e posso leva-los, contudo, se sentirem mais à vontade, podemos marcar em Londres.  
- Acho que preferimos Londres. - Disse Daniel.  
- Marcarei o dia e o local. Preferem o jantar ou o almoço? 
- Jantar. 
- Enviarei uma coruja assim que possível. - O casal assentiu, e depois de chá com bolo, Narcisa os deixou estudando. 
Depois de Narcisa aparatar da sala, Jean voltou para a cozinha. - O mundo bruxo é completamente... 
- Insano? 
- Incrível e Hilário, mas insano também serve. 
- Essa conversa toda foi insana, mas sabe o que mais me irritou? 
- Namorado da Hermione? 
- Nossa garotinha está namorando. - Chorou dramaticamente Daniel e sua esposa riu. 
----oOo---- 
Quando Neville voltou para a escola, ele evitou Harry como uma praga. Bastava o jovem invalidador do lorde das trevas entrar em um cômodo que o futuro herbologista saia o mais rápido possível. Harry já estava ficando extremamente irritado com essa atitude, por isso, depois de dois dias, ele resolveu dormir em seu dormitório para variar. 
Harry subiu primeiro, como sempre fazia para disfarçar, só que dessa vez, esperou em sua cama até ouvir Neville entrar. Como o mais silencioso de todos os seus colegas de quarto, foi difícil ter certeza, por isso olhou entre as frestas das cortinas e viu quando Neville pegou suas coisas e foi para o banheiro. 
Assim que voltou, Neville levou um susto ao ver Harry sentado em sua cama. - Vai continuar me evitando e lançando esses olhares? 
- Não sei do que está falando. - Disse rapidamente. 
- Sabe sim, minha teoria é que tem a ver com o fato de seus pais estarem em casa. Já que foi minha idéia, creio que você me culpa. 
Neville ficou em silêncio encarando Harry antes de dizer lentamente. - Estou decidindo se te agradeço ou se soco sua cara. 
- Bem, eu não gosto de sentir dor. Já senti muitas durante minha vida. Então eu aceito seu agradecimento. - Neville bufou e se jogou ao lado de Harry contando tudo o que ocorreu na semana anterior. - Entendo. Eles ainda não acordaram? 
- Não. Minha avó chamou um médico, e ele disse que estão processando o que aconteceu, por isso estão dormindo ainda. -  Ambos ficaram em silêncio.  
- É muito cruel eu querer trocar de lugar com você? - Neville olhou para Harry. 
- O professor Snape ainda me dá medo. Então sim. - Disse com um sorriso e Harry bufou. - Eu te entendo. Querendo ou não eles ainda estão ali...  
- E os meus não. - Novamente o silêncio se instalou, por fim, o som dos outros integrantes do quarto soou, então Harry decidiu sair logo voltando para as masmorras.     
-------oOo------- 
Harry podia ver pelos olhos de Hermione que ela estava nervosa. Tradicionalmente, contratos de união não eram feitos com a mulher ou portador envolvidos, mas considerando a situação atípica deles, Hermione estaria presente. 
Os dois foram para Hogsmead e de lá pegaram o desconfortável flu para o caldeirão furado, onde encontraram com Narcisa e tomaram um taxi para um restaurante escolhido. Os pais de Hermione já estavam quando chegaram. 
- Pegaram trânsito? - Hermione perguntou aos pais. 
- Não, tudo estava tranquilo. - Sua mãe respondeu. - Agora, enquanto ele não chega, o que devemos esperar dessa reunião? - Todos olharam para Narcisa, que por sua vez apertou a mão de Harry, que arranhou a garganta chamando atenção para si. 
- Os senhores leram o contrato?  
- Pode nos chamar de Dan e Jean, querido. - Disse a mãe de Hermione. - Já ouvimos tanto sobre você, que mesmo sendo a primeira vez que conversamos, é quase como se já te conhecêssemos. - Sorriu. - E respondendo sua pergunta, sim, lemos o contrato e não tivemos dúvida sobre qualquer um dos tópicos. 
- Muito bem, o contrato é feito como um acordo de reconhecimento de relacionamento. O mundo bruxo ainda têm algumas... - Harry hesitou. - Questões sobre hierarquia. 
- Sobre ser um sangue puro, como Hermione diz? - Perguntou Daniel. 
- Também, mas o sangue não é tão importante quanto parece. Se um meio sangue ou nascido trouxa tem riqueza ou poder bruto, ele não vai ser tão facilmente ignorado.  
- Bem parecido com o mundo trouxa. - Disse Jean. 
- Algo assim. - Confirmou Harry. - Ao assinarem esse acordo, Theo e Hermione estarão afirmando contratualmente que estão se conhecendo e que não possuem interesses escusos em estarem um com o outro. 
- Olha, eu sei nossa posição. - Disse Daniel. - Pelo que entendi, Hermione não teria algo a oferecer ao menino. 
- Pelo contrário. - Narcisa se pronunciou. - Sinto vergonha de dizer isso, mas muitos jovens homens sangue puro tendem a ter suas experiências com jovens nascidas trouxas.  
- Isso é horrível. - Disse Hermione. 
- Infelizmente é o que acontece. Principalmente por que as meninas não tem a quem recorrer em caso de filhos bastardos. 
- Esse contrato garante que nada aconteça com Hermione? - Perguntou Jean. Ambos os pais pareciam preocupados. 
- Exatamente. - Disse Harry. - Se vocês olharem para a clausula 14, proíbe Theo de tocar Hermione intimamente. - Hermione pulou no contrato para ver as cláusulas e ficando extremamente vermelha. 
- Nós vimos. - Disseram os pais divertidos.  
- Contratos desse tipo tem duração mínima de três meses e máxima de dois anos. Considerando o fim da escola junho e o início da aprendizagem e empregos em agosto, Theo sugeriu um período de seis meses, mas não achei adequado, então serão oito meses. 
- Por que não achou adequado? - questionou Daniel. 
- Por que ele me irritou. - Harry disse e os pais de Hermione o olharam divertidos. - Após esse período, poderemos considerar um contrato de noivado.  
- Tão cedo? - Questionou Jean. 
- É bem normal no mundo Bruxo. - Disse Narcisa. - Porém sempre é adequado a uma bruxa que respeite o período mínimo de dois anos de noivado. 
- Ou seja, eu com toda a certeza não vou me casar pelos próximos 3 anos. - Hermione disse ainda um tanto atordoada. 
- 2 anos e oito meses, para ser mais específico. - Disse Harry sorrindo e fazendo Hermione revirar os olhos. - Hey, não faz isso. Eu já separei seu dote, ele é grande e seu noivo precisa fazer valer a pena. 
- Dote? - Questionou Daniel arregalando os olhos. - Dote? - Perguntou novamente parecia mais atordoado do que qualquer outra coisa. - Quando Hermione nasceu separamos dinheiro para ela ir a faculdade, estudar. Dote? 
- Não se preocupe Daniel. Deixa esse dinheiro para ela estudar. - O homem parecia mais relaxado. - Eu estarei pagando pelo dote dela. 
- Por que você? - Jean também parecia um tanto atordoada. - Desculpa, mas dote parece algo que minha avó diria. Quer dizer, minha avó disse que ela teve um dote.   
- Hermione se tornou uma protegida da casa Potter. Cada coisa que ela fizer, refletirá em mim e na reputação da minha casa durante toda a sua vida. Dote é algo muito comum no mundo bruxo, mas ele é utilizado somente pela mulher que recebe, o marido não tem direito a nada. Quanto maior for o dote, maior é o prestigio que a casa tem. 
- Você sabia disso Hermione? - Perguntou sua mãe. 
- Sim. Era uma das cláusulas do contrato que assinei para me tornar uma protegida. - Hermione abanou as mãos como se não fosse nada. - Não tente brigar com ele por isso. Atualmente meu dote tem direito a 3% da Microsoft.  
Os pais de Hermione olharam de olhos arregalados para Harry. - Sou bom em investimentos. - Narcisa confirmou. - Então, respondendo à pergunta inicial. Vocês devem agir como pais normais. Intimidem, façam ele ver que vocês podem não ter magia, mas vão arrancar as tripas dele se fizer mal a Hermione, depois disso assinem o contrato. - Harry franziu o rosto pensando. - Assinem o contrato só no final do jantar.  
- Esse garoto te irritou mesmo. - Disse Daniel sorrindo e Harry concordou. - Mas você tem razão.  
- Pai! - Hermione chamou a atenção. 
- Não vem com pai. Se avô sentou comigo em uma sala enquanto limpava uma arma.  
- Acho que posso transfigurar uma arma se o senhor quiser. - Disse Harry. 
- Harry! Sem armas. - Hermione estava ficando verdadeiramente irritada e, só por isso, tanto o pai dela quanto Harry começaram a falar sobre torturar criativas com utensílios de cozinha. Jean e Narcisa embalaram em uma conversa sobre maternidade e todos ignoraram Hermione, até Theo chegar, e receber um sorriso malicioso de Harry e Daniel; 
- Boa noite. - Disse ao se sentar e esperou para participar do jantar mais torturante de toda a sua vida. Contudo, depois da sobremesa a contenda de Hermione finalmente caiu e o contrato foi assinado. 
- Oi! - Disse Theo sorrindo carinhosamente para Hermione que corou e disse "oi".

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