Charlie

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Junho de 1989
Charlie queria muito continuar a vomitar, mas não havia mais nada em sei estomago para tal.
- O que você comeu no trem? – Sua mãe perguntou.
- Nada. – Negou e voltou a vomitar.
- Acabou? – perguntou quando parou.
- Acho que sim. – se levantou e limpou a boca, tomando um pouco de água.
- Aqui, bebe esse chá. – Charlie bebeu o chá ruim que fez seu estômago um pouco melhor. – Deite-se. – Sua mãe ordenou e assim o fez. – Vou fazer um feitiço diagnostico.
- Você sabe fazer isso?
- Eu tenho cinco filhos, o básico de medicina tenho que saber. – Brincou sua mãe e jogou o feitiço nele fazendo uma pena e papel que tinha junto, começar a escrever. Assim que parou, sua mãe ficou pálida e correu para fora do quarto.
Sem entender nada, Charlie foi atrás dela escada a baixo e ouviu sua voz na cozinha quase gritando.
- Temos que tirar isso dele! – Disse sua mãe.
- Faz o que você quiser, eu quero ele fora! – Seu pai disse irritado. – Não quero que ele contamine os outros meninos com isso.
- O que! Você não pode expulsar ele! Ele é nosso filho.
- Ele é uma bicha! – Seu pai disse com ódio que fez seu corpo inteiro doer. Como eles sabiam que era gay? Por que seu pai, tão amoroso, estava dizendo aquilo? Era cruel!
- Eu posso consertar. Eu vou consertar! É só uma doença. Eu vou dar um remédio a ele e ele vai se comportar como homem.
- Uma vez bicha sempre bicha. E se ele levar essas ideias idiotas para os outros garotos?
- Ele tem 16 anos Arthur! Ele tem e anos de escola ainda. E tirando Percy, ele não vai ter contato com nenhum outro. Pra onde ele vai?
Arthur suspirou. – Você deixa muito fácil para eles. Se ele não melhorar esse comportamento e se tornar um homem, eu quero ele fora. – Charlie ouviu passos e não conseguiu nem fingir que tinha acabado de chegar.
- Ah, você está aí! – disse séria. – Vem comigo. – Ela puxou Charlie para dentro da cozinha e o fez se sentar em frente a seu pai que o olhava com nojo.
- O que eu tenho? – Perguntou trêmulo.
- Você está gestando. – Sua mãe disse seca. – Você além de ser... isso, está gestando. Como uma puta! – Charlie olhou chocado para sua mãe. Não só pela informação, como pela linguagem. – Eu vou te dar um remédio e você vai por isso pra fora.
- Isso? – A olhou sem entender.
- O feto Charlie! Você vai fazer um aborto.
- O que? Por que? – Perguntou Chocado.
- Por que ou você faz isso, ou vai você e o bebê para rua. – Disse seu pai calmamente. – Por mim eu te colocava agora, mas sua mãe intercedeu por você.
Charlie olhou para seu pai. Ele queria o expulsar? Por estar gestando?
- E por causa das despesas? Eu posso trabalhar para o bebê. – Disse. – Vocês não vão precisar gastar mais. Eu saio de Hogwarts se necessário.
- Acho que você ainda não entendeu Charlie. O problema não é um bebê. O problema é você ser gay. Eu não gostos de bichinhas. – Seu pai disse muito calmo, como se estivesse explicando para alguém muito lento, e foi isso que Charlie precisava.
- Por que? Você sempre diz que devemos aceitar a todos.
- Desde é claro que não sejam escuros. Isso o que você é: repugnante e escuro. Então vou te dar duas opções, ou toma o que sua mãe te dá, ou vai embora. Eu não me importo, mas não vou ter um bicha na minha casa infectando meus filhos saudáveis.
Charlie sentiu lágrimas descerem em seu rosto. Céus! Aqueles eram seus pais? – Eu vou precisar de uns dois dias para a poção. Não tenho os ingredientes e está muito tarde para comprar e amanhã é feriado.
- Até lá, eu não quero ele fora do quarto.
- Vou garantir isso. – Sua mãe disse. – Suba para seu quarto. Eu vou levar comida para você.
Charlie foi como um robô, se sentindo traído e tão triste, que tudo o queria era chorar. Sua mãe trancou a porta assim que passou por e foi esse barulho que o fez raciocinar novamente. Foi até sua escrivaninha e escreveu uma carta para seu namorado esperou secar e colocou em um envelope. Depois pegou algumas guloseimas e sacudiu em sua janela.
Errol, a coruja da família, adorava entrar em seu quarto para pegar as guloseimas que Charlie tinha. Então quando acenou algumas, rapidamente a coruja atrapalhada apareceu.
- Olá garoto! Pode levar uma carta para mim e esperar a resposta? – Errol piou e Charlie prendeu a carta em sua pata e falando a que devia entregar.
Charlie assistiu a coruja ir e com um suspiro, deitou-se em sua cama.
- Caramba! Um bebê! - Esfregou a barriga sorrindo. – Oi bebê! A quanto tempo você está aí? Espero que esteja bem. Não se preocupe, não vou deixa-los te machucar. Chamei seu pai, você vai gostar dele. Ele é muito inteligente e vai nos ajudar.
Charlie sentiu seu estômago se mover e correu para o banheiro para vomitar novamente. Quando acabou riu. – Você vai me dar trabalho, não é?
Sentindo-se nauseado, foi dormir. O dia estava amanhecendo quando Charlie acordou com Errol em cima de si. Sorriu e pegou a carta dando alguns ratos secos para a coruja que piou e saiu.
Abriu a carta e seu desespero voltou ao ler as linhas. “E o melhor a ser feito.” Terminou a carta e o desespero bateu. O que ia fazer? Quem poderia ajuda-lo? Seu irmão? Não, Will não ia sair do Egito para ajuda-lo. E se ele fosse igual ao seu pai? Tia Muriel era a única outra pessoa de sua família, mas ela os odiava. Sua avó morreu a apenas duas semanas. Duas fodidas semanas o separaram de quem poderia recorrer.
- O que eu vou fazer? – Charlie pensou em seus amigo de time, seus amigos na escola, professores. Não se sentia próximo o suficiente de ninguém para pedir ajuda. Quem ele iria recorrer?
- O que eu faço? – Sentou no chão chorando e implorando a qualquer entidade que pudesse lhe ouvir, mas o dia passou, sua mãe entrou e saiu do seu quarto colocando comida em sua mesa e saindo sem o olhar. Assim outra noite se passou e Charlie não saiu de sua posição e então sua mãe entrou novamente no quarto.
- Beba isso. – Entregou um copo cheio com uma substancia amarela gosmenta.
Charlie a olhou. Ele tinha certeza que seu rosto demonstrava todo o pesar que sentia. – Mãe, por favor?
- Beba Charlie. – Disse sua mãe. – Ou isso ou pode sair dessa casa com a roupa do corpo. – Por dois segundos, aquele pensamento passou por seu pensamento, mas como iria sobreviver com um bebê?
- Posso ficar sozinho? – Sua mãe o olhou por dois segundos.
- Faça o que quiser, depois você limpa tudo. – Saiu e bateu sua porta do quarto.
Charlie então colocou a mão em sua barriga. – Sinto muito. – Chorou. – sinto muito. Eu não posso ter você agora. Sinto tanto. Eu não tenho força para manter você. – esfregou sua barriga. – Vamos fazer um trato? Quando eu for mais velho, e tiver um papai legal para você, você volta pra mim? Promete? – Charlie se levantou e retirou sua roupa deitando nu no chão e então bebeu o liquido maldito. – Tchau bebê.
Então doeu, doeu muito doía tanto que ele gritou e então desmaiou. Em sua dor acordou algumas vezes e viu... aquele é Percy? Não tinha certeza de quanto tempo tinha passado, mas quando acordou de vez, estava em sua cama de pijama. Ainda doía muito, por isso se encolheu enquanto esfregava sua barriga. – Cumpra sua promessa bebê.
Sua porta abriu e Ron colocou a cabeça para dentro. – Está melhor Char?
- Oi, maninho. Ainda não.
- Posso deitar com você? – Charlie abriu os braços e Ron correu para cama.
- O que você fez hoje?
- Nada, mamãe me deixou de castigo por que eu estava brincando com a Gina. Não entendi nada. – Charlie apertou Ron contra seu peito. Quem eram aquelas pessoas? Suspirou, ele tinha planos agora para traçar.
Assim os anos se passaram e Charlie terminou a escola enviando sua candidatura para outro país, saindo no meio da noite se despedindo se uma única pessoa.
- Romênia e tão longe! – Reclamou Ron.
- Eu sei. Sinto muito por isso. – Sussurrou.
- Você vai escrever?
- Vou! – Beijou a testa de Ron. – Me promete uma coisa? – Ron afirmou. – Se precisar de mim para qualquer coisa, não importa o que seja, me chame, eu vou voltar correndo.
- Tá Bom. – Charlie sacudiu a o cabelo do seu irmão e não voltou a Inglaterra, mas seus pais fizeram questão de visita-lo e o lembrar de se casar com uma boa bruxa. Ele não iria voltar, mas foi obrigado para o torneio tribuxo.
As coisas na Inglaterra estavam ficando tensas, mas pelo menos pôde ver o Ron e seu enorme ciúmes. Seu irmão parecia ter regredido e Charlie se perguntou o porque.
- Papai esta sempre ocupado, tudo o que eu faço nunca e bom o suficiente. – Deu de ombros. – Sinto sua falta Charlie. Percy não liga pra mim, os gêmeos estão sempre explodindo algo e nossos pais estão sempre ocupados com Gina. – Reclamou.
- Sinto muito que esteja passando por isso, mas não posso voltar.
- Eu sei.
- E seu amigo, quando vai fazer as pazes com ele? – Ron corou. – Ron, precisa pedir desculpas. Tem coisas que da para consertar, tem coisas que não. Harry é seu melhor amigo, não é?
- Sim. Ele e Hermione. – Ron ficou sério. – Mas as vezes eu não queria ser amigo de Harry.
- E por que não? – Ron apertou as mãos na cerca que rodeava os espaços para os dragões.
- Mamãe e papai parecem que lembram que eu existo só quando Harry está. Quando Harry está longe, e como se eu estivesse invisível.
- Isso não é culpa de Harry.
- Eu sei. Mas quando eu vejo, eu já fiz besteira.
- Você tem que usar mais sua cabeça, Ron. Nem sempre um pedido de desculpa vai resolver as coisas. Agora volta para o castelo.
A primeira prova terminou com Krum destruindo três ovos. A porra do garoto estúpido machucou um dragão e ferrou com três ovos. O Dragão ficou deprimido e sem reação.
- Eu te entendo garota. – Colocou a mão em seu focinho. – Eu sei que dói, mais vai melhorar. – O Dragão chorou um assobio alto.
- Eu machuquei ela. – Disse uma voz grossa com um forte sotaque búlgaro.
- Veio terminar o trabalho?
- Vim pedir desculpa.
- Isso não conserta os três ovos.
- Eu sei. – O buscador parecia realmente arrependidos. – Eu odeio ter machucado ela.
Charlie o olhou com interesse. – Gosta de animais, garoto?
- Sim. Eu tenho cavalos.
- Você pode se desculpar nos ajudando. – Disse. – Estamos subindo acampamento. – O buscador sorriu e acenou. Charlie não sabe como, talvez tenha fosse culpa do Wiskey de fogo levado por seu amigo, ele acordou na cama com Krum.
- Você precisa voltar. – Acordou Krum.
- Vou ver você de novo?
- Acho meio difícil. – Krum puxou Charlie e o beijou. – Quer uma outra rodada?
- Quero. – Krum sabia fode-lo. O garoto era forte e sabia o que fazer. E eles fizeram. Mas tiveram que se despedir. Quase um mês se passou quando Will foi visita-lo na Romênia trazendo notícias de casa.
- Eu não vou voltar. – Disse ao seu irmão. – Minha vida está aqui.
- Você não volta pra casa tem anos. Nem nos natais Charlie.
- Eu tenho um emprego que precisa de mim. Natal não é importante.
Seu irmão franziu a testa. – Você amava o natal.
- Eu cresci. – Will bufou. - Eu realmente não vou voltar a Inglaterra. Nossos pais não deveriam fazer parte dessa ordem. Temos dois irmãos menores de idade que vão virar alvos.
- Tentei explicar isso para eles. Dumbledore está reunindo pessoas para procurar informações, ele me pediu para convencer você a ajudar.
- Ele sabe que eu tenho trabalho certo? – Bufou e então sentiu uma pontada dolorosa em sua barriga o fazendo se curvar.
- Charlie? – Will gritou e o levou para a cabana hospitalar onde descobriu seu pior pesadelo.
- Não foi uma poção abortiva, foi um estericida. – Disse a médica da cabana. – Você não pode ter filhos de nenhum dos dois jeito.
- Ele estava gestando? – Disse Will enquanto Charlie a olhava em choque.
- Estericidas só são realmente efetivos com duas doses. Ele tomou uma só, que o permite engravidar, mas é impossível continuar uma gestação. Eu recomendo um ressecador uterino, assim você não engravidaria mais.
- Nos deixe a sós. – Disse seu irmão e a médica saiu. – Charlie, quando foi que tomou esse remédio? – Charlie não conseguia responder. Apenas olhou seu irmão. – Charlie, me conta o que aconteceu!
Pela primeira vez Charlie falou daquele dia. Falou da reação de seus pais, falou da carta que mandou para seu namorado e como o cara foi covarde o suficiente para simplesmente lavar as mãos e o mais importante, ele nunca poderia trazer seu bebê de volta. Como iria? Não adiantaria nem se deitar com uma mulher. Ele era estéril, seus pais o fizeram estéril.
- Eu vou matar eles! – Gritou Will com raiva. – Por que não me escreveu?
- Eu não sabia se ia reagir igual ao pai.
- Pelo amor de Merlin, Charlie! Você é meu irmão!
- E eles são nossos pais. – Will suspirou reconhecendo seu ponto. – Eu quero muito quebrar uma coisa.
- Quebra aquele vaso. – Apontou para um vaso de vidro estranho e marrom. - É feio!
Will bufou. – E o pai dessa criança?
- Foi coisa de uma noite. Ele era um bom cara.
- Eu vou encontrar algo irmãozinho. Eu vou achar algo para reverter. Eu te prometo.
Agora...
- Ele conseguiu fugir, ele conseguiu fugir. – Charlie dizia a si mesmo em uma tentativa de se acalmar. Seu irmão não passaria o mesmo que ele.
Quando chegaram ao quarto em que Ron estava, Charlie passou a frente de seus irmãos e puxou um dopado Ron para seus braços. Seu irmão ficaria bem. Tudo ficaria bem com Rom e dessa vez, as coisas não ficariam assim. Ele iria fazer algo, só não sabia o que exatamente. – Eu estou aqui, maninho.

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