Josephine
Querem saber de um segredo?
Minha antiga vida já era. Isso mesmo!
Já era...
Ela foi DEMITIDA sumariamente quando resolvi me rebelar e mudar radicalmente tudo. Tudo, menos eu claro, porque me gosto...
Muito.
Não que seja do tipo egocêntrica ou me ache perfeita, nada disso... Só não me abalo por qualquer coisa e por força das circunstâncias, aprendi a me virar sozinha... E, acho que o melhor sempre estará por vir, mas não acredito em contos de fadas... Ah, não mesmo. Diga-me onde os príncipes estarão e correrei na direção contrária.
Então óbvio, a demitida foi a outra. Aquela EU que começou a aparecer sem ser
convidada refletida no meu espelho. Uma intrusa sufocada e sem brilho, que todos queriam que eu fosse, mas me recusei a ser. Desculpem, era ela ou eu... Viver ou sofrer... Então, mandei-a para as cucuias junto com todo o resto... Cidade, parentes malucos e um relacionamento doentio.
Sinto pela cidade, amo Curitiba, mas não há batalha sem perdas. Não me arrependo e foi libertador, embora os mais próximos digam que enlouqueci...
Mas, muita calma nesta hora.
Não virei uma louca impulsiva, ingrata e abandonadora de lares como alegam. Ao contrário, estou bem lúcida. Só lembrei que para ser feliz, preciso gostar de mim, me cuidar e principalmente, gostar de quem também gosta de mim.
Simples assim.
Eles é que não enxergaram os sinais ou não quiseram enxergar. O que foi uma pena! Porque a mudança de atitude foi tão óbvia. Fruto de uma decisão pensada, repensada e pensada novamente. Primeiro, resgatei minha força interior, amor próprio e determinação. Estudei, formei-me, consegui um emprego e juntei um dinheiro. Depois... Aproveitei uma pulada de cerca das boas para exigir minha liberdade e paguei caro por ela.
E agora, apenas aceitei um empurrãozinho do destino... A empresa na qual trabalhava foi vendida para uma outra aqui em São Paulo, a Fiennes Corporation ou a F&C...
Só aproveitei e mudei junto com ela de mala e cuia. Segui as únicas coisas que me dão esperança e segurança: meus sonhos e o meu emprego.
Dei duro por ele, preciso dele e amo o que faço.
Jamais iria demiti-lo.
Bom... Essa sou eu em minha nova vida. Josephine Langford, vinte e cinco anos: quase falida, solteira e feliz como nunca estive. Morando e trabalhando em São Paulo, há dois meses, em um bairro antigo, arborizado e charmoso... A Vila Madalena. Um lugar gostoso cheio de gente, lojinhas, cafés, livrarias, restaurantes e bares. Pacato de dia e boêmio nas noites agitadas.
Pura sorte, eu diria. Consegui logo de cara, um apartamentinho charmoso em cima de um restaurante italiano familiar, o Vincenzo. Pequeno: quarto, sala, cozinha e banheiro. Eu me apaixonei pela banheira antiga, pela varanda-laje e amei a privacidade. A entrada é independente, pelos fundos do restaurante que por sinal, tem um quintal-jardim não utilizado. Simplesmente perfeito para uma pessoa que trabalha como paisagista e vive entre projetos, flores e plantas. Passei meus primeiros finais de semana na cidade ajeitando o lugar. Ficou lindo... Outra cara, outra vida!
Deus, como estou amando tudo isto!
Minha nova casa fica a quatro quadras do meu emprego. O que convenhamos, é uma mão na roda... Já que, o quase falida inclui não ter rodas. Isto mesmo minha gente, nada de carro para mim. Meus pés são meu transporte. Tenho evitado pegar o busão lotado, como chamam o ônibus cheio por aqui. A experiência foi terrível, minha bunda parecia pista de aterrissagem para mãos bobas.
Preciso lembrar de nunca ficar virada para o corredor do ônibus e sorrir para estranhos...
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Um Amor de CEO - Herophine
RomanceAos 25 anos, Josephine Langford, uma mulher decidida e pavio curto, decide radicalizar. Ela rompe com tudo que a sufoca e parte para um recomeço. Uma nova cidade, uma nova casa e novos amigos... A alegre e colorida Vila Madalena é o cenário simple...