Capítulo 79

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Josephine

A cordo vivinha da silva, com o coração apertado e farta de discussões.

Passei a noite inteira dividida entre abrir a porta e ir pedir desculpas, e descobrir o que cargas d'água deu em mim para me transformar em uma possessiva desmedida. Culpa da nossa relação não foi, porque gosto do jeitinho que estamos, mesmo que isto inclua as brigas.

Droga!

Ceder é tão complicado, meu lado racional diz que eu tenho razão. Hero errou me deixando no vácuo e errou em arrastar a situação com Khadijha. Mas fazer o quê, se meu coração anda um molenga e implora para eu deixar para lá?

Tadinho, não é culpa dele ser cercado de pessoas absolutamente malucas.

Difícil.

São sete e quinze da manhã, muito cedo para encarar outra DR. Sem sono, suspiro e arrasto meu corpo para fora da cama... Passo mais um tempo trancada no quarto arrumando uma pequena valise com tudo que eu possa precisar na viagem. Repensei minha decisão sobre Ilhabela. Conheço meu Anjo... se eu não for, ele não irá e a Fiennes precisa deste contrato. Talvez uma mudança de ambiente seja bem-vinda, tem gente demais interferindo em nosso relacionamento.

Sorrio quando encontro, no meio das minhas coisas, um maiô branco até que bem sexy e coloco junto na mala com mais três biquínis.

Saio do quarto e o apartamento está silencioso. Imagino que Hero ainda esteja dormindo e não quero ir fazer as pazes de cara inchada. Então, corro para o banheiro e depois de fazer minha higiene matinal, checar a validade da depilação e de uma ducha demorada, olho atentamente meu corpo no espelho. Meus seios estão mais pesados, mas fora isso, acho que até emagreci mesmo. O que vejo, faz meu humor melhorar... Deixo de lado os delírios sobre gordura e segura com a minha aparência, opto por uma roupa mais atrevida. Saia curtinha jeans verde, regatinha branca e um All Star vermelho, amarro uma bandana verde nos cabelos e uma jaqueta jeans na cintura, caso esfrie.

Colorida e com saudades, vou ansiosa até a sala atrás do meu anjo devasso. Ué? Nada dele só um bilhete em cima do balcão da cozinha

Amor

O sofá estava ótimo, minha coluna agradece. Seu celular continua desligado.

Bati na porta, mas acho que ainda está braba. Vou encontrar o velho Fiennes.

Volto ás dez. Te amo, sua carrasca. Nunca esqueça disso

Hero

Releio o bilhete e dou risada, seu sarcasmo é divertido. Fui carrasca mesmo em exigir que um corpo do tamanho do dele se encaixasse naquele sofá minúsculo. Preparo as coisas para um café, volto para o quarto e depois para a sala, trazendo a bolsa e minha pequena mala de viagem. Com uma xícara fumegante de café na mão sento no sofá, alcanço o celular e ligo o aparelho.

Há dezenas de recados antigos de Hero perguntando onde eu estava ontem e uma ligação de minha mãe de hoje cedo. Eva está inconformada, batendo na mesma tecla há dias... uma mesada mais recheada. Em sua mente deturpada, ela acredita piamente que eu esteja vivendo como uma princesa ás custas dos Fiennes. E como rainha, exige uma participação nos lucros, óbvio. Chegou a ligar para o meu advogado no início desta semana, sondando a possibilidade de ser beneficiada em um contrato de casamento. Disse a ele que saiu prejudicada na separação com Bernardo e quis se garantir desta vez.

Deus!

Como se ela tivesse algum direito!

Dou risada imaginando o escândalo que irá fazer quando descobrir que não tenho a intenção de casar e o menor interesse nos bens de Hero. Ignoro a ligação, chega de brigas enlouquecedoras.

Ligo para o meu Anjo.

— O que é agora? — atende furioso no segundo toque.

Levo alguns segundos para me recompor, esperava por sarcasmo não aspereza. — Ah... hum...oi. Eu só queria... hum ... Está ocupado? — pergunto já arrependida de ter ligado.

Enquanto decido se finjo que a ligação caiu, ouço-o soltar um profundo suspiro. — Oi, é você, amor? — limpo a garganta, respondo que sim e estranho. A menos que minha voz tenha sofrido uma mutação, sim sou eu. — Desculpa, amor. É a Josephine... — diz, pede um minuto para alguém e o som de uma porta fechando bate do outro lado da linha. — Só conversando com meus pais. — parece aborrecido.

— Algum problema?

Um silêncio incomodo vem dele e imagino que Thenka possa estar dificultando as coisas na clínica. — É a Tenka? — pergunto com cautela.

Suspira novamente. — Também, mas não quero que esquente a cabeça com isso. Tudo bem?

Seguro uma leve irritação por Hero não querer se abrir e contar o que está acontecendo. Respiro fundo lembrando que os Fiennes têm o direito de resguardar seus assuntos familiares. O que é justo... certamente, eu mesma não irei dividir com ele as últimas barbaridades da minha própria mãe. — Tudo. Senti sua falta quando acordei. — mudo de assunto querendo que saiba que estamos bem.

— Ôhoo, meu amor... Eu senti sua falta a noite inteira. — sussurra com a voz mais branda.

— Meu Anjo, desculpa pelas suas costas. — coloco a xícara de café intacta sobre a mesinha. — Não quero que me ache uma carrasca, prometo uma massagem caprichada para me redimir

Acho que ele sorri. — Te acho uma carrasca linda e braba, pode se preparar que eu vou cobrar com juros e multa.

Vou adorar que cobre. Faço biquinho mesmo que ele não possa ver e me jogo no sofá.

— Não vi sua mala, quer que eu arrume? A minha já está pronta. — jogo a deixa.

Agora ele sorri de verdade e de um jeito aliviado. — A governanta arrumou ontem e deixou no escritório.

Meu coração aquece com o som delicioso de sua risada, fico feliz por ele ter gostado da minha mudança de planos. —Vou pedir para o Rafael, trazê-la, então. Vai demorar?

— Não muito, só o tempo de encerrar com os meus pais. Eles vão sair daqui a pouco para ir visitar a Thenka. — seu tom volta a ficar aborrecido. — Alguma esperança quanto irmos de helicóptero?

Bufo teatralmente para que ele ouça.

— Não abusê, vomitar de pânico não combina com os meus planos sensuais para hoje. — digo rindo.

— Opa, longe de mim estragar seus planos, minha carrasca sexy. — ri bem mais animado. — Volto o mais rápido que puder. Daqui até Ilhabela são 4 horas de carro, não quero chegar tão tarde.

— Tá bom, vou terminar de aprontar umas coisas.

— Amor, eu te amo, nunca esqueça disso. — seu tom é ansioso.

— Eu sei, meu Anjo. Essa é uma das coisas que me faz amá-lo mais.

Toda a tensão entre nós vai embora. Desligo decidida a deixar de lado, o capitulo Mulheres loucas do Hero... por enquanto.

(Continua...)

Um Amor de CEO - HerophineOnde histórias criam vida. Descubra agora