Capítulo 70

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Josephine

(Continuação...)

— Eu te amo, vou sentir saudades.

— Eu também, meu Anjo.

Depois de me despedir de Hero e de Becca no heliporto desci para o 12º. Um sentimento de ciúmes me corroeu pelo resto da tarde. Tentei me concentrar nos esboços do parque aquático que iremos apresentar na segunda, mas quem disse que consegui. Passei o resto do dia de olho no celular na esperança de receber mais alguma mensagem além de: Caipira, vamos decolar... Vamos ter turbulência durante o voo. Vou desligar o celular, te amo.

Eu não deveria ter rejeitado tão rapidamente a ideia de viajarmos juntos. Eram só dois dias de trabalho, afinal. Josephine, burra! Burra! Burra! Ele tentando ser romântico e eu pensando na apresentação e nas reuniões. Afundo na cadeira lembrando como Hero parecera feliz ao me convidar e como seu rosto murchou quando disse que não poderia.

Ás 19 horas, depois de repassar a apresentação eu decido ir embora. Miguel passa para um tchau e ri ao me encontrar com a testa grudada na mesa. Ele me encara, cruzando os braços sobre o peito.

— Tudo isso já é saudade do seu CEO?

Levanto a testa e me endireito na cadeira. — Não. — rosno negando o óbvio.

— Vou tomar umas com a Toshiko, trabalhamos feito condenados esta semana, acho que merecemos. Quer vir?

Pondero por um segundo, mas recuso.

— O chefão não vai se importar que saia com seu amigo gay. — pisca divertindo-se com a situação.

— Não é por isso, tenho um dia cheio amanhã. Não acho uma boa encontrar minha não sogra de ressaca.

— Sogra na jogada? — Miguel assovia. — É mais sério do que imaginei.

Solto um grunhido frustrada, deixando minha testa cair de novo na mesa. — Pois é, a coisa toda cresceu sem eu me dar conta.

— E isso é ruim?

— Ruim não, só aterrorizante. — em pouco tempo ele se transformou na coisa mais importante da minha vida.

— Sei bem como é isso. — Miguel divaga. — Vamos, junte sua tralha e vamos viver um pouco.

Desço com Miguel, aviso Rafael que estou pronta e antes das oito, já estou sentada em meu sofá rosa em uma sala estranhamente vazia. Não quis ir ao café e disse para Estrela não vir. Hoje seremos, apenas eu, o Peixoto e o barulho do vento e do trânsito entrando pelas janelas.

Droga! Vai ser um tédio ficar aqui sem o Hero.

Vou até a cozinha e resgato uma garrafa de vinho. Estou entediada, solitária e ciumenta...

Eu mereço relaxar... Dane-se a ressaca.

O dia foi definitivamente intenso e ainda sinto o efeito das investidas selvagens de Hero em mim.

Ligo a teve e me acomodo...

Três episódios de Castle e uma garrafa de vinho depois, começo a me preocupar com o rumo da minha conversa com Peixoto... Digo a ele tudo que me vem à cabeça... Falo do tempo, do carro que tenho que ir buscar amanhã, do meu traseiro dolorido, da minha mãe querendo o dinheiro dos Fiennes, do e-mail que recebi de Bernardo e não contei a ninguém, de como ele disse estar arrependido por tudo que fez a mim e espera que eu seja feliz, de como a amiga do Hero é incrível, do tipo que até eu me apaixonaria em Paris... Falo... Falo... Falo... Até que noto que: ou Peixoto morreu ou está dormindo. Chacoalho o aquário e ele volta a nadar.

Um Amor de CEO - HerophineOnde histórias criam vida. Descubra agora