Capítulo 60

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Josephine

— Nossa, não está com calor? — olho para os coturnos que Estrela está usando junto com um vestido xadrez sem mangas e comprido.

— Não consigo usar essas coisas delicadinhas. — aponta para a minha rasteirinha nude. — Estava com saudades dos nossos momentos de fofoca. — Estrela sorri apalpando um tomate.

— Precisava de ar puro, já estava ficando cinza trancafiada naquele escritório.

Mesmo com o Miguel mandando super bem no lugar da Camila, estamos atolados com o tanto de projeto que está atrasado. — encho um saquinho com batatas.

— E o processo do assédio moral?

— Andando. — começo a separar umas cenouras, quando uma rajada de vento quase levanta meu vestido trapézio amarelo. Opa! Sorte que não é tão curto. Prendo o tecido entre as pernas e continuo minha batalha com as cenouras. — Ela tentou aquela jogada do desgaste emocional. Mas com tanto subordinado engrossando a lista das denúncias, o juiz acabou abrindo o processo. Vai demorar, mas dificilmente iremos perder uma causa como esta. Pena que muita gentê ainda faz vista grossa para este tipo de absurdo. — não consigo esconder um suspiro decepcionado. — Se as provas de abuso do chefe forem concretas e existirem testemunhas, não tem como perder. — explico pegando as batatas, cenouras e o chuchu que a assistente da barraquinha me entrega, e dou para Rafael colocar em uma das sacolas que ele insiste em carregar para nós — Mandou bem, Polaca! — Estrela dá dois tapinhas no meu ombro. — Tomara que ela aprenda a lição.

Franzo o nariz achando pouco provável. Pessoas como a Camila raramente mudam.

— A Senhorita Josephine, ganhou um bocado de respeito lá na empresa. — Rafael se intromete. — Virou musa das secretárias e estagiárias, tem gente até ficando loira e falando leitê quentê. — imita meu sotaque.

Olho feio para o seu rosto suado. — Parê de me imitar — protesto e ele cai na gargalhada junto com Estrela. — Só pararam de pegar no meu pé. — amenizo apesar dele ter razão, as pessoas mudaram comigo. Virei uma espécie de intocada, quase proibida: a namorada do chefe e aquela que não leva desaforo para casa. Os dois continuam a rir e eu me irrito. — Acho que este sol já está fundindo os seus miolos, grandalhão.

— Como essas roupas? Impossível. — enxuga uma gota de suor do rosto, mas vai para sombra.

Graças a Deus, que o Hero não é um daqueles fanáticos que obrigam a segurança usar ternos pretos, vinte e quatro horas. Meu Anjo superprotetor é adepto do estilo igualar para camuflar.

Ainda bem.

O sábado amanheceu especialmente ensolarado e o ventinho que bate, não está aliviando em nada o calorão de São Paulo em pleno Outono. A camiseta verde e a bermuda azul que Rafael está vestindo me fazem sentir menos mal por ele e por mim. Primeiro, porque minha sombra gigante não vai morrer de insolação e segundo, porque andar seguida por aí, por um segurança engravatado é a mesma coisa que grudar no peito uma placa...

Hey olhem para mim.

Rafael guarda os saquinhos de legumes de Estrela e pede licença para ir comprar um pastel. Ela paga seus legumes e segue para a barraca seguinte. — Cadê o Hero? — Ouviu a palavra feira e saiu correndo com o Mike. — dou risada.

— Juro que não entendo por que os homens detestam compras. Meu marido também sempre inventa uma desculpa. Olha só para isso...— gira os braços apontando para o ambiente descontraído, colorido e agitado. — Não tem nada mais delicioso que uma boa feira ao ar livre. Sentiu o perfume daquelas mangas?

Um Amor de CEO - HerophineOnde histórias criam vida. Descubra agora