Josephine
Um cheiro forte invade queimando minhas narinas. A sensação é horrível. Reclamo e levo a mão ao rosto na tentativa de afastar o incômodo. Abro os olhos como um zumbi drogado que volta à vida, me deparo com íris radiantes, chocolate mel, fixas em mim.
Uauuu. Lindas... Iguais às de Hero, mas não são as dele. Ele não usa este rímel incrível e tão pouco, delineador.
Retrocedo o zoom a fim de obter uma panorâmica do rosto bonito me encarando sorridente.
— Como está se sentindo, meu bem?
— Confusa e sonolenta. — forço-me a manter os olhos abertos.
Quem é esta mulher?
— É natural, a pancada foi feia. Vai ficar meio fora de órbita por um tempo. Tem um belo galo aí atrás. — sorri — À propósito, sou a Doutora Thina.
Doutora?
Observo a mulher de pé meu lado na cama. Ela parece familiar, acho que já a vi em algum lugar, mas a dor na minha cabeça e o sono impedem pensamentos mais profundos e investigativos. Ela ajeita o lençol que me cobre, olho para baixo e congelo...
— Minhas roupas... — gaguejo.
Sorri de um modo maternal. — Fique tranquila, expulsei o Hero e o Mike do quarto antes das enfermeiras te trocarem.
Meu corpo enrijece...
Hospitais me dão urticária e lembram os piores momentos da minha vida. Inspiro lentamente... Poucas coisas me abalam e estar deitada em uma cama, com agulhas enfiadas em minhas veias é uma delas. Isto é mal, muito mal... E um exagero. Dou uma checada no ambiente e no quarto luxuoso em que estou.
— Deve haver algum engano, não creio que meu plano de saúde...
— Não se preocupe com isto. — a doutora interrompe.
— Mas eu tenho que me preocupar com isto...
— O Hero já cuidou de tudo — interrompe novamente.
— Mas ele não...
— Josephine — interrompe pela terceira vez e começo a me irritar. — Quando um paciente chega desacordado a primeira medida é comunicar os parentes próximos. Não encontramos nenhum, o Hero assumiu a responsabilidade. Precisávamos de autorização para fazer uma tomografia, é o protocolo no caso concussão craniana seguida de desmaio.
Meu plano não cobre uma tomografia!
— Sangue em excesso e dentes sendo cuspidos me fazem desmaiar. — explico, já irritada. — Doutora, estou me sentindo ótima. — minto. — Pode fazer o favor de me liberar? Não tenho como arcar com estas despesas e estou preocupada, na certa, devo alguma explicação à polícia.
— O Hero e o Mike estão lá fora resolvendo tudo. — toca meu braço e checa as intravenosas ligadas a um soro que pinga lentamente. — Hoje você passa a noite aqui, mas para liberá-la, vou precisar de um responsável que fique de olho em você nas próximas 48h.
Há um pequeno edema entre o córtex e o crânio, em 90% dos casos o próprio organismo absorve, mas podem ocorrer alguns desmaios.
Diacho!
Que parte do nem ferrando eu fico aqui, ela não entendeu?
Suspiro irritada. — Olhe Doutora, sou nova em São Paulo, não tenho parentes na cidade e juro que estou perfeitamente apta para tomar conta de mim mesma. Não pode me manter aqui contra a minha vontade.
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Um Amor de CEO - Herophine
RomanceAos 25 anos, Josephine Langford, uma mulher decidida e pavio curto, decide radicalizar. Ela rompe com tudo que a sufoca e parte para um recomeço. Uma nova cidade, uma nova casa e novos amigos... A alegre e colorida Vila Madalena é o cenário simple...