Hero.
— Campeão, isso aí ainda está feio. Tem certeza que não quer adiar?
Paro de coçar o queixo e toco a ferida abaixo do olho. Ainda não está cicatrizada, mas com certeza, muito melhor.
— Nada de adiar. Quero a pessoa responsável fora da F&C o quanto antes, Shane. Sentado do outro lado da minha mesa, ele apenas consente. Sabe que preciso fazer isso. Quando meto uma coisa na cabeça, não desisto. É minha autoridade que está em jogo e não brinco nos negócios. Nunca. Odeio ser feito de idiota e isto acaba aqui. Shane é o diretor da filial São Paulo, além de meu melhor amigo e primo. Definitivamente, é meu braço direito e tornou-se indispensável para manter o equilíbrio na administração dos negócios.
Eu coloco fogo e ele apaga. Sempre foi assim. Eu explodo, ele abafa.
Nós dois estivemos trabalhando da minha casa estes dias. Foi até bom ficar afastado, pois a nossa investigação é sigilosa. Analisamos uma tonelada de fichas e orçamentos. Cruzamos dados, orçamentos, projetos e nomes. Fomos buscar reforços com diretor financeiro e depois, a Natalia, nossa secretária, também entrou no bolo. Ela pode parecer meio doida, mas é um cão farejador. Fuça e descobre tudo o que precisar e o melhor, tem ouvidos em todos os corredores da Fiennes.
Levanto-me e abotoo o terno cinza claro. Essa cor sempre me traz sorte. Arrumo o nó da gravata de seda azul estampada com losangos. Abro a gaveta e alcanço meu novo brinquedo colocando-o no pescoço.
— Campeão, para que isto? — gargalha. — Está ridículo!
— Passo tempo demais trancado na minha sala. Tenho mais de oito mil funcionários que nunca viram meu rosto. Mas isto vai mudar, pretendo circular e marcar presença. — puxo o cordão ao redor do pescoço. — Isto aqui é meu passaporte.
— Sei ... Demarcar território no 12º andar, eu suponho. — debocha e não digo nada, o bastardo me conhece. — Sabe que seu elevador pessoal lhe dá acesso a tudo, né? — levanta a sobrancelha escura. — Qual foi a última vez, que andou em um elevador lotado ou pegou fila em uma catraca?
Sorrio para ele enquanto saímos da sala. — Nunca, primo. Mas, estou ansioso para
começar a me aventurar neste território selvagem.Caminhamos pelo corredor em direção a sala de reuniões. Shane bate em minhas costas e depois, aperta o meu pescoço. Mais velho que eu quatro anos, ele sempre teve uma postura protetora comigo. O irmão que escolhi para a vida. — Ah, moleque! A tal loirinha terrorista mexeu mesmo com você. Nada como um banho de merda para fazer um homem acordar! Tem certeza, que é uma boa ideia?
Caralho...
Como mexeu!
Nenhuma mulher jamais, me desafiou ou me tratou de igual para igual como ela. Não consigo tirar aquela caipira pavio curto da cabeça. Minha curiosidade foi atiçada a níveis nucleares e acho que não foi uma boa ideia, olhar os seus arquivos. Uauuu! A mulher é um crânio, fez uns projetos realmente bons e é subvalorizada na empresa. E, absolutamente deslumbrante sem toda aquela sujeira na cara.
Respiro fundo, passando a mão no cabelo. — Há dez dias, que não tenho certeza de nada. Minha cabeça deu um nó. — confesso. — Estou muito impressionado. Quando a ver, vai entender. Só que essa é minha, entendeu? Nada de jogar esse seu charme grego ultrapassado para ela.
Ele gargalha e dá um tapa em minha cabeça. — Sabe que se decidisse entrar nesta disputa, não teria a menor chance, né? Sempre fui o mais charmoso da família. — brinca — Mas relaxe Campeão, já tenho minha morena. Estou fora destas aventuras de escritório. Corro em pista exclusiva agora, game over para mim.
Retribuo o tapa, antes de entrarmos na sala de reunião. — Quem diria, Shane Fiennes foi abatido.
— Totalmente. — rimos e ele abre as portas duplas.
Estranho ao ficar subitamente, ansioso e animado.
Shane entra e em seu habitual modo discreto e começa a cumprimentar os diretores sentados à mesa. Dou uma visão geral na sala e encontro logo, quem me interessa. A Caipira de costas para mim, em pé ao lado do balcão de café. Daqui, tenho uma visão privilegiada dos contornos femininos do seu corpo bonito.
Gostosa!
Aquele macacão largo não fez jus ao espetáculo que ela é. Faço uma inspeção a jato, começando pelas panturrilhas valorizadas em um salto alto. Que bunda é essa? Redondinha e empinada, bem abaixo de uma cinturinha de bailarina. Os longos cabelos loiros clarinhos estão soltos e limpos. Brilhando e caindo ondulados pelas costas.
Lindos e longos!
Agradáveis de se ver.
Nada do que eu pudesse ter imaginado, seria melhor que isso. Deslumbrante para cacete! E, quanto mais olho, mais sexy ela fica. Eu me animo... Muito. E meu amigo dá sinal de vida em minha virilha.
— Fiennes!
Sou pego desprevenido e obrigado a interromper minha inspeção ao ser notado. Cumprimento o diretor de Marketing, que vem falar comigo. Depois, a intratável da Camila que chega animada. Tento me esquivar de seu abraço de polvo, não consigo. Franzo o nariz ao sentir seu perfume doce e exagerado. — Nossa, Hero, esse machucado está feio, querido.
— Não é nada. — respondo sem a mesma empolgação e por cima de sua cabeça ruiva, espio novamente meu alvo
Mas que porra é essa?
Meu estado de animação dá uma guinada de 180º graus. Ainda parado na porta, assisto a cena à minha frente, com o olhar gelado. Um bastardo que não tem noção do perigo, coloca a mão no ombro da Caipira... Ela parece nervosa e deslocada. Depois, o idiota engomadinho serve uma xícara de café, oferece e Josephine aceita sor-rin-do!
Minha mente brilhante relembra pela milésima vez, cada uma das expressões de Josephine, no dia da mangueirada... Medo, nervosismo, sarcasmo, raiva, indiferença, mal-estar... Até um pouco de ódio. Merda! Um aperto no peito se instala, mas não sei bem o que é. Algo que beira a raiva ou talvez indignação. Tudo bem, que posso ter sido um tanto cretino, mas... Por que este babaca merece suas gentilezas, quando eu só recebi patadas? Maldição!
Livro-me dos braços de Camila, fechando a porta, não tão delicadamente. — Boa tarde, senhores. Desculpem-me interromper o chá das cinco, mas foram convocados para uma reunião. — um alvoroço se forma. — Não para uma confraternização da firma. — lembro em alto e bom tom.
Foda-se!
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Um Amor de CEO - Herophine
Любовные романыAos 25 anos, Josephine Langford, uma mulher decidida e pavio curto, decide radicalizar. Ela rompe com tudo que a sufoca e parte para um recomeço. Uma nova cidade, uma nova casa e novos amigos... A alegre e colorida Vila Madalena é o cenário simple...